quinta-feira, dezembro 28

Boas Festas

Agora só dá tempo para um Feliz Ano Novo. Dia 2 de Janeiro, se a BR101 permitir, estou de volta. Um grande abraço para todos os amigos do Morana. Espero que tenham uma boa virada de ano e que 2007 seja mais leve e livre para todos nós do que foi 2006.

quarta-feira, dezembro 20

"Vou ali carnear uma ovelha e já volto." (Do Vertigo, 2)

"E agora me quiedo meio sem perspectivas diante de uma esquerda cada vez mais enfraquecida. No resto do país, o neopopulismoenganapovo cresce assustadoramente e ocupa 398 prefeituras no país. As tentativas de mobilização global com o Fórum Social parecem ter esbarrado em si mesmas e os movimentos anti-qualquer coisa já não tem o peso indicativo de mudança que tinham há pouco. Enquanto isso, nossos amigos listrados escolhem entre o sujeito claramente comprometido intelectualmente que diz que vai acabar com o mundo e o rosto bonzinho que pratica windsurf e que não fará nada muito diferente disso.

Vou ali carnear uma ovelha e já volto. Vocês perceberam que os jacarandás começaram a florescer?"

(Por Gabriel Gomes Pillar, em 4.10.2004)

Do Vertigo

"Fui. Não volto. Valeu por tudo.
Assim mesmo, em bloco, pra passar desapercebido. A primeira coisa que fiz foi pegar a bicicleta e sair a andar pela cidade. É impressionante como as tardes em Porto Alegre podem ser agradáveis. Poucas pessoas na rua, sento pra tomar um café, ler uma revista e até encaro um sessão de cinema depois. Uma não, foram três na semana - um recorde comparado com as parcas visitas às salas de exibição nos ultimos meses. A tendinite no braço direito começou a melhorar, e chega dez da noite e não estou mais caíndo de sono. Continuo dormindo até tarde, mas isso está tão impregnado em mim que vai dificil mudar tão cedo. Estou feliz, contente com a vida e com os planos para o FUTURO. Aos poucos tiro o pó da lista de projetos interrompidos. Mas não nessa semana. Quero passar alguns dias assim, fazendo nada, e me preocupando com menos ainda. Tomo outro café, tenho uma vontade incrivel de comer algo doce, e fico ali sentado, olhando o movimento da rua."
(Por Gabriel Gomes Pillar, em 13.06.2005)

terça-feira, dezembro 19

Vou passar a noite em Sintra

Depois de dizer que guia sozinho, "quase devagar", e que lhe parece que segue por outra estrada, que segue sem haver deixado Lisboa e sem ir a Sintra, o poema vai assim:

"Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida..."

Poesias de Álvaro de Campos - [463] 11-5-1928

Familiar, não?

"Ao volante do Chevrolet"

Dias atrás saí da Cesma pensando nuns versos de Fernando Pessoa, que lembrava apenas vagamente. Versos raros, nos quais o poeta descreve seus sentimentos, dirigindo um automóvel de Lisboa até Sintra; versos raros, nos quais o poeta declina a marca do carro que dirige; o poema começa assim:
"Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra, ao luar e ao sonho, na estrada deserta, sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco me parece, ou me forço um pouco para que me pareça, que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo, que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter, que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?"
Por duas vezes Pessoa fala no Chevrolet, que tem emprestado, apenas: "Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio? Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite, guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente, perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço, e, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível, acelero..."
Lembrei desse poema de Pessoa, caminhando nas proximidades da Cesma, porque fiquei pensando se havia sido justo no meu comentário sobre o início do livro de Lion Goya, "Projeto AIC-Metamorfose", do qual disse que havia empacado por causa da sigla da caminhonete GM-S10. Afinal, a General Motors nada mais é do que a fabricante do venerável Chevrolet (A GM usou esse poema numa peça publicitária aqui no Brasil, faz muitos anos!), e nunca reclamei para mim mesmo do Pessoa usar marca de carro no seu poema.
Pensado isso, fiquei quieto, nesses dias de poucas palavras, mas não deixei de pensar, em mais de uma vez, se não teria eu sido um tanto quanto impertinente na minha postagem.
Hoje recebi um mail do Lion Goya. Transcrevo.
"Caro Ronai,
É com satisfação que vejo o comentário do meu livro no seu blog. Pena não teres tido saco para continuares lendo, quando empacaste, segundo o seu próprio termo, na sigla GM S10 (GENERAL MOTORS modelo S10). A contextualização do cenário em ambiente local e no Brasil foi um das minhas opções. É impossível agradar a todos. Outros, parece que é possível...
Olha que interessante o que foi publicado sobre o meu livro no jornal da tarde em São Paulo, que está disponível no site da CBL (Câmara Brasileira do Livro).
http://www.cbl.org.br/news.php?recid=4400&hl=conspirações%20made%20in%20brazil
Se estiveres interessado em realmente ler todo o livro e quiseres um exemplar para isso, posso pedir para os meus editores te enviarem um. E se as siglas te incomodares vai enviando e-mails que posso ir te traduzindo. Já que pareces ter, pelo menos com siglas, dificuldades.
Abraços,
Att
Lion Goya"

Agradeço a atenção. De fato, tenho muitas dificuldades, a maioria invencíveis, azar meu; conheço bem siglas de automóveis, infelizmente; é mais o detalhismo da sigla que me incomoda; mas o que me incomodou mais, desde a caminhada na Cesma, lembrando o chevrola do Fernando é ter fixado minha atenção em um detalhe na verdade insignificante diante do empreendimento como um todo. Aceita meus cumprimentos pelo teu trabalho, Lion.

segunda-feira, dezembro 18

Filosofia no Peies

A partir de hoje está aberta oficialmente a temporada de avaliação da presença da Filosofia no Peies. Foram oito questões; elas não tem conexão com as demais (ao contrário do que pode ocorrer no Vestibular), mas apontam, em alguns casos, para temas transversais. Esses temas transversais, na maioria dos casos, são simples e pedestres, como é o caso da questão sobre "Morte e Vida Severina". Ainda não tenho uma cópia da questão para transcrevê-la aqui e explicitar a transversalidade nesse caso.
Apenas duas pessoas, professores de filosofia em cursinho e escola, comentaram comigo a prova; disseram que os alunos não se assustaram, que alguns até mesmo gostaram da prova.
Vamos ver.

segunda-feira, dezembro 11

quarta-feira, dezembro 6

Cidades Híbridas


O site da Universidade Federal do Rio do Sul (www.ufrgs.br.lmic/blog) hospeda, como homenagem, a monografia de conclusão de curso que o Gabriel defenderia na tarde de ontem. O trabalho chama-se "Cidades Híbridas: um estudo sobre o Google Earth como ferramenta de escrita virtual sobre a cidade". No horário programado para a defesa, a Fabico fez uma homenagem ao Gabi. A banca foi composta, um dos membros leu o resumo e a conclusão do trabalho e depois deram depoimentos sobre o Gabriel. O orientador do trabalho foi o Prof. Alex Primo, no centro da foto.

Gabriel Gomes Pillar

Os leitores deste blog conhecem o Gabriel. Desde que surgiu, Moranafilosofia tem um link ao lado para "fell the vertigo", o blog do Gabriel; em fevereiro, fiz duas postagens falando sobre ele, e numa delas inseri uma foto, mostrando-o na operação de uma camera de vídeo, no Rincão do Inferno.
Na segunda-feira, de madrugada, Gabriel morreu em um acidente de carro, na descida da Mostardeiros, em Porto Alegre.
Gabriel foi meu incentivador de primeira hora nestas lidas de redes, grosso que sou nesse mundo das virtualidades. Não foi apenas o sobrinho querido ou meu herói familiar da blogosfera quem perdi, pois o parentesco havia virado amizade e a amizade trouxe junto aprendizados e trocas, vinhos e risadas.
Gabriel inaugurou a moda, desde pequeno, de não chamar a gente de "tio". No início estranhei. Depois acho que compreendi. Depois, depois, agradeci.
Hoje é esse buraco na vida.

domingo, dezembro 3

A carroça da Veti


Enquanto a Jai segue em frente, a carrocinha que faz propaganda do churrasco da Veterinária passa em frente ao prédio 74.

sexta-feira, dezembro 1

Sobre adolescentes

Na segunda-feira, 4 de dezembro, às 14h, no Centro de Educação (sala a definir, mas podem se dirigir à sala 3278B), acontece o colóquio sobre "Adolescentes e Identidade: Perspectivas Psicanalíticas Atuais", apresentado por Adriano Oliveira, membro da linha de pesquisa II Educação Política e Cultura do mestrado em educação.

quinta-feira, novembro 30

Bacharelado Interdisciplinar

João Carlos Salles alertou, na palestra da terça-feira, para uma proposta de criação de bacharelados interdisciplinares. A proposta surgiu na UFBahia e será debatida pelas universidades federais, a partir de amanhã, em Salvador, com a presença do ministro da educação. A idéia de alguns reitores tem uma cereja bonita no meio: acaba com o vestibular; usando-se a nota do Enen, entra quem quiser, para fazer um curso de bacharelado em três anos, em grandes áreas: Ciências da Matemática, Ciências da Vida, Saúde, Humanidades e Artes; depois de terminar esse basicão, o aluno pode concorrer, com seu histórico, a uma vaga em sua carreira final. Se a média não der, ele já tem um diplominha.
O Reitor da UFBa quer começar com essa modalidade em 2008.
Os Departamentos de Filosofia estão em polvorosa. Com isso, voltariam a ser grandes departamentos de serviços, pois todo mundo teria que fazer cursos de Filosofia, no tal basicão.
A coruja vai ter que abrir o olho.

quarta-feira, novembro 29

A notícia que sumiu

No dia 28/11/06, a página da ufesm publicou uma notícia com o título "Universidades Federais estudam mudanças no sistema de ingresso para alunos". Depois, a notícia sumiu. Alguém viu onde anda?

Bicho papão

Deu na página da ufesm: que até o início da tarde de terça-feira, dia 28, haviam apenas 5.803 candidatos inscritos ao Vestibular da casa. No caso da Unipampa a tragédia é grande: apenas 312 inscrições para 520 vagas.
Para quem é de fora, convém lembrar: anos há nos quais o vestibular da UFSM atrai mais de vinte mil candidatos; uma média de 10 anos deve andar em torno de 14.000. Quando a inscrição custa pouco, atrai o jovem que quer treinar e está apenas no primeiro ano; quando a prova coincide com as demais federais, vem pouca gente. Este ano é esse o caso e a inscrição custa 75 paus.
As explicações institucionais são essas, segundo a página da ufesm:
"Segundo o professor Dario Trevisan de Almeida, presidente da Comissão Permanente do Vestibular (COPERVES), uma das possíveis causas, que contribui para a redução do número de candidatos ao Concurso Vestibular da UFSM, é o grau de dificuldade das provas com a inserção da disciplina de Filosofia, associada à formatação das provas, que vem sendo utilizada nos últimos anos."
Mal abriu as asas e já virou bicho papão, a corujinha de Minerva.

terça-feira, novembro 28

Orquestra


No final, havia, como sempre, previsão do bis. Foram quatro músicas. O público aplaudia e ficava parado, esperando mais uma.

João Carlos e João Carlos


João Carlos Brum Torres falou primeiro, no início da tarde. Atual secretário de planejamento do RS, professor da UFRGS, uma das poucas grandes cabeças da filosofia política no Brasil, João Carlos apresentou o que considera ser a primeira versão de um ensaio sobre como podemos pensar a experiência do século vinte; a sala estava lotada, com gente em pé no fundo e nas portas; e a recompensa foi uma aula sobre como se pode filosofar com rigor e paixão sobre um tema tão abrangente. João Carlos deteve-se principalmente nas mudanças de nossa forma de pensar a natureza (e o que poderia ser um "novo naturalismo") e nas mudanças de nosso entendimento sobre a noção de sujeito, as novas formas de sociabilidade e política emergentes. Foi ousado e brilhante. No final da tarde João Carlos Salles, atual presidente da Anpof e professor da UFBa, contextualizou o documento das "Orientações Curriculares" do MEC, do qual é um dos autores, mostrando que algumas características do mesmo tem a ver com o momento no qual foi redigido, quando ainda não havia esse quadro atual da obrigatoriedade da disciplina. Entre muitas coisas importantes que foi revelando, incluiu algumas opiniões muito pertinentes sobre a presença da Sociologia junto à Filosofia, na resolução do CNE.
Uma tarde e tanto.
Para encerrar, já na noitinha, um concerto da Orquestra da Universidade.

domingo, novembro 26

O café da Cesma


Em primeira mão para o mundo: uma espiada no espaço do Café da Cesma. Tratava-se de uma sessão experimental, na qual o distinto público visto na foto era cobaia.

