segunda-feira, dezembro 31

Intuição

Prometendo "passeios ecobiológicos", surge, no apagar das luzes de 2007, no vizinho município de São João do Polêsine, uma "Faculdade Antônio Meneghetti", que oferece um curso de Administração de Empresas. O jornal A Razão, de 29/30 de Dezembro de 2007 publica duas páginas de publicidade da dita faculdade. Nelas ficamos sabendo que haverá no curso algo como "Psicologia Financeira na Experiência Internacional com descobertas inovadoras sobre a Intuição".
Houve autorização do MEC, diz o texto.
Ontem eu assisti "King Lear", na interpretação de Laurence Olivier. Ao ler sobre esse novel curso me lembrei das palavras do vilão Edmundo: "Se seguires as instruções aí escritas, abres caminho a destinos gloriosos. Aprende: a ocasião faz o homem. Ânimo delicado não assenta a que usa espada."
Para que não leu a peça, o vilão instruía um soldado sobre o destino da dileta Cordélia.
Não sei porque, me pareceu que a frase rimava com o curso de Polêsine.

sábado, dezembro 29

Pedro Freire e Sérgio Assis Brasil

Pedro Mauá Duarte Soares Pinto Freire Júnior. Esse era todo o nome, grande como foi a importância do Freire. Junto com Sérgio Assis Brasil, deixam uma lacuna na vida cultural da cidade. Freire era um apaixonado pelo teatro, e marcou a cidade com seu trabalho na área. Era o que mais próximo podíamos ter de um Bogart gaudério e cosmopolita, ao mesmo tempo.
Sérgio era a generosidade em pessoa. Emprestava, com o mesmo despreendimento, tanto seus livros quanto o motordrive da Nikon F2, objeto de desejo de uma geração. Poucas semanas antes de morrer topou fazer comigo um projeto de fotografar o campus da Ufesm, para uns cartões postais. O caranguejo o levou antes.
A impressão que fico é que com a morte deles um ciclo começa a se fechar. O teatro e o cinema da cidade tem pouco a ver com o bogarismo do freire e com o romantismo do Sérgio.

Profae

Montei no matungo e voltei para casa, fui me instruir sobre o que é o tal do Profae.
O Profae é um projeto do Ministério da Saúde, "Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem". Ele começa por volta de 2000 e em 2003 estava esparramado pelo Brasil. Esse espraiamento incluiu a Ufesm, aFatec, etc. O Profae era um projeto coordenado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, considerado o principal instrumento para a qualificação da força de trabalho atuante na área de saúde. A qualificação profissional de 225 mil auxiliares de enfermagem e 90 mil técnicos em enfermagem era a principal meta do Projeto. Cito um trecho de apresentação do Profae no sítio do Ministério da Saúde:
"Dentre as ações que visam o fortalecimento institucional, estão o Curso de Formação Pedagógica para a especialização de Enfermeiros; a Modernização e Criação de Escolas Técnicas de Saúde do SUS; a elaboração e implantação de um Sistema de Certificação de Competências Profissionais; e a implementação de um Sistema de Informação sobre o Mercado de Trabalho em Saúde, com foco em Enfermagem. (...) É o maior programa nacional de qualificação profissional do setor saúde em desenvolvimento no Brasil, abrangendo os trabalhadores que atuam na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, seja nos ambulatórios, postos e centros de saúde, rede hospitalar pública, privada ou filantrópica. Por meio da formação profissional dos trabalhadores da área de enfermagem, busca-se com o projeto conferir melhor qualificação técnica e preparação para a humanização dos cuidados em enfermagem."
O Profae era um cavalo encilhado, e foi montado na Ufesm, com toda a pompa e circunstância. Provavelmente a competência da Ufesm foi apresentada pelas autoridades de plantão. Convênios foram assinados e as burras da Fatec foram abarrotadas com milhares de reais. Até o Colégio Industrial teve (ou não?) curso de enfermagem. No início, o Profae funcionava perto de uma pró-reitoria da Ufesm, na gestão do Prof. S.. Depois foi removido para as dependências do Curso de Enfermagem. Depois, depois, eu não sei, mas parece que foi assumido por uma instituição privada no centro da Boca do Monte.
Assim vai o mundo. O dinheiro público começa na Ufesm, com todo o apoio de reitores e deputados e ex-ministros. Depois, amada, depois, ninguém sabe, ninguém viu.
Que venha 2008, para ver se a gente lembra de alguma coisa.

Enfermagem

Eu li em algum lugar, creio que foi em um informativo da Ufesm, que lá pelos anos de 2000 o Colégio Técnico Industrial, tinha um curso técnico em enfermagem, com quase dois mil alunos. Achei que estava lendo mal. Fui atrás, numa dessas páginas do sítio da Ufesm e de fato estava lá esse trecho:
"No ano de 2000 foi criado um novo curso técnico no CTISM (Técnico em Enfermagem).
O Colégio Técnico Industrial, em 2004, conta ainda com 1521 alunos matriculados no Curso Auxiliar de Enfermagem PROFAE e 813 alunos matriculados no Curso Técnico em Enfermagem - PROFAE: Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Estas turmas estão em andamento e por iniciar."
Ontem passei, só de curioso, no Colégio Industrial, para saber dessa coisa tão estranha, um curso de enfermagem em um colégio industrial, mas não passei da portaria. Perguntei se ali tinha um curso de enfermagem e o rapaz me olhou com pena, como se eu fosse um desmiolado. Onde se teria visto tamanha impropriedade, ele parecia dizer.
Eu montei no matungo e voltei para casa.
Onde teriam ido parar tantos alunos? Devo estar mesmo desmiolado. É esse sol, esse fim de ano.

