quarta-feira, novembro 15

Filosofia na "Folha"

A Folha de S. Paulo trouxe ontem duas páginas da Ilustrada sobre Filosofia. A matéria tratava do lançamento do livro de Roberto Machado (UFRJ), "O Nascimento do Trágico - de Schiller a Nietzsche", pela Jorge Zahar. "En passant", a matéria trata das transformações no estilo da filosofia no Brasil. Há uma longa entrevista com o Roberto e uma matéria com Renato Janine Ribeiro, sobre vigor e rigor na "Academia".
Transcrevo uns trechos. Vou pregar o jornal no mural do Curso, na quinta-feira, para quem quiser ler tudo.

"Academia ganhou rigor, mas carece de vigor, diz filósofo.

Há falta de atrevimento e de vigor na filosofia brasileira, afirma o professor de filosofia da USP Renato Janine Ribeiro.
Como Roberto Machado, ele diz que o método de leitura rigorosa de textos filosóficos praticado na USP nos anos 50 e 60, que privilegiava trabalhos monográficos e especializados, é hoje o modelo de cursos de pós-graduação em filosofia em todo o país.
Ribeiro lembra, no entanto, que tal método, em princípio, foi positivo. "Foi uma etapa que talvez tivesse que ter sido necessária. Qual era o contraste que você tinha no Brasil? Uma idéia de filosofia que era muito eclética, muito baseada em generalidades. Então creio que era preciso ter um rigor que foi realmente necessário", declara.
"Foi uma coisa positiva, mas trouxe algumas falhas. A área acabou dando importância demasiada à questão dos autores. A discussão de idéias é muito rara na filosofia hoje."
O problema, continua, é que "o método virou princípio". De todo modo, ele afirma que já havia na prática da filosofia daquele período, quando era aluno, "um pressuposto estranho". "Havia uma convicção de que o tempo de filosofar tinha passado."
Num livro da década de 90, "Um Departamento Francês de Ultramar" (Paz e Terra), o filósofo Paulo Arantes diz que o "Método" (assim, com maiúscula) "incluía uma cláusula restritiva severa": "deixemos a filosofia para os filósofos".
A leitura rigorosa e a análise não-dogmática dos textos tornava a falta de idéias na filosofia brasileira uma questão de método, ou, melhor dizendo, quase um objetivo do método.
(...)".

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