Santa Maria


No Flickr tem mais uma foto desse tipo. Para minha surprêsa, já não é mais nenhuma aventura fazer um passeio no Morro da Antena. Na verdade dá para convidar a patroa e tomar um chimarrão de fim de tarde, sem riscos. Na antena da Brasil Telecom há vigilância 24 horas. Conversei com o guardinha de plantão, Ricardo, que me contou que as visitas aparecem durante toda a semana, para apreciar a vista, como se diz. Um rapaz de São Pedro costuma vir ali para praticar asa delta, pois há uma pequena rampa para isso. Para ir até lá basta sair para São Martinho e tomar a direita na placa que diz algo como "Sitio Gaúcho", onde há uma estrada com calçamento. Siga o mesmo. Evite esse passeio em dia de chuva, pois a pedra vira um sabão.

sábado, novembro 25

Solidão

Simples assim: um velho conhecido, solito num lugar qualquer do interior do interior do érreesse, começa a pensar sobre o mais antigo dos temas, "quanto é o bastante?", toma umas e outras e uns remédios fortes e decide pular para fora da ponte da vida, me conta um amigo mais próximo. No caso da Vida e Morte Severina, quem lembra?, a mulher vem avisar o nascimento de uma criança e com isso dá a resposta. No caso do conhecido, algo parecido ocorre, amigos lembram e convidam para um jantar. Como nunca disse Aristóteles, para ficar em solidão convém ter boa solidez.

Mezzomo


Este aí da foto é o Mezzomo. Mora no fim da estrada de Val Feltrina. Rogério e Diana, quando vierem a Santa Maria, em Janeiro, não deixem de visitá-lo. Na propriedade dele há uma das mais belas cascatas da região. É só pedir que ele deixa montar uma barraca para passar uma noite na beira do riacho. Na parte de cima da montanha fica a casa de pedra do Prof. R. R. R.. Vale a caminhada (Postei uma foto panorâmica de Santa Maria no Flickr, para matar a saudade ou apresentar a cidade para quem não conhece).

Lion Goya

Quem entra na Cesma vê os cartazes de lançamento do livro de um autor chamado Lion Goya, "Projeto AIC - Metamorfose". O nível do material é de primeiro mundo. Disseram-me que Lion Goya é o pseudônimo de um escritor bocamontense. Tratar-se-ia de um psiquiatra, residente em Santa Maria. Fiquei contente. Quem não ficaria, ao saber que no edifício ao lado pode morar um sujeito que gastou horas de sua vida escrevendo um romance, bem promovido, etc. Bom, o livro parece explorar o mundo ficcional, etc, círculos em plantações, etc. Comecei a ler com toda a boa vontade, mas tranquei no início. No primeiro parágrafo me aparece a seguinte frase: "Tinha estacionado a sua caminhonete GMS10 próximo da estrada".
No meu tempo de guri eu gostava de brincar com siglas de caminhões: gemecê, fenemê, fordeco. O autor do "Tratado Ontológico das Bolas do Boi", (lapandorga.com.br), quando se refere às caminhonetes, se permite brincadeiras como "mitsubicho".
Essa indexação, "GMS10", em um romance, trancou meu olho, empaquei.

Gabriel Neves Camargo

Falando na Cesma, hoje de manhã teve o lançamento, com autógrafo, da novela de Gabriel Neves Camargo, "A História do Goleiro Inviolável" (WS Editor, RS 28,00).
Para que não conhece, Gabriel morava aqui na Tuiti, entre a Valandro e a Duque, numa daquelas casinhas geminadas, e era estudante de Medicina, quando o conheci, nos idos de setenta, "tempos de poesia e militância", ele escreveu na dedicatória. Escrevia como poucos, conversava como ninguém, madrugadas a fio, e sua mãe, dona Maria Emília, fazia um cafezinho maravilhoso. Hoje Gabriel é psiquiatra poderoso em POA, e lança seu primeiro romance. Comecei a ler hoje de tarde e meu sentimento foi que Santa Maria, tão cantada em verso, pouco conhecida em prosa, ganha uma novela de respeito. A história de Félix Ubíquo Antunes Liberato começa em Santa Maria, e a prosa de Gabriel, como já se sabia pelos textos dos anos sessenta ("As Renas Inebriadas"), é muito - muito mesmo - boa.

Café da Cesma


Em algum dia de Dezembro entrará em funcionamento o Café da Cesma.
É da gente se beliscar.
Cinco mesas, para começar, cadeiras altas no balcão, cafés diversos e variados, capuccinos de todas as nacionalidades e uma concessão, long neck para os perdidos. Tudo isso, ali no segundo andar da Cesma, wireless available.
É de se beliscar.
Repara só no desenho exclusivo da xícara. Com xis. Dentro dela tinha um expresso.

JAI

Desde a posse do novo chefe do Centro de Pesquisas do INPE, Prof. Celso Aramis, até altas filosofias sobre ensino de Filosofia, de terça a quinta, o prédio 74 vai ser um dos centros da JAI. Sobre a posse do Prof. Celso, espera-se que tenha um fim o queremismo comprado pelo Diário de Santa Maria e pela Zêagá, que embarcaram no lobby em defesa das tais antenas; quem chega por último ouve pior. Quêsevaifazer? Livrou-se a Razão, que foi com menos sede ao pote do queremismo fora de época.

segunda-feira, novembro 20

Ensino de Filosofia


O presidente da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia, João Carlos Salles Pires da Silva, palestra na Jornada Acadêmica Integrada (JAI), sobre os "Rumos no ensino da filosofia no Brasil". A palestra será no próximo dia 28, na sala 2374 do prédio 74 do campus (prédio novo do CCSH), às 18 horas.
João Carlos é o atual presidente da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF). Doutor em Filosofia pela UNICAMP, tem se dedicado à obra de Wittgenstein.
João Carlos Salles apresentará as novas orientações curriculares do MEC para o ensino médio, que afirmam um tratamento disciplinar e obrigatório para a filosofia. Nesse sentido, procurará mostrar traços relevantes dessa proposta, a exemplo de sua sintonia com processos de avaliação da atividade filosófica em todos os níveis de ensino, procurando também alertar contra certos riscos que cercam sua implantação.

quarta-feira, novembro 15

Filosofia na Folha, 2.

Agora transcrevo um trecho da entrevista de Roberto Machado
"FOLHA - O sr. concorda que parece haver pouca criatividade filosófica no Brasil? Qual é a explicação possível para isso?
ROBERTO MACHADO - A pergunta é boa, mas exigiria uma resposta que não sei se sou capaz de dar. De todo modo, o que posso dizer é que o trabalho para esse livro foi muito formador. Porque fui capaz de comprovar, com relação a mim mesmo, uma coisa que considero uma deficiência dos estudos filosóficos no Brasil. Caímos numa perspectiva de especialistas num período, num autor, e até mesmo especialistas num livro.
O que me chama a atenção é que em geral as pessoas restringem o seu universo ao daquele filósofo eleito como um paradigma do que seja filosofar. E não se chega nem ao estudo daqueles com os quais ele tem uma relação profunda.
Uma grande lição que comprovei com esse estudo é que não se começa do nada. Não existe tábula rasa -sempre se pensa a partir do que outros pensaram. O interessante para mim, na leitura desses documentos sobre a tragédia e o trágico, foi a demonstração de que é sempre com pequenas reapropriações, com pequenas torções que, dentro de uma região de idéias já produzidas por outros, se chega a um pensamento novo, diferencial. Um bom exemplo disso é de como Schelling retoma a teoria do sublime de Schiller -profundamente marcada por Kant- numa perspectiva metafísica.
Creio que uma das dificuldades da filosofia brasileira é que em geral abdicamos de pensar filosoficamente para fazer unicamente história da filosofia. A filosofia brasileira, mais ou menos até a década de 60, me parece ter sido marcada por um ensino doutrinário, aquele que privilegia um sistema filosófico como verdadeiro, o expõe como um conjunto de teses e situa, a partir dele, os outros sistemas como erro, desvio, ignorância.
Ora, com a importância que adquiriu a pós-graduação no Brasil, a partir do modelo da USP, para combater esse modelo, representado principalmente pelo tomismo, as pessoas se preocuparam menos em fazer filosofia do que em saber filosofia, em assimilar com rigor a filosofia dos outros. O conhecimento dos filósofos é importante, e até mesmo indispensável, mas a filosofia não pode ser reduzida a isso. O conhecimento da história da filosofia é uma condição necessária, mas não uma condição suficiente para que alguém se torne filósofo.
FOLHA - Esse modelo da USP era explícito, não é?
MACHADO - Sim. É muito fácil você encontrar um filósofo que diga: "Não sou filósofo; sou historiador da filosofia". Defende-se o rigor, mas ousa-se pouco. O que mais se precisa na filosofia brasileira é de coragem. Esse livro que escrevi é mais temático do que monográfico.

Filosofia na "Folha"

A Folha de S. Paulo trouxe ontem duas páginas da Ilustrada sobre Filosofia. A matéria tratava do lançamento do livro de Roberto Machado (UFRJ), "O Nascimento do Trágico - de Schiller a Nietzsche", pela Jorge Zahar. "En passant", a matéria trata das transformações no estilo da filosofia no Brasil. Há uma longa entrevista com o Roberto e uma matéria com Renato Janine Ribeiro, sobre vigor e rigor na "Academia".
Transcrevo uns trechos. Vou pregar o jornal no mural do Curso, na quinta-feira, para quem quiser ler tudo.

"Academia ganhou rigor, mas carece de vigor, diz filósofo.

Há falta de atrevimento e de vigor na filosofia brasileira, afirma o professor de filosofia da USP Renato Janine Ribeiro.
Como Roberto Machado, ele diz que o método de leitura rigorosa de textos filosóficos praticado na USP nos anos 50 e 60, que privilegiava trabalhos monográficos e especializados, é hoje o modelo de cursos de pós-graduação em filosofia em todo o país.
Ribeiro lembra, no entanto, que tal método, em princípio, foi positivo. "Foi uma etapa que talvez tivesse que ter sido necessária. Qual era o contraste que você tinha no Brasil? Uma idéia de filosofia que era muito eclética, muito baseada em generalidades. Então creio que era preciso ter um rigor que foi realmente necessário", declara.
"Foi uma coisa positiva, mas trouxe algumas falhas. A área acabou dando importância demasiada à questão dos autores. A discussão de idéias é muito rara na filosofia hoje."
O problema, continua, é que "o método virou princípio". De todo modo, ele afirma que já havia na prática da filosofia daquele período, quando era aluno, "um pressuposto estranho". "Havia uma convicção de que o tempo de filosofar tinha passado."
Num livro da década de 90, "Um Departamento Francês de Ultramar" (Paz e Terra), o filósofo Paulo Arantes diz que o "Método" (assim, com maiúscula) "incluía uma cláusula restritiva severa": "deixemos a filosofia para os filósofos".
A leitura rigorosa e a análise não-dogmática dos textos tornava a falta de idéias na filosofia brasileira uma questão de método, ou, melhor dizendo, quase um objetivo do método.
(...)".

segunda-feira, novembro 13

Colhedores


Fabrício capricha no teclado. Tem mais no Flickr.