O silêncio

O Prof. Sarkis, ex-reitor da Ufsm, rompeu o silêncio que mantinha desde a madrugada do dia 6 de novembro. Ele divulgou uma nota, por meio de "A Razão", na qual se queixa do tratamento incorreto que recebeu por parte de "jornal local".
O Diário de Santa Maria é o tal jornal local, por certo. O tom geral da declaração é familiar: "Jamais tive ciência de que qualquer atividade dentro desses contratos [Detran/Fatec/Fundae] fosse ilegal ou irregular."
Vai aqui um dos trechos:
"Em todos estes projetos, a minha participação se limitava à apresentação inicial da Instituição e de suas potencialidades na área em discussão. A discussão sobre a forma de operacionalizá-los, orçamento, forma de pagamento, texto de contratos ou outros ajustes, passava a ser feita entre os grupos diretamente envolvidos na execução do projeto. Quando a UFSM era parte nos acordos, os textos dos mesmos eram analisados pelas instâncias legais da Universidade. Quando a Fatec era contratada diretamente, cabia ao órgão interessado e à Fatec definirem os termos dos ajustes, nada tendo a ver, nesses casos, as instâncias da Universidade. Na relação Detran-RS/Fatec, minha participação se deu em duas reuniões ocorridas no Detran-RS. Na primeira, fiz a apresentação da UFSM e de sua qualificação, com base da experiência do Peies. Na segunda, testemunhei a assinatura do contrato Detran-RS/Fatec. Como a Universidade não era parte neste contrato, a sua execução e renovação se deu sem qualquer participação minha. Isto é verdadeiro, inclusive nas renovações de 2006 e 2007, fora do período da minha gestão na UFSM."
O trecho é rico em informações. Como diria Charles Travis, seguindo Frege, questões sobre a verdade dos enunciados são posteriores à questões sobre interpretações. Nesse caso fico na dúvida sobre os seguintes pontos:
a) como compreender a frase "apresentar as potencialidades da instituição na área", se, depois, a operacionalização do projeto parecia depender da contratação de empresas de fora, como a Pensant? A "potencialidade" estava fora da Ufsm, então?
b) a Ufesm não era parte no contrato do Detran, diz o texto; ela então apenas emprestou o terreno para a construção do prédio e emprestou um gerente que pertencia aos seus quadros? Esses empréstimos ocorreram então a que título? E os demais professores e estagiários de cursos da Ufsm que participaram do projeto?
Esse estilo de declarações tem se repetido e tem sido usado pelos atuais dirigentes da Ufms: a Ufsm nada tem a ver com esses projetos, são da Fatec, etc...
Em 2008 devem estourar outros escândalos envolvendo a Fatec. O mecanismo é o mesmo: dinheiro público que é trazido para dentro da Instituição, pela sua respeitabilidade; o dinheiro é trazido com fins nobres, por exemplo, para formação complementar de profissionais na área tal e tal. O dinheiro é guardado na Fatec, e o executor do projeto, algum professor respeitável, toma as decisões administrativas, faz despesas sem licitação, mediante a simples apresentação das notas fiscais. Isso envolve, porém, a estimativa de custos de prestação de serviços, de difícil avaliação. Essa é a porta aberta para um pequeno paraíso. Na origem, normalmente há dinheiro público. Eu digo "normalmente" porque em alguns casos o dinheiro do projeto abrigado na Fatec vem de empresas privadas. Milhões, diga-se de passagem. As empresas privadas usam a Ufsm para certificar produtos, por exemplo. O tempo de trabalho, no entanto, é da Ufsm, e por isso questiona-se, faz muito tempo, a singeleza da interpretação usualmente feita: se o dinheiro é privado, a Ufsm nada tem a ver com isso. Essa interpretação significa o esvaziamento progressivo do conceito de planejamento institucional, pois pesquisa-se aquilo que for demandado no balcão pessoal de negócios do professor.
Um reitor que entende que é bom para a Ufsm meter-se no trânsito tem um estilo. Como ele mesmo diz, que o tempo e a Justiça Federal que o julguem.

domingo, dezembro 23

quarta-feira, dezembro 12

Palestra

Está confirmada a palestra de Desidério Murcho, para amanhã, quinta-feira, às 15.00 horas, na sala 2323 do prédio 74. O tema será ensino de filosofia.

segunda-feira, dezembro 10

Senza Paura!


Longo lo cammino ma grande la meta. Contro il saracino seguiamo il profeta. Vade retro Satan. Vade retro Satan. Senza armatura, senza paura, senza calzari, senza denari, senza la brocca, senza pagnotta, senza la mappa, senza la pappa.

Pimenta e colírio

A culpa é da UFSM, me relataram os que ouviram o deputado Pimenta hoje, no jornal da tevê. Teria sido esse o tom das declarações do deputado. Na falta da tevê, li a nota, na coluna claudemirpereira.com.br; estaria eu lendo mal? O Claudemir me deu a impressão de ser mais um a comprar o boi pelo dinheiro pedido. Agora tudo é culpa da Ufesm. A emenda do deputado veio a cair na mão dos correligionários do cujo e a culpa é da Ufesm?
Ou seria da "quadrilha" a que o deputado se refere? Se é da quadrilha, o círculo formado pelas ações que começam com o deputado cedendo aos nobres apelos do ex-reitor é como a cobra do Paul Valery, que come o próprio rabo e se queixa do gosto de serpente que sente. A cena é comovente: um ex-reitor apela aos nobres sentimentos do deputado para fazer emendas. O nobre deputado fica sem saber o uso de suas emendas, snif, snif.
E o soneto, como fica? A instituição, o Conselho Universitário, quando vão se manifestar?
Se tem quadrilha, tem chefe. O chefe da "quadrilha" vai cair sozinho?
O MP quer as notas fiscais e o demonstrativo de pagamentos. É tão difícil isso? Não acho.
Vem bomba.

Gabriel

Na terça feira passada, dia 4 de Dezembro, foi feita uma homenagem ao Gabriel, com o lançamento de um livro de textos e fotos dele. Fiz algumas fotos da cerimônia, que estão em
http://gallery.mac.com/ronairocha

domingo, dezembro 9

Laboratório de Ensino

Terça, dia 11, 15.00 horas, haverá uma sessão de trabalho sobre currículo de filosofia para ensino médio na sala do Laboratório de ensino de filosofia, prédio 74. Entrada franca para estudantes e professores de filosofia.

sábado, dezembro 8

Zero Hora

"Mais uma vez o bom nome da Universidade Federal de Santa Maria está no meio de uma confusão". A frase, de Rosane de Oliveira na ZH de domingo, 9 de dezembro, é sobre o tema abordado por Iara Lemos no Diário: a emenda do Deputado Paulo Pimenta, destinada à UFSM, no valor de 150 mil reais, que acabou em meia dúzia de sapatilhas de balé. A ZH deu página inteira ao tema. Os versos cantados pelos personagens ouvidos são os de sempre: ninguém sabe, ninguém viu, ninguém é responsável por sapatilha nenhuma. O diretor da FATEC diz que, se houve erro, o problema é do pró-reitor. O pró-reitor diz que só tem a ver com a autorização financeira. Conclusão: esses projetos - existem dezenas deles - tem sempre um triângulo das bermudas.
Ou das calças curtas.
Mais uma vez a UFSM, onde tem tanta gente boa e tanto projeto correto, está no meio de uma confusão. E isso vai continuar, como adivinha quem olha para as fumaças.
Pedi uma vez e peço de novo para o povo da Reitoria e da Fatec: tornem pública a lista de todos os projetos abrigados na casa, com autores, temas e recursos, empresas de assessoria vinculadas, etc. E não me venham com a conversa de "cláusula de sigilo" que os executivos da Fatec usavam. Desde quando uma instituição de pesquisa de conhecimento aceita cláusulas de sigilo?
Acho que vou convidar o Mestre Guina para ser meu líder, eu fico como fiel escudeiro, e, com o apoio de dom Bressan e dos leitores do blogue, vamos montar um exército de Brancaleone e rumar para a Reitoria da Ufesm, rataplan, eia sus, oh sus e etc.

