segunda-feira, novembro 6

Velas

Os dias do futuro encontram-se diante de nós
como uma fileira de pequenas velas acesas -
pequenas velas douradas, quentes, e vivas.

Ficam para trás os dias passados,
uma triste linha de velas apagadas;
as mais próximas exalam fumaça ainda,
velas frias, derretidas, e curvadas.

Não as quero ver; me entristece sua forma,
e me entristece lembrar de sua primeira luz.
Adiante olho minhas velas acesas.

Não quero voltar para ver e horrorizar-me
que rápido a linha sombria se alonga,
que rápido as velas apagadas se multiplicam.

K. P. Kaváfis

Os Poemas (1897-1914)
Tradução de R. M. Sulis, M. Jolkesky e A. T. Nicolacópulos.
Edições Nefelibata. Desterro, SC, 2005.

Um comentário:

Unknown disse...

Então... há que celebrar por que a luz da vela é a mesma, no início e no final!! E sem nunca esquecer meu professor...a fragilidade de uma vela acesa é tal que o número de fatores para apaga-la é infinitamente superior ao número de condições que fazem com que permaneça brilhando...