Ensino de Filosofia: VII Simposio Sul Brasileiro

A VII edição do Simpósio Sul Brasileiro sobre o Ensino de Filosofia: Filosofia e Sociedade, terá lugar em Porto Alegre, na PUC-RS, nos dias 09 a 11 de maio de 2007, com prazo para subscrição de propostas de comunicações até 11 de março de 2007.
As propostas de comunicações devem ser enviadas para sergioasardi@uol.com.br

domingo, novembro 12

Cesma in Blues

Coloquei algumas fotos do Cesma in blues no Flickr (http://flickr.com/photos/ronai). Fiquei pensando se haverá melhor edição que essa. Os meninos da Filosofia, Arthur e Fabrício, tiveram posição de destaque: palco principal, terceira banda a se apresentar. Foram muito bons, muito aplaudidos, gostei demais.
Está confirmada a vinda do João Carlos Salles Pires na JAI, no dia 29, para falar sobre ensino de filosofia. Em breve dou mais detalhes, sala e hora. Será a oportunidade de se fazer um bom debate com quem está por dentro do assunto. JC foi um dos autores das "Orientações Curriculares" do MEC e é o atual presidente da Anpof.

segunda-feira, novembro 6

Livros na Cesma

Estou anotando e passando para o Télcio.
Gi: está encomendada uma seção "Wittgenstein". Vamos procurar ter tudo o que está saindo em português. Vale a dica para fazer o mesmo com Foucault.
E um Nietszche completo. Chiii, onde vai parar essa estante?
Tem boas novidades encomendadas: uma tradução do "Mind and World" do John McDowell, feita pelo João Virgilio. A mesma editora está na rua com "Idéias", de Husserl e promete os dois volumes da Filosofia da Psicologia do Wittgenstein. E uma nova tradução para o português do William James, "Variedades da Experiência Religiosa".
E vamos fazer esse cantinho de material para as aulas, também.
Aguardo outras sugestões.

Velas

Os dias do futuro encontram-se diante de nós
como uma fileira de pequenas velas acesas -
pequenas velas douradas, quentes, e vivas.

Ficam para trás os dias passados,
uma triste linha de velas apagadas;
as mais próximas exalam fumaça ainda,
velas frias, derretidas, e curvadas.

Não as quero ver; me entristece sua forma,
e me entristece lembrar de sua primeira luz.
Adiante olho minhas velas acesas.

Não quero voltar para ver e horrorizar-me
que rápido a linha sombria se alonga,
que rápido as velas apagadas se multiplicam.

K. P. Kaváfis

Os Poemas (1897-1914)
Tradução de R. M. Sulis, M. Jolkesky e A. T. Nicolacópulos.
Edições Nefelibata. Desterro, SC, 2005.

quinta-feira, novembro 2

Aula

Já que um aluno perguntou, outros podem ter a mesma dúvida: sim, amanhã, 3 de novembro, haverá aula de Prática em Filosofia. O tema será o documento do MEC, "Orientações Curriculares para o Ensino Médio", documento da Filosofia, em especial o tópico da identidade da Filosofia.

terça-feira, outubro 31

Barravento



Na descida do Elevador Lacerda, dois rapazes conversavam, afinal, qual é mais bonita, Rio ou Salvador? Um deles, pasta de vendedor na mão, Rio, Rio, Salvador é bonita aqui na parte de cima, lá embaixo é uma miséria.
Rio ou Salvador? Duas cidades belíssimas, sob muitos aspectos; as duas estão quebradas; o Rio, cada vez mais sem perspectivas, os cinturões de miséria apertando o pescoço dos branquelos. Salvador não fica muito atrás em alguns aspectos, ao menos; é uma cidade quebrada, orçamentariamente. Igual ao Rio Grande do Sul. É a cara do Brasil. Tem hotéis de primeiro mundo e muita pobreza ao lado. Tem menos violência, por certo. Para se ter uma idéia do país em que vivemos, é recomendável pegar um ônibus e dar um passeio em Salvador. É possivel tomar chope nesse bar, o Barravento, até a uma hora da manhã, e caminhar meia hora pela calcada da Avenida Oceânica, até a região dos hotéis, sem ser incomodado.

quinta-feira, outubro 26

Salvador, Bahia (2)


Uma vista de um trecho da orla de Salvador. Hoje, depois de uma semana, o sol voltou. O hotel ao fundo, Othon, lado esquerdo da foto, foi a sede do evento da Anpof.

segunda-feira, outubro 23

Salvador, Bahia

Depois de sessenta horas de estrada, chegamos em Salvador. Escrevo de madrugada, uma hora e quarenta minutos. A chegada foi com muita chuva, que acompanhou a viagem pela Bahia, grande surpresa. O sul da Bahia é exuberante, por um lado, banana, café, cacau, nelores plantados nas encostas. Na beira da estrada, um pouco antes de Monte Pascoal, encontram-se ranchos de barro na beira da estrada, iguais, exatamente iguais aos do Rio Grande, e placas com pedidos de alimentos.
Amanhã começa a Anpof.
Em alguma hora livre pretendo visitar o Pelourinho, Convento de São Francisco, Elevador Lacerda, etc E depois? Aceito sugestões, amiga Rosana.
A chuva continua. O mar, vejo da janela do hotel, anda brabo.

quinta-feira, outubro 19

Filosofia na Cesma

Télcio me pediu uma ajuda para melhorar a oferta de livros de Filosofia na Cesma. Haverá, nos próximos dias, um novo espaço, maior e mais bonito, dedicado para a Filosofia, ali nos fundos. Quem tiver sugestões, por favor, mande.

Livro do Ano, II

Se não fosse o lançamento do livro de Walter Benjamin, meu candidato para livro do ano em Filosofia seria o livro de Arthur Danto, "A transfiguração do lugar comum", que saiu nesse ano, pela Cosac & Nayf. É o primeiro livro que Danto escreveu sobre filosofia da arte, onde discute, em primeiro lugar, o status artistico dos "ready-made", como o urinol de Duchamp. Esse livro é uma das grandes referências em Filosofia da Arte hoje em dia, e a gente deve fazer um tin-tin pelo seu lançamento aqui na língua da gente.
Tem na Cesma.

Livro do Ano, em Filosofia

Saiu "Passagens", de Walter Benjamin. Um tijolaço publicado pela UFMG, quase inacreditável que tenha sido traduzido e lançado no Brasil. Para a Boca do Monte vieram sete exemplares; quatro estão à venda na Editora da UFSM, outros três vieram para a Cesma, onde peguei o meu. Custa uma pequena fortuna, nem comento. Mas vale cada centavo. Comecei ontem mesmo a ler o monstro. É uma usina de idéias.

Aulas

O segundo semestre letivo de 2006, no tardio outubro, começa. Volta o blogue.

quinta-feira, outubro 5

Férias

Aos amigos navegantes: peço desculpas por avisar tão tardiamente. Estou tirando meus primeiros dias de férias em 2006, e isso inclui o blogue. Em todo o caso, não abandonei o tal do fliquer. Vocês me encontram em "Minhas Fotos", linque ao lado, ou em www.flickr.com/photos/ronai
Aos amigos a quem prometi uma ida ao Rincão, mais uma esfarrapada desculpa: fui fazer a última revisão das condições de acesso; agora até um galaxi sem amortecedor chega mais ou menos perto. Em breve cumpro as promessas, prometo, Valter, Mestre, demais.

terça-feira, setembro 26

Uma linha?

Sigo adiante, pelo amor à conversa, com a postagem de pé-de-post de "Dom Sullivan".
"Apenas uma linha de um livro escolar no futuro, dando conta de como um projeto tacanho de poder e um anão mental seduziram uma maioria semi-letrada e ignorante de eleitores brasileiros."
Não discordo que o projeto de poder dos que foram aparentemente defenestrados, seja tacanho, dentro de certos critérios:
do Dilúvio ao Genuíno, há uma semelhante extração político-social, com variantes: partidão, arrivismo político, carteiras de trabalho cheias de cecês, etc. Por outro lado, as iniciais do "anão mental" ornamentavam, nos idos de oitenta, quatro entre dez automóveis no campus da Ufesm e em outros campus quetais do Zilbra. Assim, acho que será preciso mais que uma linha para explicar como ocorreu esta sedução. Tá bom, indo adiante com a ironia - esse tema das condições de possibilidade da sedução política dá muita manga pro meu pouco pano, mas se a gente quer entender o que está ocorrendo - a possibilidade de não haver um segundo turno, por exemplo -, e estamos usando categorias aparentemente racionais para entender o causo, acho que não é legal apelar para a idéia de semi-letramento e ignorância.
Ignoram umas coisas, levam em conta outras.
Meu voto no domingo será para que exista um segundo turno.
O que estamos vendo com os olhos que a terra há de comer um dia vai nos dar muito mais trabalho para entender se a gente tiver um olhar condescendente para aqueles a que chamamos de "maioria". Eu acho.
Quero voltar depois a esse ponto importante do "projeto de poder".
Hoje me lembrei, com alguma nostalgia, de alguns antigos alunos, A.A., com quem tive boas conversas, muitos anos atrás, sobre tais projetos.

quinta-feira, setembro 21

Dom Sullivan

Renovo a recomendação aos leitores: o blog de Dom Raul Sullivan, linque ao lado, é um poderoso instrumento para entrar no mundo dos livros virtuais. Vale uma visita!

O anel de Giges: o poder (2)

Giges retira o anel do cadáver e volta para cima. Segue o Platão:
"Na reunião habitual dos pastores, para apresentarem ao rei o relatório mensal do estado do rebanho, compareceu também Giges com o anel no dedo. Como estivesse sentado no meio dos outros, aconteceu virar casualmente a pedra do anel para a palma da mão, com o que imediatamente se tornou invisível para os circunstantes, que passaram a referir-se a ele como se já não se encontrasse ali presente. Cheio de admiração, tornou a mexer no anel e virou o engaste para o lado de fora, depois do que voltou a ficar visível. Tendo percebido o que se dera, fez várias experiências para ver se, de fato, era o anel o dotado de tão extraordinária virtude, e sempre com o mesmo resultado: tornava-se invisível quando a pedra era virada para dentro, voltando a aparecer quando a dirigia para fora."
Uma das questões que surge agora é sobre o que fará Giges com esse tremendo poder?
As duas passagens estão no Livro II da República, a partir de 359d.

Giges (1)

Faz alguns dias que prometi contar a história do anel de Giges. Deixo para o autor dela a tarefa. Transcrevo, pois, o texto de Platão, no livro "A República".
A edição que uso é a publicada pela Editora da Universidade do Pará, uma preciosidade. Está na terceira edição, revisada, e foi traduzida diretamente do grego por Carlos Alberto Nunes, publicada em 2000).
"Giges era um pastor a serviço do rei da Lídia. Por ocasião de um grande temporal acompanhado de tremor de terra, o solo se abriu, formando-se uma fenda no lugar em que ele levara a pastar o seu rebanho. Ao ver isso, tomado de admiração, penetrou na abertura, tendo percebido, segundo contam, entre outras maravilhas, um cavalo de bronze, oco e provido de pequenas janelas, através das quais, enfiando a cabeça, notou um cadáver que se afigurou de proporções mais do que humanas; inteiramente despido, deixava apenas ver um anel de ouro numa das mãos. Retirando-o, voltou Giges com o anel no dedo."
Acho que valeria a pena a gente se perguntar, antes de ir adiante, pelas razões de Platão em montar todo esse cenário: temporal, tremor de terra, uma fenda na terra; depois, entrar no buraco, encontrar um cavalo, de bronze, dentro dele um cadáver muito humano, nu, com um anel de ouro na mão.

quinta-feira, setembro 14

Os mandamentos do motorista


Vai chegando o tempo de retomar conversas sobre passeios e cascatas.
Procurando por uma cascata na Linha 6, perto Silveira Martins, no verão de 2004, conheci algumas pessoas, ali moradoras, que me levaram até a dita cuja. Belíssima. Exige uma caminhada apenas razoável, e é uma das mais altas de toda a Quarta Colônia. Pouca gente vai até lá. De volta, nas proximidades de São Valentin, paramos para tomar uma gelada. Ali eles me brindaram com uma cantoria, que é uma das coisas que os oriundi mais gostam. É só clicar que os gringos começam a contar quais são os mandamentos do bom motorista.
O de chapéu é o Valdir Maraschin; o outro é o Hermes. Moram ali na região de PoIêsine para Ivorá, costeando o rio. Quem quiser saber o décimo mandamento vai ter que pagar uma visita ao Valdir. Ele faz salames saborosos, e mora numa das casas mais antigas de toda a região.

quarta-feira, setembro 13

A morte, fora de moda?