Diário de Santa Maria

O Diário de Santa Maria deste final de semana (8 e 9 de dezembro) traz uma matéria assinada por Iara Lemos, "Uma emenda e muitas dúvidas" que mereceria o primeiro lugar no jornalismo investigativo da Boca do Monte neste ano.
O Diário se recuperou ao longo do ano. A meu juízo, o jornal foi ingênuo no tratamento que deu ao assunto das antenas; comprou o boi pelo preço que pediram e com isso deu a impressão de fazer o papel de relações públicas do grupo que hoje está na berlinda.
A matéria da Iara é muito boa. A minha principal dúvida, depois de lê-la é sobre quem, na UFSM, foi o responsável pela proposição conceitual do projeto. Vamos aguardar os próximos dias, pois o assunto, pela natureza explosiva, vai dar o que falar. Parabéns à Iara Lemos!

Palestra de Desidério Murcho

Na próxima quinta-feira, dia 13 de dezembro, estará em Santa Maria o professor Desidério Murcho. Ele vai dar uma palestra abordando o tema do ensino de filosofia, na sala 2323 do prédio 74, no Campus, as 15.30 horas. A palestra é aberta ao público. O Prof. Desidério é um dos autores do "Arte de Pensar" e de muitos outros livros. Também é o responsável pelo sítio "críticanarede".

sábado, dezembro 1

Cachorros grandes no Projovem

O texto abaixo está no sítio do Ministério Público:
"Vereador Adeli Sell entrega dossiê sobre ProJovem à Polícia Federal.
O vereador Adeli Sell (PT) entregou ontem à Polícia Federal um dossiê apontando supostas irregularidades na administração do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), promovido pela prefeitura de Porto Alegre.
Ele espera que seja investigada a administração do projeto realizado pela Fundae, da Universidade Federal de Santa Maria, entidade envolvida no esquema de fraudes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), desarticulado há cerca de duas semanas pela Polícia Federal.
De acordo com o vereador, o ProJovem da Capital recebeu, R$ 11,2 milhões do governo federal, dos quais R$ 10,4 milhões foram repassados para a Fundae. "Não encontrei o delegado Ildo Gasparetto, mas deixei o documento no gabinete dele e confio na seriedade do seu trabalho", afirmou Sell.
Ele ressaltou também que o ex-secretário municipal da Juventude Mauro Zacher chegou a apresentar números divergentes sobre os alunos beneficiados. Sell alegou que no início do ano o então titular da pasta disse que havia 330 formados no programa e 1.621 prestes a concluí-lo. Porém, em abril, afirmou que seriam 1,2 mil formados, o que significaria uma reprovação de 751 alunos."
Sei não. Tem briga de cachorro grande nessa história. A Ulbra está assumindo o Projovem, depois do fim do contrato da Fundae. Há centenas de instrutores envolvidos, e muito desse dinheiro teve o destino correto, por certo. Se o grande argumento do homem do chapéu é a diferença de formandos, ao redor de trezentos e poucos, sei não... A ver.

Projovem

Volto ao tema do Projovem, que promete. O sítio da Presidência, como disse abaixo, informa o nome do responsável pelo Projovem no Rio Grande do Sul. Dei um copiar e colar:

"Porto Alegre/RS
Instituição Formadora: FUNDAE - Fundação para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura
Nome do Responsável: Professor Johanne Basso Vieira.
Porto Velho/RO
Instituição Formadora: FUNDAE - Fundação para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura
Nome do Responsável: Professor Johanne Basso Vieira".

O notável, diz uma leitora do blog, em conversa pessoal, é que não se trata de um professor, e sim de uma professora.
O sítio da PR, com todo o respeito, informa erradamente. A ver.

terça-feira, novembro 27

Constrangimento

Reproduzo o artigo de Delmar Bressan, publicado no Diário de Santa Maria, de sexta-feira passada.

Constrangimentos na Academia

Delmar Bressan
Professor da UFSM

O episódio envolvendo a Fundação de Apoio à Tecnologia e à Ciência (Fatec) e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) desnuda a crise de representação que assola o meio universitário. A reação estratégica de constrangimento geral, como se a Fundação fosse um corpo estranho à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é um claro sintoma desse problema.
O fato é que não há papel para anjos nessa cena. Basta ler com atenção o documento estatutário que, em seu artigo 8º, reza: “A Fundação é dirigida por um Conselho Superior”. E quem, afinal, compõe essa instância superior ? Pró-reitores, diretores de Centros de Ensino e do Hospital Universitário, representantes indicados pelo Conselho Universitário da UFSM, Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, entre outros.
Entre as funções desse conselho sobressaem-se: escolher a diretoria executiva, aprovar atividades e proposta orçamentária, julgar contas, apreciar relatórios. Portanto, definir os dirigentes, os rumos e a lisura das práticas sob a tutela fundacional.
O que teria acontecido, então ? Estariam os conselheiros participando de eventuais desvarios na Fundação ? É óbvio que não. Ao que parece, o egrégio conselho não está desempenhando as suas funções na plenitude e por isso deve fazer o seu ato de mea culpa. Ato de contrição a ser seguido por todos, já que são modestos os registros de questionamentos, excluídas as habituais escaramuças das bancadas estudantil e sindical. Em bom português: ninguém, em tempo algum, esteve impedido de verificar o modus operandi da fundação.
O que resulta insuportável é ler e ouvir manifestações compungidas de certas “reservas morais” da academia, acompanhadas de propostas ingênuas de transparência. Como se, sob as asas da Fundação, estivesse abrigada toda sorte de especialistas em evasão de dinheiro público.
Pergunta-se: por que tais soluções não foram formuladas anteriormente, por exemplo, via diretores de Centros de Ensino ? Assim soa oportunismo. Significa colocar a totalidade dos projetos lá desenvolvidos na mesma cesta das maçãs maculadas pelos descuidos na colheita. Significa, igualmente, desconsiderar a colaboração que esse tipo de organização tem emprestado às universidades nas últimas décadas.
Enfim, antes de embarcar na canoa ligeira da demagogia, convém, aos integrantes da academia e da comunidade, propor intervenções saneadoras, a cada momento, em suas respectivas instâncias de representação. Trata-se de agir bem antes dos maus acontecimentos, sob pena de sobrar a opção do lamento constrangido."

domingo, novembro 25

Ser e Tempo


O Prof. Ernildo Stein, na palestra de encerramento do Colóquio realizado na PUC de Porto Alegre, por ocasião dos oitenta anos da publicação de "Ser e Tempo".

quinta-feira, novembro 22

Com paixão

 

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quarta-feira, novembro 21

Projovem (2)

Ouvi coisas muito boas sobre o Projovem e resolvi me informar mais a respeito do mesmo. Fui para o sitio, uma página oficial, evidentemente, da Presidência da República, Secretaria Geral. A Coordenadora Nacional do "Programa Nacional de Inclusão de Jovens" é Maria José Vieira Feres. Os grevistas dos anos oitenta lembram dela, uma das mais combativas e importantes militantes do movimento docente. Depois foi autoridade universitária ainda mais importante, ocupou todos os cargos na hieraquia acadêmica. É um grande quadro.
O sítio do Projovem traz a lista dos coordenadores do programa em cada estado. No caso do Rio Grande do Sul, consta como Coordenador do Projovem o Sr. Johanne Basso Vieira. A mesma pessoa também consta como coordenador do Projovem de Porto Velho, Rondonia. E nos dois casos, em nome da FUNDAE de Santa Maria. Fiquei curioso para saber mais sobre como funciona isso? Alguém sabia que a Fundae, de Santa Maria, toca um projeto do Projovem em Porto Velho, RO?
E quem é o representante da UFSM junto a esse programa? Até julho de 2006, se me lembro bem, a Coordenadora era uma professora do Centro de Educação da UFSM.

Nomes

De fato, o que nos sobra, no final das contas, é o nosso nome, já percebia bem o velho Homero, na Ilíada.
A passagem mais importante sobre isso está no Canto VI, Héctor e Andrômaca: o adeus, na linha 120

"Então Glauco Hipolóquio e o filho de Tideu se defrontam, no meio de ambas as facções, ávidas de combater. Diomedes, voz altíssona, fala primeiro:
"Quem és, mortal bravíssimo, que antes não vi na guerra que dá glória?

E etc.

terça-feira, novembro 20

Leituras da noite

De Simone Weil, no livro "O Enraizamento", Edusc, (2001).

“A verdadeira definição da ciência é que ela é o estudo da beleza do mundo”. (p. 236)

“A investigação científica não é senão uma forma da contemplação religiosa”. (p. 236)

A falta que nos faz.

Perguntas para um jornalista

1. Quem negociou a "Operação Maranhão" em nome da FATEC/UFSM em São Luís?
2. Quais os critérios acadêmicos de formação universitária que foram invocados para justificar tamanha "operação Rondon?"
3. Qual a opinião do presidente do Conselho Universitário da UFSM/Fatec sobre essas estocadas quase internacionais?

Res extensa

Deu em um jornal do Maranhão:

"O governador Jackson Lago mandou suspender o contrato entre a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), da Universidade Federal de Santa Maria RS, e o Departamento Nacional de Trânsito (Detran-MA), para realização de exames nos candidatos a motorista. A decisão foi anunciada pela secretária de Segurança Cidadã, Eurídice Vidigal, que resolveu intervir no processo em função das denúncias de irregularidades que estouraram no Detran do Rio Grande do Sul envolvendo a Fatec.
O diretor-geral do Detran, Fernando Palácio, disse que o contrato assinado com a Fatec, no dia 19 de outubro último, "foi feito dentro da legalidade" e que a documentação apresentada pela empresa estava regular. Palácio explicou também que não foi feito ainda nenhum pagamento à Fatec, mas que o Governo resolveu agir de forma preventiva para evitar eventuais danos. Na terça-feira, o diretor-geral já havia alertado que se viesse a aparecer indício "da existência de qualquer irregularidade" o contrato poderia ser suspenso.
A Fatec passou a trabalhar para o Detran após a fundação anterior, a Carlos Chagas, haver solicitado a revogação do contrato de prestação de serviço em caráter definitivo, o que obrigou o órgão a buscar alternativa para garantir a expedição de carteiras de habilitação. Mas a Fatec, segundo a imprensa nacional, estaria cometendo irregularidades no Rio Grande do Sul, o que levou a Polícia Federal a investigar denúncias de desvio de recursos."

Perguntas por partes, como diria Jakson, o estripador.
1. Então o contrato já estava assinado?
2. Porque a Fundação Carlos Chagas rompeu o contrato? Por falta de pagamento, dizem.
3. E o que motivou a FATEC, no meio da sulina pampa a sair em desabalado galope rumo aos lençóis maranhenses para assinar um contrato com um estado inadimplente? Qual foi a vocação extensionista a motivar tal gesto abnegado?
Que segredos não nos guarda São Luís...

Projovem

Conversei longamente com Marcos Rolim faz poucos minutos. Alguém lhe informou sobre a postagem abaixo, "Espera", e ele tomou a iniciativa de me ligar, para trocar uma palavra. Contou que sim, prestou assessoria (mais do que isso, trabalho efetivo de formação) à Pensant e à Fundae, vinculada exclusivamente ao projeto Projovem. Mas apenas no Projovem.
"Pode escrever no blogue que nunca tive nenhuma relação com o Detran".
Felizmente para mim e para os leitores do blogue, nunca passou pela minha cabeça que houvesse essa relação, como se pode ver abaixo. Tenho por Marcos Rolim o maior respeito humano, político e intelectual, e foi em nome disso que expressei minha convicção que poderia esperar a palavra dele sobre essa conjuntura que envolve uma empresa na qual ele prestava assessoria. Foi a experiência dele na área de inclusão que lhe motivou a aceitar o convite que recebeu para trabalhar com políticas que conhece muito e há muito tempo.
Como eu e tantos outros, Marcos Rolim espera que as investigações sejam levadas a efeito da forma mais exata e o mais rapidamente possível. Certos juízos, quando postos diante de um horizonte mais largo, devem ser temperados pela espera.
Mestre Guina, mais um banquinho, por favor.

segunda-feira, novembro 19

O baile

Em um sítio do Ministério público estão resumidos os fatos da Operação Rodin. São esses, literalmente:
Fato 1, segundo o MP: "O Detran contratava, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia, e sua sucessora, a Fundação para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura, ligadas à Universidade Federal de Santa Maria, para elaboração dos exames de avaliação teórica e prática de habilitação de motoristas."
Resposta: as pedras do Arroio Cadena estão cansadas de saber isso. Isso nunca foi segredo para os mosquitos do arroio que passa atrás do Restaurante do Augusto.
Opinião da PF 1: "Como isso não é pesquisa universitária, a licitação era necessária", declarou o chefe do Núcleo de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, delegado Alexandre Isbarrola.
Digo eu: a Fatec faz qualquer coisa, inclusive abriga alguns projetos de pesquisa autenticamente universitária, mas isso os caramujos do fundo do meu pátio andam de caracol cheio de saber.
Fato Hipotético 1: "Na seqüência, as fundações cometeriam a irregularidade de terceirizar os serviços que prestariam ao Detran para empresas privadas pagando preços superfaturados e também por serviços não prestados.
Bueno 1: "Bueno, digo eu, vamos formalizar:
a) Existe um x tal que x, nas condições y, faz z.
b) e etecetera e tal.
c) se provarem que pê, pagamentos de precos super e serviços não prestados...
d) então... começaria o baile da afundação.
Finalmente: "Quando recebiam o pagamento, as fundações ficariam apenas com o valor equivalente aos seus custos e repassariam o restante às empresas terceirizadas. Estas, por sua vez, fariam parte da verba chegar aos agentes públicos que haviam dispensado as licitações"
A primeira parte é acaciana. A segunda parte, "estas, por sua vez, etc...", se provada, acaba com a aposentadoria dos até hoje indiciados.
Isso não é pouco.
Mas é tudo, no final das contas.
Em todo caso, a palavra agora está com o MP e com a PF, que estão com uma nota promissória na rua.