Na terceira parte da palestra Dupuy apresentou um pequeno bando que defende a obsolescência da condição humana. Assim, não haveria apenas uma crise na nossa idéia de natureza, mas até mesmo a noção de morte natural não estaria menos amecada de obsolescência. Um dos caras citados por Dupuy é Nick Bostrom, sueco, professor em Oxford, líder do tal "trans-humanismo. Esse "trans-humanismo" sugere que devemos nos encarar como uma etapa, uma transição para uma época de pós-humanidade, uma próxima etapa da evolução biológica, caracterizada pela convergência entre nanotecnologia, biotecnologia e ciências cognitivas, uma "ciber-pos-humanity", que, por meio das novas tecnologias, asseguraria a condição de imortalidade para quem pudesse pagar, mediante a criação de interfaces que transfeririam o conteúdo informacional do cérbero para memórias artificiais e poraíafora. Essas e outras idéias sobre a morte ficar fora de moda são também expostas no livro de Ray Kurzweil, "Fantastic Voyage. Live long enough to live forever, 2004." (Parenteses meu, RR: Esse Kurzweil não é cachorro rengo, é um dos papas da inteligência artificial nos EUA; Searle fez uma crítica feroz a um livro dele, "The Age of Spiritual Machines: When Computers Exceed Human Intelligence", de 1999, se estou certo.) Uma das idéias do Ray é manter-se vivo, até chegar ao momento em que as técnicas de interface entre o ser vivo e a maquina extendam nossas capacidades físicas e mentais, para se viver imortalmente. A morte, pensa ele, deve ser pensada como se pensa a doença, como um problema a ser resolvido.
Nesse ponto da palestra a platéia deu umas risadinhas. Dupuy, sem discordar das risadinhas, lembrou que os tais de trans-humanistas ocupam posições de poder nos EUA, com alguns deles (William Beveridge) dirigindo generosas fatias de orçamento federal em biotecnologia.

Morte natural

Sei não, mas tenho uma vaga lembrança de um texto de Sartre no qual ele explorava a idéia de que a morte em acidente de automóvel não mais deveria ser chamada de "morte por acidente". É morte natural.

Jean-Jacques e Voltaire: que conversa essa de "catastrophe naturel"?

O terremoto de Lisboa ocorreu no dia 1 de novembro de 1755. No ano passado foi feito um evento em Lisboa, para "comemorar" os 250 anos do mesmo. Segundo Dupuy, pode-se dizer que o terremoto criou um tsunami na filosofia ocidental, dividindo-a em três campos, Leibniz (mais Wolf e Pope), Voltaire, como crítico desses (no Candide e no Poème sur le désastre de Lisbonne) e Rousseau, como crítico de Voltaire, em um texto de 1756, "Lette a Mr. De Voltaire", onde se pode ler:
"Je ne vois pas qu’on puisse chercher la source du mal moral ailleurs que dans l’homme libre, perfectionné, partant corrompu; et, quant aux maux physiques, ils sont inévitables dans tout système dont l’homme fait partie ; la plupart de nos maux physiques sont encore notre ouvrage. Sans quitter votre sujet de Lisbonne, convenez, par exemple, que la nature n’avait point rassemblé là vingt mille maisons de six à sept étages, et que si les habitants de cette grande ville eussent été dispersés plus également, et plus légèrement logés, le dégât eût été beaucoup moindre, et peut-être nul. Combien de malheureux ont péri dans ce désastre, pour vouloir prendre l’un ses habits, l’autre ses papiers, l’autre son argent ?"
Resumindo, e não traduzindo fielmente: o mal moral vem da gente mesmo, e os males físicos também. No trecho que importa nesse caso: a maior parte de nossos males fisicos é ainda obra nossa. (...) A natureza nunca teria reunido vinte mil casas, de seis a sete andares, e se os habitantes dessa grande cidade tivessem sido dispersados de forma menos concentrada, mais afastadas umas das outras, ..., etc, o desastre teria sido menor, talvez nulo. E quantos infelizes morreram porque quiseram apanhar seu cartão de crédito, seu notebook, etc.
Rousseau seria responsável pela eliminação da idéia tradicional de natureza como uma completa exterioridade? A natureza boa não é um edén para o qual gostaríamos de regressar, mas sim uma tarefa a realizar, voltada pra o futuro; a natureza roussenaina é fundamentalmente artificial, uma "man made nature".
Para o autor do Emile, o homem é o autor de todos os males; "homem, não busque o autor do mal, este autor é tu mesmo", ele escreve no Emílio.

terça-feira, setembro 12

Existem catástrofes naturais? Segue a saga de Dupuy

O Katrina foi uma catástrofe natural? Muita gente fez comparações entre o número de mortes do 11 de setembro e as mortes provocadas pelo Katrina. Qual é o sentido de comparar uma catástrofe natural com um atentado terrorista (o Dupuy chamou de "ato de guerra". Se o SNI deles descobre, o francês perde o green card...)? Mas peraídenovo: o Katrina é uma catástrofe natural?
Pois é. O editorial do NYT de 2 de setembro já chamava o Katrina de "catástrofe causada pelo homem”, "the man made disaster”. Foi preciso um Katrina para mostrar ao mundo que também nos EUA existe desigualdade, iniqüidade, etc. O atentado terrorista uniu o país, depois veio o Katrina para dividir. Na primavera de 2003 ninguém nos EUA ousava duvidar em público da justeza da guerra contra o Iraque, "suport the troops" era a palavra de ordem. O Katrina fez voar em pedaços a unanimidade, os opositores da guerra passaram a dizer que os dinheiros da guerra deviam ser usados para ajudar os varridos pelo Katrina. E fez ressurgir a pergunta: o que é uma catástrofe natural? Afinal, uma catástrofe é definida como a combinação do acaso (um fenômeno geológico) com uma situação de vulnerabilidade. No causo em pauta, uma vulnerabilidade de origem social.
É aqui que entra o Jean-Jacques. O Rousseau. O cara que entrou na discussão do terremoto de Lisboa, enfrentando o Monsieur Voltaire, que havia enfrentado o Dr. Leibniz.

Um tsunami na Filosofia


O tsunami na Filosofia foi o terremoto de Lisboa.
O terremoto aconteceu no dia primeiro de novembro de 1755, na metade da manhã. Morreram entre sessenta e cem mil pessoas, entre o próprio e os tsunami e os incêndios que se seguiram. Lisboa sumiu do mapa, e depois desse dia o Portugal colonizador nunca mais foi o mesmo.
Leibniz, Voltaire e Rousseau transformaram o terremoto em tópico da Filosofia. Que eu sabia, ninguém escreveu uma tese ou livro sobre isso, prato pronto e cheio. Pois o seu Dupuy resolveu escrever uma "petit metaphysique du tsunami", a pretexto do ultimo ocorrido, mas voltando à tragédia de Lisboa.
Corte.
Um quadro de Nicholas Gay, pintor russo, que nos mostra Pilatos e Jesus. Pilatos pergunta a Jesus, afinal, o que é a verdade?
A luz ilumina Pilatos, Jesus está na sombra.

Diante da catástrofe (1)

A primeira parte da palestra de Jean-Pierre Dupuy (eram cinco partes) começou com uma pequena coleção de lugares-comuns do catastrofismo ecológico. Apresentou o retrato inevitável de uma civilização diante da catástrofe, pois a universalização do modo dominante de desenvolvimento enfrenta obstaculos insuperáveis, pelo consumo de recursos naturais. Vivemos um modo de vida condenado, diz ele, que poderá durar, nesse padrão, 50 anos.
As razões do diagnóstico são três:
a) as fontes fósseis disponíveis a custos baixos estão no limite. Por outro lado, as necessidades energéticas crescem muito, Índia, China, e Brasil estão no mesmo caminho da voracidade dos ricos.
2. As regiões onde os recursos energéticos estão concentrados são as regiões mais quentes, geopoliticamente falando: oriente, arábia, etc.
3. A mais grave causa, o aquecimento climático deve-se à atividade dos homens. Faz 30 anos que as geleiras andinas aumentam brutalmente o ritmo de desaparecimento; o mediterrâneo se desertifica, a água é um bem raro.
Os expertos, no entanto, nos convidam a ter paciência, há um otimismo científico sendo vendido, que assegura que novas tecnologias limpas e novas fontes de energia ainda mais limpas estão no horizonte. Confiar nisso? Nada é menos seguro, pensa ele, apesar das promessas de uma nova revolução científica e técnica, da nanotecnologia, da estocagem de energia solar; isso traz riscos extraordinários, quem garante? A humanidade está contra a parede. O centro desenvolvido deve dizer o que conta mais: uma ética de igualdade ou seu modo de desenvolvimento sobre todas as coisas? Segundo Dupuy, "a catástrofe a evitar tende a substituir a revolução a realizar." O problema político maior, nessa escala de 50 anos, passa a ser a sobrevivência da humanidade, e mais uma vez a esperança se volta para a técnica. Aqui ele faz um excurso filosófico, "a liberdade consiste em dar-se regras, e não em poder fazer qualquer coisa", "precisa-se de uma política de limites, pois a técnica moderna repousa sobre um princípio de ausencia de limites."
A seguir, um tsunami na filosofia.

Mac Dupuy

Jean-Pierre Dupuy não dispensou a boa tecnologia na palestra de ontem; na frente dele, com o texto da palestra, não estavam apenas as folhas de papel, mas também um poderoso notebook da Apple, modelo profissional, tela de 17 polegadas. Foi dali que ele comandou as transparências, fotos, reproduções e inclusive um terrível filme no final, sobre Chernobyl. O primeiro filmete que ele apresentou, no entanto, foi ... curioso, ao menos. Para descontrair, acho eu, disse que queria mostrar de que forma as francesas ganham os concursos de beleza, hoje em dia. Taí o endereço para quem quiser ver. Não é dificil adivinhar, se eu disser que as duas primeiras misses que se apresentam são França e Itália.
Dupuy é professor em Stanford e na Politécnica de Paris.

http://www.metacafe.com/watch/193041/miss_france

segunda-feira, setembro 11

Jean-Pierre Dupuy


Jean-Pierre Dupuy fala hoje na sala 2323 do CCSH-Campus, às 18.45 h, sobre "A tentação de apagar a política com a técnica". O tema, ao que parece, retoma a tradição dos debates dos anos sessenta, desde Marcuse (o poder liberalizador da tecnologia que se converte aos poucos em poder instrumentalizador dos homens) e Habermas (e seu livro "A técnica e a ciência como 'ideologia'").