Singeleza

Mário Gaiger, atual presidente da Fundae, assinou uma nota nos jornais do final de semana, explicando o affair. O núcleo da descrição dos fatos é esse:

"O DETRAN-RS mantinha contrato com a FATEC, o qual foi rescindido em abril de 2006;
No dia 06 de abril de 2006 a FUNDAE foi procurada por empresa de consultoria que, sob o argumento de que não poderia haver solução de continuidade nos exames para obtenção da CNH, propunha que a Fundação assumisse o lugar da FATEC;
Foi agendada reunião em Porto Alegre para que o assunto fosse tratado junto ao DETRAN-RS, com a intermediação da referida empresa de consultoria;
A FUNDAE, naquele momento, não dispunha de know how, nem equipe montada para assumir tamanha obrigação na data prevista, qual seja 15 de maio (40 dias após o primeiro contato);
A solução apresentada à diretoria da FUNDAE era singela: bastaria que a FUNDAE contratasse a FATEC para que esta que já dispunha do conhecimento e pessoal continuasse a dar o suporte necessário. A FUNDAE assumiria os contratos dos encarregados de examinar os pretendentes a obtenção ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação. A FATEC continuaria prestando os serviços de suporte no que se referisse ao software, enquanto a empresa de consultoria prestaria os serviços de supervisão, auditoria de soluções de tecnologia da informação e comunicação".

Afinal, porque mesmo foi rescindido o contrato do Detran com a Fatec em abril de 2006?

O parecer da Juíza diz que "ao que tudo indica, a rescisão deu-se por conta da manifesta resistência do novo Reitor da UFSM, Clóvis Silva Lima, à atuação das sistemistas. Considerando ter o reitor da UFSM peso expressivo no comando da FATEC, como já assinalado acima, a opção dos mentores do esquema foi no sentido de retirar o contrato de tal fundação, repassando-o à outra, qual seja a FUNDAE, na qual não tem participação na administração. Possivelmente, assim, o fato se relacione com a perda de influência de José Antônio Fernandes (principal sócio da Pensant Consultores) e de Paulo Jorge Sarkis (ex-reitor da UFSM), responsáveis pela configuração original do esquema, junto à FATEC."

Sistemistas são as empresas que faturaram os tais 31 milhões de reais (ou 40, em outras versões).
Na descrição do presidente da Fundae, ele foi procurado "por empresa de consultoria", isto é, por uma das sistemistas. A cena é patética: a Diretoria da Fundae, reunida, ouve uma exposição feita por uma empresa privada (que iria ganhar uma enorme fatia do bolo). A empresa propõe a assinatura de um contrato milionário. A diretoria retruca que não tem como fazer o serviço. O consultor responde: "E precisa?"
A Fundae não foi procurada pelo Detran nem pela UFSM. Ela assinou sabendo que tudo ficaria como dantes no quartel. Está na nota publicada ontem n'A Razão.
Falando em A Razão, é cobertura ou fechadura?
No mais, aceito a oferta do banquinho para esperar no que vai dar. Entro com um chimarrão bem cevado.

domingo, novembro 18

Afundações

Em Porto Alegre, na UFRGS, tem afundação. Lá, no entanto, há um Conselho Universitário que não se mixa. Aqui, que me lembro, as vozes que ergueram a favor de um pouco de ceticismo quanto às boas intenções foram esquecidas. Os dirigentes superiores das duas últimas reitorias deram curso a um processo de "integração" da pesquisa com a "comunidade" que se pautou pela anomia e pelo patrolamento do Conselho Universitário. Não faria mal comparar o funcionamento das duas instituições. Não faria mal perguntar porque certas empresas - especialmente no setor das ciências rurais e florestais - tem manifestado uma grande preferência pela ufesm (por muitos anos vamos ter que escrever assim, em caixa baixa); não tiveram chance na UFRGS.
Depois de duas semanas de crise, a Fundae pariu uma nota de perplexidade: não sabiam de nada, nunca antes, etc.
Depois de duas semanas de crise, a ufesm não pariu nenhuma nota sobre nada da afatec.
Segundo arazão, o vice-disse que ia fazer de conta que não havia visto os protestantes-estudantes quebrarem os vidros, etc. Ninguém sabe, ninguém viu.
E o Conselho Universitário daqui, vai continuar fazendo de conta que a afatec não fica dentro do Campus? E que culpa temos nós se os diretores de centro não entendem de contabilidade? Não deveriam contratar contadores isentos para examinar a papelada?
O povo, na rua, continua perguntando sobre auditorias mal havidas sobre projetos que financiaram, além de coquetéis, investimentos no ensino superior privado.
Como diria a Marilena do Oiapoque ao Chauí, vamos esperar que os promotores públicos e a polícia federal façam mais denúncias e prisões ou alguém de dentro da diretoria da afatec tem alguma coisa roxa para mostrar e enxotar as lebres?
Eu levei uma mijada de um Diretor de Centro, quando, no Conselho Universitário, pedi ao atual Vice-Reitor, assumindo o cargo, que desse umas vassouradas na afatec. A autoridade diretiva me ironizou, dizendo que o dito vice já estava perfeitamente a par de tudo, etc. Fiquei na minha. Vassoura nova pode apresentar surpresas, confiei. Deve estar em alguma ata do Consu, como estão em atas do Consu algumas brigas minhas com alguns que hoje andam na mira da polícia.
Confio, por mais uns dias.
Depois, me esperem. A vida é curta.

sábado, novembro 17

quinta-feira, novembro 15

Mesa de abertura


Da esquerda para a direita, professores Noeli, Frank e Marcelo. Sessão de abertura do IX Colóquio Conesul de Ciências Formais, sem patrocínio de afundacões.

Prof. Oswaldo


O Prof. Oswaldo Chateaubriand, na sessão de abertura do IX Colóquio Conesul das Ciências Formais, organizado pelo Prof. Frank Sautter.
Tem mais no Flickr ("Algumas fotos", link ao lado).

quarta-feira, novembro 14

XI COLÓQUIO CONESUL DE FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS FORMAIS

O tema este ano é "Negação", o local é o Hotel Itaimbé. O organizador é o Prof. Frank Sautter.
A programação é essa:

Quarta-feira, 14.11.2007:
20:00 – 20:30 Cerimônia de abertura
20:30 – 22:00 Conferência de abertura:
Jairo José da Silva (UNESP): O conflito entre as demonstrações reais da matemática e suas versões formais

Quinta-feira, 15.11.2007
09:30 – 10:20 Rogério Correa (UFG): A negação como operação formal
10:20 - 11:10 Alexandre Noronha (UFBA): Negação e proposições da Lógica no Tractatus de Wittgenstein
11:10 – 12:00 André Porto (UFG): Domínios, a regra da eliminação da indução e possibilidade em princípio
15:00 – 15:50 Guido Imaguire (UFC): A intensionalidade oculta das estruturas extensionais
15:50 - 16:40 Dirk Greimann (UFSM): A negação fregeana do número 2 (segunda parte)
As duas palestras acima terão, como debatedor, Jaime Rebello (UFRGS)
16:40 - 17:00 Coffee-break
17:00 - 17:50 Luiz Carlos Pereira (PUC-Rio): Negação no último Wittgenstein
17:50 – 18:40 Abel Lassalle Casanave (UFSM): Negação como operação formal em Hilbert

Sexta-feira, 16.11.2007
09:30 - 10:20 Décio Krause (UFSC): ¬∀x (Entidade(x) → Identidade(x))
10:20 – 11:10 Marcelo Coniglio (UNICAMP): Lógicas da inconsistência formal e negações paraconsistentes
11:10 - 12:00 Marcelino Pequeno (UFC): Handling exceptions in nonmonotonic reasoning
15:00 – 15:50 Javier Legris (UBA): Sobre la interpretación de la negación intuicionista
15:50 - 16:40 Jorge Molina (USC): Negação e dupla negação no intuicionismo de Brouwer
16:40 – 17:00 Coffee-break
17:00 – 17:50 Oscar Esquisabel (UNLP): El problema de la negación em Leibniz
17:50 - 18:40 Oswaldo Chateaubriand (PUC-Rio): Negação em Logical Forms

Sábado, 17.11.2007
09:00 – 09:50 Carlos Miraglia (UFPEL): A concepção darwinista do refutacionismo de Popper frente à ontologia dos três mundos
09:50 - 10:40 Wagner Sanz (UFG): Negação: verdade ou falsidade?
10:40 - 11:00 Coffee-break
11:00 - 11:50 José Seoane (UDELAR): Metáforas en lógica: una aproximación preliminar
11:50 – 12:40 Frank Sautter (UFSM): A noção kantiana pré-crítica de negação
15:00 - 16:30 Conferência de encerramento:
Marco Ruffino (UFRJ): Sensibilidade contextual e minimalismo semântico

Domingo, 18.11.2007
10:00-12:00 Reunião do Projeto de Cooperação Acadêmica PUC-Rio/UFSM/UFC (restrita aos integrantes do referido projeto e aos convidados do XI Colóquio Conesul de Filosofia das Ciências Formais)

terça-feira, novembro 13

Empresas e esperas

Quase meia dúzia de empresas estão saindo indiciadas nesse inquérito da Polícia Federal. Eu espero que algum dirigente da UFSM solicite formalmente à Fatec a lista de qualquer outro projeto tocado pela FATEC que eventualmente tenha negócios com as empresas formalmente indigitadas.
Ou será que vão esperar que alguém com assento no Conselho Universitário formalmente exija isso?
Ou será que alguém vai fazer de conta que não pensa?

Mala preta

Todo projeto ancorado na FATEC e tocado por gente da Usm tem que pagar um pedágio; afinal, usa-se gente, instalações, tempo da Usm. Assim, cada projeto deixa no caixa da Reitoria um tantinho, cinco, seis por cento, não sei. Desse caixa, a parte dourada fica para o Gabinete do Reitor, e o restante é repartido com os centros de ensino, para os Diretores. Essa caixa pode ser usada à discrição e conveniência dos envolvidos, bastando que existam notas fiscais, etc. Bueno, agora que fica evidente que havia mal havida moeda, como fica a Usm, que, em princípio, pode ter usado dinheiro mal tido?

segunda-feira, novembro 12

Espera

Um dos think tank da política gaúcha, ex-aluno da UFSM e reserva moral da esquerda tem sua palavra ansiosamente aguardada por muita gente. Marcos Rolim consta do site da empresa Pensant como um dos seus consultores, e o mesmo se aplica à Fundae. Rolim é um dos maiores conhecedores do tema "segurança" no Brasil. Em seu currículo consta um ano ou mais em Oxford, estudando o tema. Foi convidado pela Pensant para dar consultoria para ações de inclusão da juventude. Diz no site:
"O Jornalista Marcos Rolim, especialista em Políticas Públicas para a juventude e Consultor da Fundae, fala sobre o ProJovem.
'As prefeituras de capitais que têm aderido ao ProJovem talvez não tenham a exata dimensão do significado histórico do programa. Em muitos casos, como em Porto Alegre, dificilmente a administração municipal terá a chance de executar um programa social de maior impacto e importância'.
Na ZH de hoje, Rosane de Oliveira diz que o Projovem está entrando na berlinda. Estou seguro que Marcos Rolim, fiel ao seu perfil histórico, não nos deixará sem sua palavra sobre esta conjuntura.

Pacto pelo Rio Grande

O sítio da Pensant traz a relação da equipe que trabalhou no projeto "Pacto pelo Rio Grande", trabalho que consta na relação de projetos tocados pela empresa. A lista é esta:

"Equipe Pacto Pelo Rio Grande
Presidente
Deputado Fernando Záchia
Comissão Executiva
Coordenador Deputado Cézar Busatto (PPS) 
Deputado Raul Pont (PT) 
Deputado Jair Soares (PP) 
Deputado Márcio Biolchi (PMDB) 
Deputado Giovani Cherini (PDT) 
Deputado Luis Augusto Lara (PTB) 
Deputado Ruy Pauletti (PSDB) 
Deputado Reginaldo Pujol (PFL) 
Deputado Berfran Rosado (PPS) 
Deputado Heitor Schuch (PSB) 
Deputada Jussara Cony (PC do B)
Assessoria Técnica: 
Coordenador Prof. José Antônio Fernandes MSc Economista / Modernização
Prof. Paulo Jorge Sarkis Msc Engenheiro / Desenvolvimento
Darcy Francisco Carvalhos dos Santos - Economista / Realismo Orçamentário
Prof. José Odim Degrandi Msc Administrador 
Prof. Marcos Rolim - Jornalista
Dra. Denise Nachtigall Luz - Advogada
Dra.Gabriela Nehme Bemfica - Advogada
Dra. Liz Beatriz Sass - Advogada
Dr. Ferdinando Fernandes - Advogado
Francene Fernandes Msc Psicóloga /Gestão de Pessoas 
Ipojucan Seffrin Custódio - Administrador
Juliana dos Santos Cauzzo - Administradora
Diogo De Gregori – Bacharel em Direito
Assessora Executiva: 
Stela da Silva e Silveira
Auxiliares Técnicos: 
Mário Jaime Gomes de Lima - Acad. de Economia 
Mariana Todeschini - Acad. de Relações Públicas
Consultores Especiais:
Prof. Pedro Silveiro Bandeira Dr. Economista - UFRGS
Prof. Roberto da Luz Júnior Msc Economista - UFSM
Prof. Pedro Einstein dos Santos Anceles Msc Tributarista - UFSM
Colaboradores da UFSM:
Dr. Mauro Valdir Schumacher - Créditos de Carbono
Dr. José Fernando Schlosser - Agronegócios
Dr. Geraldo da Silveira - Recursos Hídricos
Dr. Felix Alberto Farret - Fontes Alternativas de Energia
Msc Elder Estevão de Mello - Desenvolvimento Econômico e Social
Dr. Doadi Brena - Cadeia Produtiva de Florestas"
A informação, by the way, é pública.