Xipe Totec

No Museu Chileno de Arte Precolombiana (paga-se $2.000,00 pesos na entrada, fica perto do Paseo Ahumada, bem no centrão de Santiago) ficamos sabendo do culto a Xipe Totec. Trata-se de uma tradição andina, presente em um grupo chamado "manta", que vincula o ato de sentar-se com um gesto de autoridade. Estão expostos ali objetos como cadeiras, "Asiento e sentados Manta".
Esta postagem foi motivada por uma conversa com um leitor deste blogue. O tema era se é certo que orientadores esperem por orientados.

terça-feira, setembro 5

Servidão Voluntária

O "Discurso da Servidão Voluntária" é um dos textos mais enigmáticos da Filosofia Política. Foi escrito por um rapaz de 19 anos, chamado Etienne de La Boétie, que entregou os manuscritos para um tal de ... Monsieur Montaigne! Desse original foram feitas algumas cópias, entregues a amigos de Montaigne, e assim surgiram algumas edições, por volta de 1577 e 1578. O monstro conceitual, imaginem uma servidão ... voluntária!
O Miguel Abensour atacou de francês (boa tradução simultânea), mas baixou a cabeça e deitou a ler um manuscrito de umas trinta páginas, sem parar para respirar. No intermezzo atacou com a (possível) interpretação de Hegel para esse enigma da Filosofia Política.
Foi um tijolaço no início da noite.
No final da tarde, fiquei sabendo que o diretório acadêmico da Filosofia da UFSM, no novel prédio 74, fechou as portas.
Fechou as portas.
Não apareceu uma unica chapa para assumir o mandato. Em protesto, os atuais entregaram as chaves. Fizeram bem, eu acho.
Quem é que pensou que o tema do ciclo, "Esquecimento da Política", tem a ver com os corredores do Planalto Central?
Tá ali, no corredor do prédio 74, no micro-espaço do Curso de Filosofia, a prova do que disse o Francis Wolff ontem.
Que foi ouvida apenas por um aluno do curso, morador da casa que foi conferir o ciclo ontem.
Esqueceram o diretório, esqueceram as palestras.
Quem diria. O tempora!
Por hoje, como diria o gaucho, "tô tapado de nojo". Amanhã conto sobre o Giges.

segunda-feira, setembro 4

Francis Wolff

No ciclo sobre "Esquecimento da Política", hoje foi a noite de Francis Wolff, brasileiro emigrado para a França que ocupa hoje o cargo de Chefe do Departamento de Filosofia da Sorbonne ou algo assim. Faltou cair neve no campus. Frio do cão, e quatro gatos gelados na 2323. Foi boa a palestra. Morri de nostalgia vendo ele lembrar os anos sessenta, quando era de corretíssimo tom se dizer que "tudo é política". Quem tem coração sofreu por causa dessa frase. Jogue a primeira pedra quem nunca se apaixonou por alguém de outra cor política e ficou de coração na mão ao ver que a amada rezava por outra cartilha. O Francis deu um show de nostalgia, lembrando até os atletas americanos de 100 metros rasos das Olimpiadas de 1968, no México, vencedores, subindo no pódio e baixando as cabeças, levantando os punhos cerrados, luvas pretas, protesto silencioso no meio do esporte, dá-lhe 'tudo é política'. Começou por aí e terminou, no gelar das 20.30h, com uma tentativa de síntese da antítese em que vivemos, na qual, em meio ao território do eu, da hegemonia da economia, da ultima palavra dos técnicos, do refúgio na religião, e da onda moralizadora, a palavra de ordem vai sendo transformada em ... "nada é política"! Hoje, diz o Wolff, queremos descobrir uma briga entre moral e política. Será que essa briga é de verdade? São duas áreas compatíveis, por certo, mas independentes. O argumento dele inclui lembrar que a moral não diz a ninguém o que deve ser feito em cada ocasião particular, mas ism o que não devemos fazer em geral e em princípio. A política, ao contrário, é, em um de seus mundos, a região do que devemos fazer sem adiamentos. O "tudo é moral" termina por ser uma ideologia que hoje substitui o "tudo é política"; o esportista é condenado pelo doping, o fumante é exortado moralmente a vencer o vício, etc.
Amanhã lembro mais. Ele terminou sugerindo alguns "exercícios práticos" contra o esquecimento da política; um deles me lembrou a estratégia de Mestre Guina, livro embaixo do braço, brandindo declarações de renda de políticos, no mais lídimo exercício do oficio de cidadão; informar-se, por exemplo, é cidadania.
Ele terminou citando o causo do anel de Giges.
Eta causo bom.
Amanhã eu conto, para quem não conhece o causo do anel do Giges.
Buenas.

quarta-feira, agosto 30

Os intelectuais

Em 1981 comprei o recém-lançado livro de Susan Sontag, "Ensaios sobre a fotografia", que dei por perdido semanas atrás. Na verdade eu o havia emprestado, e no final de semana ele reapareceu, obrigado, Laura. Abri o livro e encontrei dentro dele um recorte de jornal, da Folha de S. Paulo, sem data anotada. Era uma crônica de Paulo Francis, no tempo em que ele assinava "de Nova York". O título é "Suzy descobre o comunismo", e trata, por certo, de Susan Sontag. Eis como começa:
"Talvez intelectuais não devessem se meter em política. São muito voláteis e é uma ilusão que cultura e inteligência qualificam alguém para dar opinião política, assunto requer experiência, safadeza e pés na terra."
Claro que Francis considera a Suzy um exemplo disso, de alguém que escreveu bons ensaios literários, mas depois, na onda de escrever sobre o Vietnã, foi se meter com marxismo e política e disse bobagens, na opinião do Francis.
Dom Bressan lembra os intelectuais que parecem esquecer.
Talvez os intelectuais não devessem se meter em política, diz o Francis. Essa, a da conjuntura, por certo. Para que me entendam, prá que deitar conversas sobre ética e política, como o tal Paulo Betti? Pois o cuera não entende de nenhuma delas e se mete. A que ponto chegamos.
Me atraquei a ler o Max Weber hoje de tarde, sobre ética e política, prá compensar.
Tudo por causa do cutuco de Dom Bressan.
E agora vou me atracar no Dom Segundo Sombra. Esse sim.

terça-feira, agosto 29

Bouvard e Pecuchet

O romance "Bouvard e Pécuchet", de Gustave Flaubert, publicado pela Nova Fronteira, em 1981 (tradução de Galeão Coutinho e Augusto Meyer) é uma obra póstuma e inacabada, e se faz acompanhar de um "Dicionário das Idéias Feitas" que é uma graça. Trata-se disso mesmo, um pequeno dicionário de idéias feitas; há ainda um "Catálogo das idéias convencionais", no qual Flaubert anotava as parvoíces encontradas nos grandes mestres. Fenelon teria escrito que "a água foi feita para sustentar esses prodigiosos edificios humanos chamados navios", por exemplo. O papa Pio IX teria escrito, em 1874, que "o ensino da filosofia faz a juventude beber o fel do dragão pela taça da Babilônia". Um tal de Benjamin Gastineau teria escrito que "na cozinha de minha alma, tudo é a fogo lento e abafado."
Bouvard e Pecuchet é a história de dois imbecis.
Tem um Flaubert nesse nosso país?
Fui procurar o verbete "Eleições" no tal dicionário das idéias feitas. Tem. Eis o que diz:
Eleições - ...

Politicos do Brasil

Postei nos linques do blogue o endereço do Fernando Rodrigues, com os dados dos políticos brasileiros. Dom Bressan, no meio da tarde, cutuca sobre o "esquecimento" dos intelectuais, em relação aos desvios e mazelas éticas do PT.
Na palestra de ontem o Renato Lessa bem que teve vontade de tocar no tema, mas fez apenas uma alusão às "escatologias" de uma certa reunião do Presidente com intelectuais. Todos os palestrantes até o momento estão se atendo às regras da palestra acadêmica, sem observações sobre a conjuntura. Sei não, o tema é duro. Viram a pesquisa Sensus CNT de hoje? Vai a 51% por cento o Presidente.

domingo, agosto 27

O esquecimento

Hoje tem Renato Lessa, falando sobre "O esquecimento desde a tradição". Ele é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (1976) , mestrado em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pela Sociedade Brasileira de Instrução - SBI/IUPERJ (1978) , doutorado em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pela Sociedade Brasileira de Instrução - SBI/IUPERJ (1992) , pos-doutorado pela The American University (1994) , pos-doutorado pela Universidade de Lisboa (2004) e pos-doutorado pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (2005) . Atualmente é PROFESSOR TITULAR da Universidade Federal Fluminense, professor titular da Sociedade Brasileira de Instrução - SBI/IUPERJ. Apesar de todos esses títulos, eu mesmo nunca ouvi uma palestra do homem.
A partir das 18.45 da segunda-feira, dia 28, ele vai estar, de forma virtual, na sala 2323 do CCSH/Campus, no ciclo sobre Esquecimento da Política"

A miséria da política

Na manhã de sábado encontro Mestre Guina na Cesma; eu, já saindo, com uma Carmem Miranda na sacola, ele entrando com uma vasta lista de encomendas, cuidadosamente anotada durante a semana; conversa vai e vem, Mestre Guina conta da novidade: uma página disponibilizada pelo UOL sobre os políticos do Brasil, com dados pesquisados durante cinco anos pelo jornalista Fernando Rodrigues sobre deputados, senadores, governadores, etc, nas eleições de 98 e 2002. Pois o tal assunto foi um dos grandes destaques do final de semana.
Os dados pesquisados pelo Fernando Rodrigues resultaram em um livro de quase quinhentas páginas publicado pela Publifolha, com o título de "Políticos do Brasil".
Os dados obtidos pelo Fernando Rodrigues podem ser lidos a partir do endereço
www.politicosdobrasil.com.br
Fui conferir os dados do estadual Farret, em 2002: estão lá três automóveis usados, uma casa, um apartamento, uns terrenos, coisa pouca. O federal Pimenta tinha uma Hilux usadona, baratinha.
Esse Fernando Rodrigues merece uma estáuta!
Ou duas.
Uma pelo livro, que nos faz pensar no milagre ocorrido com gente que cresceu 40, 50 por cento em quatro anos, em verdadeiros milagres de multiplicação dos caraminguás que recebem.
Cito uma frase do Gaspari sobre o livro:
"... os petistas foram os que tiveram maior desenvolvimento patrimonial (84% na média)".
A outra estátua, fico pensando, por nos fazer pensar no que, afinal de contas, vem a ser um político. Alguém pode escolher para si mesmo a política como uma carreira? A política pode ser uma profissão como as demais? Ou é uma vocação a ser exercida em algum momento da vida da gente. Fiquei pensando que nossa cidade, da Boca de Monte, um dia foi considerada como um dos grandes centros de formação política do país. O movimento estudantil aqui feito nos anos oitenta era uma escola de formação, considerada uma fortaleza, uma montanha. Pariu o quê?
E depois? Existe vazio no poder?

quarta-feira, agosto 23

Chico de Oliveira e a irrelevancia da politica

Depois que Foucault tornou popular a idéia de "desinventar" o humano, veio o Chico para, num tom parecido, falar sobre a "colonização" da política pela economia, e, como consequência, o fim da sociedade. A política era pensada como uma invenção humana para arbitrar os conflitos, para lidar com as assimetrias sociais de de poder. Essas capacidades da política estariam estrebuchando nas mãos da economia.
Veja como a Folha de São Paulo de hoje resume o enredo da palestra do Chico:
"Ao contrário do que quer a vulgata marxista, disse Oliveira, é na política, e não na fábrica ou no ambiente imediato de trabalho, que se dá o conflito de classes e a possibilidade de restringir o processo natural de acumulação do mercado.
Ocorre que, com o crescimento das empresas em poder e para além dos Estados nacionais, essa arena local, em cada país, de conflitos, se tornou enfraquecida bem como os sindicatos, que não conseguem mais fazer frente às transnacionais.
"Estamos nos encaminhando para uma sociedade sem controles; salvo o único que escapa de tudo, que é o mercado", afirmou o sociólogo.
Os partidos não representam mais classes sociais, o conflito e a possibilidade de propostas alternativas não se dão, e a política gira em falso.
"Na ausência de política, o que acontece? O que estamos vendo. Uma sociedade de mônadas. Não existe mais sociedade, mas indivíduos. Nem indivíduos, mas "mônadas" sem capacidade de intervenção."
O maior exemplo recente desse esvaziamento, afirmou o sociólogo, foi o fato, celebrado por muitos, de a crise política que já dura mais de um ano não ter afetado a economia. "Se uma crise política não pode afetar a economia, para que serve a política?", perguntou." A matéria é assinada por Rafael Cariello, enviado especial da Folha ao Rio, para acompanhar o ciclo "O Esquecimento da Política".