sábado, novembro 10

A Nova Corja

http://www.insanus.org/novacorja/
Walter Valdevino, em "A Nova Corja" visita o episódio do Detran e faz algumas conexões.

Devassa

Os jornais de hoje noticiam que a diretoria da FATEC decidiu contratar, por licitação, uma auditoria nos mais de 400 projetos da Instituição, para ver se há algo errado no reino.
Acho que não caiu a ficha para esse povo. Não se deram por conta do tamanho do buraco em que nos metemos.
A UFSM, a partir de agora, vira sinônimo de falcatrua, mesmo que fique provado que a grande maioria dos presos é inocente. Eu não acredito que todos os citados e afastados até o momento sejam desonestos, quadrilheiros, etc. Mas a mancha veio para a instituição, ponto, e vai ser difícil reverter isso.
Isso de fazer auditoria lembra outro rumor que corre na instituição. Um dos projetos da FATEC, que envolvia a área da saúde e uma das empresas citadas no imbroglio, foi motivo de auditoria no ano passado. A empresa contratada, segundo esse rumor, pertence a um dos presos pela PF...
A diretoria da FATEC poderia esclarecer isso, informando ao distinto público qual foi a empresa contratada para fazer a auditoria do projeto distinguido pela atenção da bancada estudantil no Conselho Universitário?
Digamos que venha a tal da auditoria, que vai dizer que está tudo ok ou mais ou menos.
Fica tudo lá dentro.
Tem 400 projetos? Que a FATEC publique uma página na internet, com os seguintes datos:
1. Nome do projeto.
2. Quem o desenvolve?
3. Quais são as instituições e ou empresas que o financiam?
4. Há bolsas e remuneração a docente, servidores estudantes? Para quem e quanto?
Ponto.
Depois disso, que venha a consultoria, auditoria. Antes disso, tudo parece como antes no quartel do abrantes.

quinta-feira, novembro 8

Acabou

Uma das possíveis candidaturas a um dos centros de ensino da UFSM terminou nas páginas da denúncia oferecida pela juiza, que justificou o pedido das preventivas. A ver. O documento da juíza pode ser lido na página do www.claudemirpereira.com.br. Alguém lembra de uma conversa aqui no morana sobre tapetão? A ver. E então tá.

Lista


Começam os protestos no Campus. Haviam hoje dois enormes cartazes como esse, um no arco e outro na frente do Hospital Universitário.
O Departamento de Filosofia fez uma proposta muito interessante hoje ao Conselho Superior da FATEC, por meio do Diretor do CCSH, prof. Koff. O pedido foi que a FATEC publicasse uma página na internet contendo o numero de matricula de todas as pessoas que tem projetos ali, seguidos do valor das bolsas recebidas, das empresas vinculadas, etc. Afinal, essas pessoas são trabalhadores da UFSM, uma entidade publica, e o tempo para esse trabalho é tempo público. Depois e ademais: vamos parar com essa história que todo mundo ganha bolsa. Alguns ganham. Certamente merecem e não temem. Pois vamos mostrar isso, para o povo deixar de ficar falando mal e que não existe transparência-brasil aqui na Ufesm. O Prof. Koff garantiu que iria apresentar essa proposta hoje à tarde. Isso é que é Departamento, meu!

terça-feira, novembro 6

Ex

Pois não é que gogleando se descobre que um certo ex-deputado (na verdade, são quase dois ex-deputados) tem relações de assessoria com algumas das vítimas da prepotência da polícia federal?

O Sitio da Ufesm

São quase onze da noite. Até agora o sítio da Ufesm não disse um "ai". Faz mais de vinte anos que se discute o papel das Fundações de apoio. Há quem diga que as universidades federais não funcionariam sem elas. Pois quem sabe agora, tapados de manchetes, a gente ache um tempo para pensar como as universidades poderiam funcionar sem elas. Os incomodados, quem sabe, deveriam se mudar. E se o ministério público começar a investigar algumas ligações que começam a ser feitas entre professores da Ufesm e instituições de ensino superior bocamontinas para o funcionamento de projetos milionários, envolvendo empresas privadas na outra ponta do triângulo? Eu, hein? Como disse o ex-deputado, rei-tor ou rei-momo?

Fundae

O sítio da Fundae continua fora do ar. Antes que pensem qualquer coisa, ponho minha mão no fogo pelo Mario Gaiger e pelo Padre Chico e vários outros, da direção da Fundae. Não duvido, no entanto, que eles queiram colocar algumas coisas ou outros no fogo.

Yahoo

No Yahoo:
"Segundo policiais que comandaram a operação, o Detran contratava sem licitação a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (Fatec), e sua sucessora, a Fundação para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), ligadas à UFSM, para elaboração dos exames de avaliação teórica e prática de habilitação de motoristas.
"Como isso não é pesquisa universitária, a licitação era necessária", destaca o delegado Alexandre Isbarrola, chefe do Núcleo de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal no Rio Grande do Sul. Na seqüência, as fundações também cometiam a irregularidade de terceirizar os serviços que prestariam ao Detran para empresas privadas, pagando preços superfaturados e também por serviços não prestados.
Quando recebiam o pagamento, as fundações ficavam apenas com o valor equivalentes aos seus custos e repassavam o restante às terceirizadas. Estas, por sua vez, faziam parte da verba chegar aos agentes públicos que haviam dispensado as licitações."
O que me parece: alguém fez sarcasmo com os promotores e procuradores e eles aceleraram o troco. Se houver prova do superfaturamento e serviços não prestados, aí, como diria o Mestre, bomba atômica. Caso contrário, chabu radioativo.