Marilena, hoje, foi clássica e durona. Seu tema era "O que é política?". Ela abriu a palestra falando do sentido da política e da democracia na Grécia; depois, fez uma exposição sobre Foucault e o biopoder, com uma crítica relativamente tradicional ("abstrato, já que não explicita as condições materiais da produção dos corpos dóceis"; foi comparado com Lefort, em especial, sobre o mesmo tema; finalmente, Spinoza, uma aula. Para encerrar, o clássico tema do sentido da eleição e dos partidos na democracia.
O público, talvez intimidado, não queria fazer perguntas. Saiu uma só, sobre as paixões básicas em Spinoza (alegria, tristeza, desejo).
Aqui na Boca do Monte, vinte e uma pessoas na platéia.
A hora e o local não ajudam muito, reconheço.

segunda-feira, agosto 21

Ética

O primeiro dia do ciclo de conferências "O Esquecimento da Política" foi de testes. De fato, bem esquecida, apenas quatro pessoas estiveram por lá para ver o Chico de Oliveira. Até que foi bastante, para o frio e pouca divulgação que teve. O sistema funcionou razoavelmente. Em duas horas de palestra ocorreram umas oito ou dez trancadas no buffer, exigindo a recarga da página. Chato. Mas deu para assistir o Chico, reclamando da colonização da política pela economia.
A segunda palestra, na terça-feira, será com Franklin Leopoldo e Silva, professor de filosofia na USP, sobre moralidade e política, sobre a "banalidade da moral". Saiu uma bruta matéria com ele na Folha de hoje. O horário é o mesmo, 18.45 h, na Sala 2323 no prédio 74 do CCSH, no Campus da UFSM.
Na quarta, na mesma hora, tem Marilena Chauí.
Para maiores informações sobre o ciclo, clique ao lado, no linque "Cultura e Pensamento".

domingo, agosto 20

O esquecimento da política

Com a palestra de Francisco de Oliveira, "A colonização da Política", na segunda-feira, dia 21 de agosto (amanhã!), deve iniciar o ciclo de conferências intitulado "O Esquecimento da Política", às 18.45, no Rio de Janeiro.
Em Santa Maria a palestra poderá ser assistida no mesmo momento. O local da transmissão simultânea ainda não foi estabelecido. Poderá ser no auditório do CPD, ao lado da Reitoria ou na sala 2323 do Prédio 74, do CCSH. Essa indecisão e a falta de divulgação do evento deve-se a que os organizadores, em Brasília, apenas no final da tarde de sexta-feira comunicaram a UFSM da possibilidade de receber-se o sinal aqui.
O local definitivo e demais informações poderão ser obtidas junto ao Departamento de Filosofia, que será responsável pelo Ciclo de Conferências aqui na UFSM. Por essa razão, muito embora as primeiras palestras possam ocorrer junto ao CPD, a política da instituição será a de sediar no prédio do CCSH as futuras transmissões, para facilitar a vida dos estudantes de Filosofia, Ciências Sociais, História e Arquivologia, moradores da casa e interessados naturais.
O Departamento estuda a possibilidade de aproveitamento das conferências como material para Atividades Complementares de Graduação (ACG's).
Para maiores informações sobre o ciclo, clique no link no lado direito do blogue, "Cultura e Pensamento".

Na quarta-feira, dia 23, às 18.45, haverá a palestra de Marilena Chauí.

Abaixo vai o resumo da palestra de Chico de Oliveira:
"No capitalismo contemporâneo, a política é desvalorizada, um fenômeno de alta relevância, pois era dela que o Ocidente vinha se valendo desde sempre para contrabalançar a assimetria de poderes. Tal desvalorização, em escala mundial, tem na periferia capitalista efeitos devastadores; daí que, ao invés de se concordar com a irrelevância da política, deve-se mais do que nunca ressaltar sua importância, a importância de reinventá-la."

quinta-feira, agosto 17

Merengue de gelo

O Passo da Água Negra leva o vivente a 4.600m. Fica perto de Santa Maria da Boca do Monte, ali para as bandas de San Juan. Um Uno Mille pode chegar ali com apenas três velas funcionando. Encontrei ciclistas suiços de 40 anos subindo em magrelas carregadas, dormindo junto aos pequenos rios que descem da cordilheira. Vai lá, Valter! É inesquecível.

domingo, agosto 13

Dia dos Pais

Lembrando meu pai, que foi o maior dançarino que conheci, capaz de animar um baile inteiro, que não deixava uma moça voltar para casa sem uma contramarca, ouvi hoje várias versões de uma música que tocava sem parar no Brasil dos anos cincoenta, tanto na versão original francesa quanto nas versões americanas e brasileiras. Trata-se de Cerisier rose et pommier blanc, de Andre Claveau. A versão americana, de Eddie Calvert, (Cherry Pink and Apple Blossom White) me arrepia ainda hoje, porque devo ter ouvido no berço, de algum rádio a pilha. Ela toca na cena do baile em Oxford, no filme Iris. A versão brasileira atendia pelo prosaico nome de "A cerejeira em flor", creio eu.
Meu pai muito dançou essa e muitas outras músicas com minha mãe e outras moças aqui pelos bailes da campanha.
Essa é uma das tantas coisas boas que lembro dele.
Um abraço aos pais. Shall we dance?

Candombe


Em 1972 fiz uma viagem a Rivera, minha primeira ao mundo exterior. Perto da esquina da Sarandi com Seballos havia uma loja de discos e livros - Pepo -, na qual comprei, depois de muito garimpar, um disco de música uruguaia, "Musicacion 4 1/2", (Discos de la Planta). Trazia alguns dos melhores intérpretes do Uruguai: Ruben Rada, Diane Denoir, El Kinto, Mateo, Horacio e outros. Foi ali que eu descobri o candombe, um ritmo de origem africana cultivado pelos hermanos. O disco é coisa muito fina, tem uma belíssima interpretação de "Mejor me voy" (não confundir com a valsa mexicana de mesmo nome...) na voz de Diane Denoir. Descobri faz pouco que isso existe em cd, disponivel apenas em Montevideo. Lembro disso porque estive em Rivera no final de semana e encontrei um tipo, o cantor da foto, cantando candombe, perto da esquina da Sarandi com Paysandu. Para fazer seu candombe, no entanto, Yamandu Paz precisa agradar os turistas com os grandes sucessos da gauchada: Guri, Los Hermanos, Rio Manso, Orelhano, Merceditas. Até de Condorpasa ele ataca. Fazer o quê, nesses tempos de freerivera? Trouxe o cedê do índio, que faz ponto ali em frente a Los Baguales e toca o que o freguês pedir, no gênero, se ele souber, com toda a alegria.
Alguém sabe quem converte um elepê num cedê? Acho que vou fazer isso com meu disco de 1972 e repartir com os amigos. Antes de morrer todo mundo devia poder ouvir Diane Denoir cantando "Mejor me voy" acompanhada pela guitarra de Mateo.

quinta-feira, agosto 10

Enade 2005

Saiu o resultado do Enade: o Curso de Filosofia da UFSm teve nota máxima. A informação está na página da ufesm. Entre mais de cem cursos avaliados, ao redor de 10 (preciso conferir) tiveram a nota máxima. Ficamos ao lado da UFRGS, da Federal do Rio e de algumas outras deste tipo. Dá para melhorar neste ano. Confira na página: http://enade2005.inep.gov.br/?c=CUniversidade&m=mostrar_lista_area. Obrigado ao Frank pela indicação do fato.

quarta-feira, agosto 9

Ensino de Filosofia

O parecer aprovado pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação no último dia 7 de julho, que inclui as disciplinas de Filosofia e Sociologia no currículo das escolas do ensino médio será homologado no próximo dia 11 de agosto, pelo Ministro da Educação. A solenidade está marcada para as 10 horas, no auditório do MEC, em Brasília.
No endereço abaixo está o ultimo documento do MEC com diretrizes para o ensino de Filosofia.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_03_internet.pdf

segunda-feira, agosto 7

Colóquio de Ética sobre "A Pessoa"

Começa hoje às 18.00 horas o Colóquio de Ética e Ética aplicada sobre "A Pessoa". As 18.15 tem a conferência do Prof. Nythamar de Oliveira (PUC-RS). Depois, um painel com Hans Christian Klotz e Marcelo Fabri. Amanhã haverá um painel, às 18.30, com a Prof. Maria Luiza Kahl, Prof. Pedro Santos, Profa. Nara Magalhães e Prof. Ronai Rocha. Na quarta, na mesma hora, um painel com o Prof. Albertinho Gallina, Prof. Jair Krassuski, Prof. Noeli Dutra e Prof. Ricardo Rossato. O Simpósio tem 80 vagas, custa 10,00 a inscrição e vale como ACG.

quarta-feira, agosto 2

Etiqueta do Campus

Proponho a redação coletiva de um manual de etiqueta acadêmica. Ontem, segundo uma descrição que um aluno me fez, em um evento do Curso de História, cujos palestrantes foram convidados pela casa, aconteceu uma dessas coisas que nos fazem pensar em um manual desse tipo. No início da palestra do dito, convidado, gente de fora, etc, o salão estava cheio, lotado. Uma a uma, as pombas foram despertando, foi-se uma, foi-se outra, enfim, dezenas. Quando o dito convidado terminou a palestra haviam oito gatos gelados na platéia. Pode?

Crucifixo

Deu na Folha de S. Paulo: o Ministério Público, por meio de um promotor de justiça, pediu a retirada de um crucifixo colocado na sala de espera da clínica odontológica da Universidade de São Paulo. Um padre foi ouvido pela Folha e argumentou que "o crucifixo leva conforto às pessoas", depois de lembrar que "somos uma maioria cristã".
Perdi minha fé muito tarde, por volta dos dezesseis anos. Não posso dizer que tenha me esforçado muito em reencontrá-la. Talvez a tenha procurado no lugar errado. Mas procuro manter o respeito pelas religiões dos outros. Continuo achando que o diretor da clínica da USP, o padre em sua invocação do princípio da maioria e milhares de outros burocratinhas do serviço público brasileiro beiram o desrespeito às crenças e descrenças alheias quando penduram as evidências de sua confissão em lugares de serviço público. Havia, até meses atrás, por exemplo, uma enorme imagem da Santa Medianeira no gabinete do reitor da ufesm. Enorme, eu digo.
O problema é que minhas chances de chegar a reitor da ufesm são nulas.
Em tempo: se o barnabé precisa esse tanto de conforto espiritual, que coloque a imagenzinha da santinha voltada apenas para ele, ao lado da fotinho das crianças.

domingo, julho 30

Ontopsicologia?


"A Razão" do final de semana traz uma matéria de capa e um caderno especial sobre Antonio Meneghetti. São quatro páginas dedicadas ao "guru dos empresários". Que ele tenha valor jornalístico, não duvido. O tom, no entanto, foi devocional.
Nada tenho contra empresários que se provém de gurus. Cada um tem o guru que merece. E que bom para São João do Polêsine o movimento existente por ali, impostos, iptu, etc. Se o jornal quis entronizá-lo como personagem inatacado de nossa vizinhança, não vamos esquecer que, do ponto de vista científico, o buraco é mais embaixo.
Assino embaixo do que escreveu sobre ele o Renato Zamora Flores, que começa assim:
"Lógico, coerente e errado o suficiente para o prejudicar. Apresentam-se como revoluções no conhecimento mas não passam de fachadas para outras intenções, direcionadas ao seu ponto mais frágil: o bolso. E o que chamamos de pseudociências: um conjunto de afirmações que parecem ter passado pelo pente fino da verdade, mas que não passaram, entretanto, por crivo nenhum, utilizando-se de truques de raciocínio e até mesmo de inverdades para iludir incautos - e alguns nem tão incautos. De modo geral, são divulgadas com alarde por indivíduos inteligentes, bem-falantes e que, por acaso, ganham muito dinheiro com elas."
Em resumo, a ontopsicologia é uma charlatanice. Simples assim. Faz muitos anos li um ou dois livros desse pequeno bando. Trata-se de uma literatura que pratica, deliberadamente, aquilo que o velho Ludwig chamaria de "confusões categoriais". A prática deliberada de confusão conceitual tem nome.
Veja o site com o texto de Renato em
http://www.str.com.br/Str/charlatao.htm
A foto, como diria o mais novo diretor de vídeos de São Paulo, é um exercício sobre metáforas.

sexta-feira, julho 28

Saiu


Saiu. E já chegou na Cesma, por módicos cincoenta e cinco pilas. Mas lembre que são seiscentas páginas. Fiz o melhor que pude para que o texto ficasse bom. E a editora da Unijuí caprichou. A primeira parte do livro é simplesmente imperdível para qualquer estudante de filosofia, qualquer que seja o lado do cujo. E a segunda parte faz a diferença na vida de um gauchinho.

Filosofia (2)


Enquanto isso, a "Discutindo Filosofia" número 4 também chegou nas bancas. O que dizer? Uma matéria central sobre Levinas, duas páginas de lógica (Os caminhos do raciocínio, na foto, abordando - veja lá, Prof. Sautter, dedução, indução, hipótese, verdade, validade, bem que o povo tenta), uma matéria sobre Heidegger, na qual está escrito que: "Existindo, o ser-aí vem a ser. Por meio desse exercício, ele se estabelece no mundo, utilizando as coisas que o circundam, ocupando-se delas em virtude de levar a cabo, etc.",
Ufa. Acho bom o pessoal aceitar o convite deles e mandar alguma coisa para lá.

Filosofia ...


Saí da Ufesm hoje à tardinha e passei no centro, na banca 24 horas, para ver as novidades. Na porta da banca havia um enorme cartaz de divulgação de uma revista nova. Para minha surpresa, o título da revista era ... "Filosofia". Pedi um exemplar, haviam apenas dois à venda. Perguntei ao rapaz quantos exemplares ele havia vendido e quase caí para trás com a respostas: "Ela chegou na quarta-feira, cincoenta, está sobrando só uma."
Impressões iniciais: mais bem cuidada grafica e editorialmente que a "Discutindo Filosofia"; é feita por uma editora chamada "Escala", em São Paulo. Este número, o primeiro, que tem uma campanha bem apoiada pelo cartaz, e que apostou muito nas vendas - mandar cincoenta exemplares para uma banca de Santa Maria? - traz uma entrevista de oito páginas com Osvaldo Giacoia, uma matéria central intitulada "Você sabe tomar decisões?" e outras sobre eutanásia, filosofia com crianças, angústia e Heidegger, ética no trabalho.
Aí vou ver quem está no conselho editorial. É, como diria o mestre Guina, um pequeno bando: um professor da Universidade Federal do Espirito Santo, três do Centro Universitário São Camilo (?), Lucio Packter (chefe dos filósofos clínicos...) e aí vem mais um, dois, três, quatro e cinco dos packterianos. Com ele, seis ao todo. Aparentemente, a revista é porta-voz dos tais clínicos. Diz o editorial: "Não é de auto-ajuda, mas pode auxiliar bastante em seus dilemas cotidianos: assim é o projeto dessa revista". Contei doze páginas de defesa e divulgação explícita da filosofia clínica, incluindo uma invocação de Wittgenstein e do conceito de "jogo de linguagem" para fundamentar o procedimento de trabalho com o "partilhante".
Vou tentar ler o resto.
Ah! Deram ao Ghiraldelli Jr. uma coluna de duas páginas. Ele se apresenta como "O filósofo de São Paulo". Eita, como diria a Rosana.

terça-feira, julho 25

Festival de Inverno


Todas as noites, no Festival de Inverno de Vale Vêneto, tem concertos abertos ao público. A série foi aberta com a apresentação do Quinteto de Sopro, na Igreja. Foi belíssima. O grupo, formado por músicos de Santa Maria, liderados pelo Prof. Jordelei Santos, tem apenas alguns meses de idade. Trata-se de uma formacão clássica na área de sopro, como Canadian Brass, Empire Brass Quintet, etc. Esse povo de Santa Maria é muito bom, e foi recompensado por uma platéia cheia. Vale a pena assistir uma apresentação deles.
Logo depois, no salão do colégio, foi a vez dos concertos dos professores do Festival. Primeiro tocou Eduardo Meirinhos, violão. Eu não sou da área, não sabia quem era o cara. Logo de cara ele tocou uma peça de Leo Brouwer, chamada "Variações sobre um tema de Django Reinhardt" que arrasou. E por aí ele foi destruindo. Gogleei ele hoje e descobri que o sujeito é referência na viola, cedês gravados, peagadê no pinho. Depois entrou Brian Zator, um mágico na marimba, deixou todo mundo de boca aberta com a delicadeza das peças que tocou. Zator é americano do Texas, músico, professor de percussão, outro arraso.
Hoje eu tinha compromisso por aqui, não deu para ir. Se foi parecido com ontem...
O clima é o da foto, só música na noite. E para os boêmios, o bicho pega no bar da dona Romilda depois das dez da noite.

domingo, julho 23

Dois novos links


Acrescentei na lista ao lado dois links. Um deles é para o blogue do Mestre Guina, com importantes dicas de blogues de ciências, entre outras coisas; o outro é para algum fotografismo de final de semana. Neste final de semana cliquei a meninada do Grupo de Percussão de Camobi, um belo trabalho que foi apresentado na tarde cinzenta do domingo.
Vale lembrar que amanhã, segunda-feira, tem apresentação do Quinteto de Sopro por volta de 18.00 horas em Vale Vêneto.
Aproveito para agradecer ao Frank a dica do "Mercador de Veneza", com Al Pacino no papel de Shylock. Demais de bom!

Tanques invadem Vale Vêneto


Tanques invadem Vale Vêneto
Originally uploaded by ronairocha.
A semana cultural de Vale Vêneto não é mais a mesma.

quinta-feira, julho 20

Carlos Gerbase e a jornada de Lula

Para quem curte a elaboração de roteiros e tem uma idéia do tema da jornada do herói, o texto de Carlos Gerbase que está no endereço abaixo é imperdível. O que Carlos Gerbase fez foi colocar Lula no lugar do personagem da jornada do herói, em especial para dar seu pitaco sobre os motivos e causas do prestígio que ele desfruta no imaginário popular. Vale a visita. Obrigado ao Pedro pela dica.
http://www.nao-til.com.br/nao-82/jornada.htm

terça-feira, julho 18

Si non e vero e bene trovato

A entrevista de Marcola que se encontra em diversos sites da internet é o assunto da hora de muitas rodas da classe média brasileira. Li, acho que não é verdadeira; que ele leia Dante, não me parece o ponto; as perguntas são patéticas, o texto tem um tom pseudo geral, e o autor se trai nas "soluções" que coloca na boca do Marcola. Agora, reconheço que algumas passagens fazem sentido nessa geléia em que vivemos. Se você ainda não leu, de uma gogleada em "marcola entrevista". Vai entender o pânico branco. By the way, se o Marcola leu Dante, ao menos não citou corretamente. Mas isso importa?

quarta-feira, julho 12

Discutindo Filosofia

Transcrevo o mail que recebi, que pode ser do interesse de algum leitor:

"A revista DISCUTINDO FILOSOFIA está recebendo colaborações para a edição n°5.
Trata-se de uma revista de divulgação que integra um projeto didático da editora Escala Educacional. O projeto, em linhas gerais, é o seguinte: uma revista de filosofia voltada para o público do ensino médio, mas lida também por universitários ou pessoas interessadas no assunto. Em especial, para este número, estamos interessados em um texto de 6 páginas sobre a obra e o pensamento de Freud. A revista tem uma tiragem de 40.0000 exemplares e tem tido boa aceitação. Em parte porque há um crescente interesse social pela filosofia, em parte porque a filosofia enquanto disciplina curricular do ensino médio carece de material paradidático e em parte também porque a revista tem um preço de mercado bastante acessível R$6,90. O n°1 alcançou o total de 20.000 exemplares vendidos, o n°2 17.000. Não sabemos ao certo o quanto o n°3 vendeu, mas deve estar em torno desta média. A expectativa é que a circulação da revistaaumente, especialmente em razão da aprovação, pelo Conselho Nacional de Educação, da obrigatoriedade da disciplina no ensino médio em todo o país.
O n°4 da DISCUTINDO FILOSOFIA, que trás Lévinas na capa, deve chegar às bancas nas próximas semanas. Gostaria de convidar a todos a colaborar, escrevendo para a revista. Os textos são curtos, devem adequar-se ao público alvo (os alunos do ensino médio) e podem versar sobre os mais variados temas do campo filosófico. Todas as colaborações serão remuneradas, embora ainda seja bastante tímida. Em anexo segue esclarecimentos que explicam em detalhe o que se espera das colaborações. Terei prazer em dar maiores informações aos interessados. Os que quiserem conhecer os números anteriores, ao menos o índice e alguns textos, podem consultar a página eletrônica da revista:
http://www.discutindofilosofia.com.br
Nela também estão contidas informações sobre assinatura.
Agradeço a todos a atenção e as possíveis colaborações. Igualmente, agradeceria imenso a gentileza de divulgarem o lançamento do n°4 e o pedido de colaborações para o n°5. Ponho-me à disposição para qualquer outro esclarecimento.
Cordialmente,
Marta Vitória de Alencar
Coordenadora geral
Profª de filosofia da Escola de Aplicação FE/USP"

terça-feira, julho 11

"Vendo um crioulinho"


Dias atrás passei no prédio antigo do Forum, atual Centro Cultural do Município, para dar uma olhada. Visitei o Arquivo Municipal e conversei um pouco com a estagiária que ali trabalha. Entre outras coisas perguntei para ela qual seria o documento mais antigo ali existente. Ela abriu a gaveta da escrivaninha e me mostrou uma folha A4, amarelada, que conteria, segundo ela, um contrato de compra e venda de um "crioulinho", datado de 1867. Hoje voltei lá e fiz uma foto do mesmo, da qual transcrevo aqui o que entendi.
"Pelo presente escripto de venda declaro, que sou senhora e ligitima possuidora, de um crioulinho por nome Fernando, de idade trêz annos pouco mais ou menos, livre de hypotheca, embargos ou outra qualquer obrigação; e com todos os achaques vizíveis ou invizíveis, dele faço venda como pelo presente vendido tenho ao (...) Joaquim da Silveira, pelo preço e quantia entre nós ajustado de seis-cento e cincoenta mil réis - que recebi do presente em moeda legal; ficando (...) Silveira obrigado a satisfação da respectiva (...) correspondente a esta importância. E para que o referido (...) possa gosar d'hoje em diante do dito crioulinho, lhe transmitto todo o direito, senhorio, domínio e posse que no mesmo tenho: podendo por esta forma considerá-lo como sua verdadeira propriedade d'hoje para sempre; obrigando-me a fazer boa e valiosa venda, dando aqui (...) bem expressadas quaisquer cláusula ou cláusulas das de esse direito permittidas que aqui deixem de ser especificadas como se de cada uma fizesse particular asserção. - Em firmeza do que, faço esta venda de (...) espontânea vontade e livre de constrangimento algum pelo que pedi a Firmino Carneiro da Rocha que, por eu não saber ler nem escrever este por mim fizesse; o qual depois de me ser lido o achei bem conforme (...) do que assigna o mesmo (...) a meu rogo, com as testemunhas que abaixo vão assignadas.
Vila (...), 13 de março de 1867
Maria Antunes Paz"
Isso é um pouco do passado de Santa Maria. Fiquei pensando se um neto do Fernando não mereceria uma cota dessas que o povo erudito anda discutindo.

domingo, julho 9

A pedido

Andar


"É certo que quem anda devagar às vezes não alcança a meta, mas quem corre demais muitas vezes também pode passar por ela sem parar." O texto é de Kierkegaard, nas Migalhas Filosóficas.
Fiquei deitado no chão, olhando pro jabuti e pensando nos méritos da ligeireza. Para um sujeito que carrega todo esse peso nas costas, o bicho até que anda muito rápido.
Baita migalha, essa aí do Kierkegaard, pensei.

sábado, julho 8

A cauda do pavão


O pavão também mora ali no Passo da Ferreira, no Criatório Conservacionista São Brás.

O olho da coruja e a cauda do pavão


Estou ficando velho. No final deste ano estarei a apenas quatro anos dos sessenta, e certos pensamentos nessa idade nos assaltam com naturalidade, pedem intimidade e, na nossa distração, vão ficando. Um deles me acompanha faz tempo. Dividir as pessoas entre as boas e as más deixaria muita gente boa de fora - a imensa maioria de nós transita entre momentos disso e daquilo -, mas sempre a mania taxionomica volta. Assim, inspirado numa frase de um amigo distante, pensei em classificar as pessoas da seguinte forma: diante de um problema, as que se sentem como parte dele, ou como parte da solução. Por problema, aqui, entendo desde esse tema de ensino de filosofia (e essa carona que a sociologia pegou, vamos reconhecer!) até a questão da violência urbana. De um lado, a turma da imaculada concepção, que tem a solução para todo e qualquer problema: o mundo visto de fora; de outro, a plebe, que faz parte do desgraçado do problema. Eu, que tenho sangue de português, uma antepassada negra e outro índio, faço parte do problema; eu mesmo tenho vontade de não dizer nada e esperar mais um pouco, até que a coruja me pisque o olho.
O ensino de Filosofia, por certo, vai ter que disputar espaço com outras disciplinas. Se não for bem feito - isto é, apoiado em muita pesquisa séria, corre o risco que ser diluído e gradativamente perder espaço. Nunca escondi que defendo a volta da Filosofia de forma gradual, passo a passo; e dessa forma, ela já está voltando em 17 estados, como reconhece o MEC. Essa "volta por cima" tem seu riscos, sim.
A coruja está ali no São Brás, no Passo da Ferreira. Ainda não achei nenhuma no Campus. Quem souber, me avise.

sexta-feira, julho 7

Deu na Voz do Brasil

Deu na Voz do Brasil, faz poucos minutos:
"O Conselho Nacional de Educação (CNE) decidiu nesta sexta-feira, 7, por unanimidade, que as escolas de ensino médio devem oferecer as disciplinas de filosofia e sociologia. A medida torna obrigatória a inclusão das duas matérias no currículo do ensino médio em todo o país, ampliando o que já era praticado em 17 estados.

Segundo o relator da proposta, conselheiro César Callegari, a decisão vai estimular os estudantes a desenvolverem seu espírito crítico. “Isso significa uma aposta para que os alunos possam ter discernimento quando tomam decisões e que sejam tolerantes porque compreendem a origem das diversidades”, declarou.

Na avaliação do titular da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), Francisco das Chagas, a medida vai ampliar o número de vagas para profissionais de filosofia e sociologia. “A falta de professores em algumas situações também vai se adequar porque, com o ensino obrigatório das duas disciplinas, os cursos de graduação formarão mais profissionais para atuarem no setor”, disse.

A proposta de mudança foi feita pelo Ministério da Educação em 2005, mas como é do CNE a prerrogativa de definir as diretrizes curriculares nacionais, a deliberação foi feita pelos conselheiros. Agora, o parecer será homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo o documento aprovado, os estados terão um ano para incluir a filosofia e a sociologia na grade curricular do ensino médio.

Mudança – Para o professor de filosofia Aldo Santos, de São Paulo, a decisão vai promover uma mudança na estratégia educacional que desenvolve o pensamento, a reflexão e a ação dos estudantes. “Agora, o jovem vai entender o seu papel na história e saber que ele pode ser um agente transformador na sociedade”, analisou.

A inclusão das disciplinas de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio foi comemorada por cerca de 150 professores e estudantes, que compareceram ao auditório do CNE. Houve até champanhe após a aprovação do parecer pelos conselheiros."

quinta-feira, junho 29

quarta-feira, junho 28

O BRAÇO CURTO DO PODER PÚBLICO

Delmar Bressan*

Está em curso no sul da América uma rumorosa polêmica tendo como epicentro uma essência florestal de origem australiana, o eucalipto.
Introduzida no Brasil em maior escala no alvorecer do século XIX e destinada à produção de lenha para as locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a espécie transformou-se no ícone do atual modelo de plantios extensivos para produção de celulose e papel.
Na situação mais próxima em exame – os plantios na metade sul do Rio Grande – as contradições e insuficiências são visíveis. Entre elas, observa-se, desde o princípio, uma inversão da ordem lógica das coisas, determinada pela dificuldade crônica dos agentes estatais de planejar o desenvolvimento regional e, a partir daí, de antecipar-se às demandas mediante a fixação de regras claras e duradouras.
Ao poder público, independente do governo em exercício, cabe planejar a ocupação do espaço territorial sob seu domínio e, por conseqüência, definir previamente as posições geográficas que apresentam potencial para receber as diferentes alternativas econômicas. Para o caso em foco, é possível adotar, por exemplo, as divisões hidrográficas como referência espacial, definindo áreas preferenciais para (re)florestamento, grau aceitável de transformação da paisagem, zonas de proteção previstas na legislação etc.
Além do ordenamento territorial, será sempre conveniente, à parte os já repetitivos estudos de impacto ambiental, exigir o desenvolvimento paralelo de pesquisas científicas – feitas por grupos independentes e financiadas por instâncias públicas – capazes de esclarecer o efeito das florestas de eucaliptos sobre a água, o solo e a biodiversidade regional, além de suas repercussões na estrutura fundiária e nas relações de trabalho. Se não existirem tais investigações, ficaremos todos à mercê de informações desencontradas, que ora prevêem um caos hídrico na região por conta dos eucaliptos beberrões, ora vaticinam a redenção econômica do sul decadente. Um pouco de ciência e de bom senso não fará mal a ninguém.
No entanto, o braço estatal, nesses tempos bicudos, anda curto. E tende a ficar cada vez mais curto, diante da “fuga iminente” de investimentos. Sendo assim, a definição destes regramentos, até onde se pode vislumbrar, passa a ser feita ou influenciada pelos interesses empresariais. Basta ver o modelo de aquisição de glebas de terras adotado por parte de empresa multinacional e o choque previsível com a Constituição brasileira que dificulta a concentração fundiária nas zonas fronteiriças em mãos estrangeiras. Ou ainda as sutis tentativas de cooptar setores do meio acadêmico e do parlamento estadual para obtenção de algum tipo de salvo conduto.
As críticas pertinentes à origem da espécie representam segregação duvidosa. Sem desconsiderá-las, há outras questões decisivas: o modelo de ocupação dos amplos espaços regionais, as pesquisas com o selo e o zelo públicos e o monitoramento das transformações socioeconômicas advindas das florestas implantadas em meio aos outrora gloriosos campos sulinos.

* Professor da Universidade Federal de Santa Maria

segunda-feira, junho 26

Fauna do Campus (I)


No entardecer da sexta-feira, nas proximidades do Prédio 74.

Postagens


Saiu uma fornada nova de postagens para a disciplina "Filosofia e Ensino de Filosofia". Elas estão numeradas, e tratam do tema da primeira unidade, que diz respeito ao problema da caracterização da Filosofia. De todas elas, a que mais me comove é um trecho de Sêneca, de uma carta que ele escreve para consolar uma nobre senhora da sociedade romana (Calígula era o imperador daqueles dias...) que havia perdido o filho, na flor dos anos. A passagem está numa das raras traduções de Sêneca para o português, nas "Cartas Consolatórias", publicada por uma obscura editora chamada Pontes, em 1992. A "carta consolatória" foi um gênero literário típico desse período, mas que perdurou por um bom tempo. Acho que ainda hoje faz sentido. Afinal, tem mãe que perde o filho, e tem filho que perde o rumo.
Na foto, Sêneca, que foi preceptor de Nero, posteriormente seu algoz.

terça-feira, junho 20

"O braço curto do poder público"

Delmar Bressan, na Zero Hora de hoje, retoma o tema dos eucaliptos, "ícone do atual modelo de plantios extensivos para produção de celulose e papel", com um artigo, na página 17 que tem o título que transcrevi acima. Bressan toca em feridas das quais pouco se fala, entre as quais a falta de pesquisas independentes sobre certas aludidas conseqüências do plantio da segregada australiana. Para quem não sabe, Delmar Bressan é professor do Departamento de Engenharia Florestal e editor da revista Ciência & Ambiente, aquela que, segundo algumas línguas, ia durar dois ou três numeros e se converteu, depois de trinta e duas edições numa referência conhecida em todo o Brasil.

sábado, junho 10

Carta de Londrina em favor da Filosofia

O encontro sobre Ensino de Filosofia, realizado recentemente em Londrina, decidiu por um manifesto em favor do ensino de Filosofia, como parte dos movimentos de pressão para a institucionalização do mesmo. Luis Valério postou a carta de Londrina no comentário do post abaixo.

quinta-feira, junho 8

Bloomsday

Tomo a liberdade de reproduzir o convite que recebi de Mestre Guina:

A CESMA, Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, e o Ponto de
Cinema, convidam você para comemorar Bloomsday Santa Maria 2006.

Bloomsday 2006 Santa Maria – RS (BRASIL)

"Bloomsday: the day on which James Joyce's masterpiece Ulysses is set"

16 de junho de 2006
Leituras, Filmes, Música, Arte, Poesia e Prosa
(tudo com um leve tempero Joyceano)

Sexta-feira, 16.06.2006 as 16:00 horas
Centro Cultural Cesma
Rua Professor Braga, 55
97015-530 Santa Maria - RS (Brasil)
fone: +55 55 3221.9165

Sexta-feira, 16.06.2006 as 18:30 horas
Ponto de Cinema Bar
Rua Ângelo Uglione, 1567
97010-570 Santa Maria - RS (Brasil)
fone: +55 55 3221.8800
http://amseverino.sites.uol.com.br/bloomsday.html
bloomsday.santamaria@gmail.com

terça-feira, junho 6

Praxis


Ontem foi inaugurada a nova sede do Praxis. O que eu sabia do Praxis era muito pouco. Alguns alunos do Curso de Filosofia participavam dele, e comentavam sobre as aulas de Filosofia, que faziam parte do mesmo. O Praxis era apresentado como um "cursinho pré-vestibular" popular, e funciona faz já vários anos. Andei pelo quarto andar, visitando as salas, para fazer umas fotos. O que vi me deixou impressionado. Segundo contam, ao redor de quinhentos alunos da UFSM, das diversas licenciaturas, já participaram. Vi gente de todas as áreas, de Matemática a Artes. O que mais me chamou a atenção foi o entusiasmo dos "professores". Não, os alunos também me pareceram muito contentes. A foto ali é do grupo de estudantes=professores da área de Letras. Não coloco uma dos alunos porque deu pane no meu hagadê e estou sem espaço para as fotos. Segundo me contou a Gisele, os alunos da Filosofia andam meio encolhidos na participação.

quarta-feira, maio 31

Os cancros de Ghiraldelli


Andrei, no post sobre Eutanásia, chama a atenção para o blogue do Ghiraldelli. Fui lá ver. Há um texto sobre o que ele chama de "cancros da filosofia" no Brasil de hoje. São três, ensino de filosofia, filosofia para crianças e filosofia clínica.
Transcrevo um trecho sobre o ensino de filosofia:
"Disse e digo mais uma vez: filosofia é, já, no momento em que está sendo feita, diálogo pedagógico, portanto, em certo sentido, ensino. Separar ensino e filosofia para, agora, tentar agrupá-los através da criação de uma área institucional chamada “ensino de filosofia”, que iria fazer uma reflexão sobre o assunto, é não entender nada de filosofia. Quem quer ver como se ensina filosofia ou como se aprende filosofia, uma vez que é filósofo, já viu. Pois se é filósofo, leu filosofia e viu que filosofia é assim: o estudante lê acompanhado do filósofo, que aponta para ele relevâncias no texto. Quanto mais leituras ricas, mais relevâncias distintas e boas, melhor sua formação. E assim, em determinado momento, ele, aluno, se verá filosofando. Não há mágica. Nem ao menos, em certo sentido, há didática. Não há “ensino de filosofia” como algo que mereça uma reflexão. Quem fala em “ensino de filosofia”, em geral, é quem não conseguiu lugar na filosofia propriamente dita. “Ensino de filosofia” é lugar de fracassado da filosofia."
Eu não imagino quem é o alvo dele nesse caso. O que fica evidente é que parece haver, no entender dele, quem separa e depois tenta juntar, etc. O texto tem dois "em certo sentido" que precisariam ser especificado e uma caracterização do aprendizado de filosofia que conclui que não há didática para a mesma. No que me toca, acho que tudo isso merece nossa reflexão, mas vá lá saber quem ele quer cutucar.
A senhora da foto é Simone de Beauvoir, no alto dos seus quarenta e dois anos, clicada por Art Shay. Está no livro que saiu agora sobre ela, no Brasil.