Imprensa: O Globo digital

"A Polícia Federal já cumpriu 12 mandados de prisão durante a "Operação Rodin", desencadeada em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público, na manhã desta terça-feira (6). O objetivo é desmontar uma quadrilha suspeita de desviar recursos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A Receita Federal estima que cerca de R$ 40 milhões tenham sido desviados dos cofres públicos desde 2002.
Segundo as investigações, o grupo utiliza fundações de apoio universitário e empresas administradas por "laranjas".
A operação foi desencadeada em Porto Alegre e Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e São Luís, no Maranhão. Catorze mandados de prisão temporária foram expedidos pela Justiça Federal, a requerimento da Procuradoria da República.
O seqüestro de bens e de contas bancárias, além da realização de buscas de documentos e computadores foram autorizados pela Justiça. Cerca de 50 auditores e analistas da Receita Federal e 250 policiais federais participam da operação nos dois estados.
Na investigação, a polícia federal identificou que a organização atuava no Detran/RS, efetuando contratos para a avaliação teórica e prática na habilitação de condutores de veículos automotores -- sem licitação -- com fundação de apoio universitária. Os serviços eram prestados com a utilização da estrutura física e de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm).
Na fraude, os responsáveis efetuavam subcontratações ilegais, cujos serviços, quando prestados, eram superfaturados. Tanto o Detran/RS quanto a Ufsm são vítimas do grupo investigado.
Os presos vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, fraude a licitações, tráfico de influência, sonegação fiscal e estelionato."

Coperves

O Prof. Jorge Cunha assumiu temporariamente a presidência da Coperves. O Prof. Dario foi afastado, temporariamente. A notícia não saiu ainda no sitio da Ufesm, que por enquanto - 18.09 - desconhece o assunto. As prisões - chegariam a uns 10 ou 12 ao todo, entre os da casa e dos de fora - são temporárias, como se sabe, para investigação e pirotecnias. A ZH chegou a dizer que o ministro Tarso Genro recomendou não liberar assim no mais os nomes, de pessoas e de empresas. Então tá, de novo.

Assunto antigo por aqui

O leitor curioso leia as postagens aqui do "morana" feitas no dia 7 de maio de 2006, "Daqui para frente" e "Afundações". Um dos citados ali vai passar uma ou duas noites dando explicações na PF.

Reitoria

A Reitoria sabia disso? Lasier Martins, da Rádio Gaúcha entrevista o vice-reitor da Ufesm. Ele responde que o acontece lá na Fatec não é da responsabilidade da Reitoria. Então tá.

Afundações

Uma fundação com sede em Santa Maria presta serviços em Viamão. Veja o que o sítio da cuja informa:
"Em Viamão, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária (ProJovem) está sendo desenvolvido desde novembro de 2006, quando foi assinado o contrato entre a Prefeitura e a Fxxxxx. As atividades estão previstas para começar em janeiro de 2007 com a implantação de 05 núcleos e a Fxxxxxx já selecionou os educadores que irão atuar no Programa e que em breve estarão sendo contratados."
Esse ProJovem vai dar o que falar.

Much

Much ado, vai dar chabu. Não senti muita firmeza na operação. Mas ficará essa fumaceira horrível em torno da Ufesm. O curioso é que durante o dia algumas páginas na internet foram desaparecendo. Estou tentando entrar na página da Fundae, por exemplo, e ela está fora do ar desde as onze da manhã.

Núcleo Pensante

Diz o delegado Alexandre, em entrevista para a Rádio Gaúcha, que havia um "núcleo pensante" que "bolava as operações" em Santa Maria, na Universidade...

Na Folha

Folha Online
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira ao menos 12 acusados de fraudes em contratos públicos realizados pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio Grande do Sul.
A operação Rodin também já cumpriu 43 mandados de busca em apreensão em Porto Alegre, Canoas e Santa Maria.
Estimativas da Polícia Federal apontam prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos desde 2002. De acordo com as investigações, o órgão contratava, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).
A fundação seria a responsável pela avaliação teórica e prática para habilitação de condutores de veículos automotores, e usava a estrutura física e os servidores da universidade.
Os presos devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, fraude a licitações, tráfico de influência, sonegação fiscal, estelionato, peculato e corrupção ativa e passiva.

Pensando bem

A escultura mais conhecida de Rodin chama-se "O Pensador". Uma das empresas que presta serviços as afundações
(afinal, são duas afundações boca-montenses) que prestam serviços ao Detran tem um nome parecido com esse, pensare, pensant, algo assim. Alguém na PF não resistiu à ironia, dupla, quem sabe, para cutucar os pensadores.

Nunca antes

Deu no sítio da Polícia Federal:
"OPERAÇÃO RODIN DESMONTA ESQUEMA DE FRAUDE EM CONTRATOS PÚBLICOS
PORTO ALEGRE/RS - A Polícia Federal desencadeia, na manhã de hoje, 06, a Operação Rodin, que desarticula uma quadrilha especializada em fraudes em contratos públicos realizados pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS). Participam da ação 252 policiais federais e 46 servidores da Receita Federa que já cumpriram 12 mandados de prisão temporária e 43 mandados de busca em apreensão em Porto Alegre, Canoas e Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Estimativas da Polícia Federal apontam prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos desde 2002. De acordo com as investigações, o órgão contratava, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (FATEC) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Esta fundação seria a responsável pela avaliação teórica e prática para habilitação de condutores de veículos automotores, e usava a estrutura física e os servidores da universidade. Ocorre que esse tipo de contratação só é permitida para a promoção de ensino, pesquisa e extensão, mas os responsáveis legais burlavam a legislação e efetuavam a subcontratação de empresas que prestavam serviços superfaturados ou inexistentes. Funcionários dessas empresas eram ligados, indiretamente, a determinados dirigentes do órgão estadual, os quais eram responsáveis pelas licitações ou pela dispensa delas, e que recebiam benefícios pecuniários indevidos em razão do esquema. Os presos estão sendo encaminhados para a Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, onde serão ouvidos. Eles responderão pelos crimes de formação de quadrilha, fraude a licitações, tráfico de influência, sonegação fiscal, estelionato, peculato e corrupção ativa e passiva. Também participaram das ações o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e a Receita Federal. Será concedida entrevista coletiva na Superintendência Regional da Polícia Federal em Porto Alegre às 14h30 , localizada na Av. Ipiranga, 1365 – Porto Alegre/RS."

Operação Rodin


Deu no Claudemir Pereira:

"Operação Rodin. Ação contra fraude envolve Fatec, UFSM e Detran. Já são 12 pessoas presas
Santa Maria está em ebulição. Pelo menos as que, de alguma maneira, são ligadas à UFSM. Já teriam sido detidos, segundo informações divulgadas pelas emissoras de rádio da cidade, o presidente da Coperves/UFSM, Dario Trevisan, o ex-reitor da UFSM, Paulo Sarkis; e o diretor geral da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia (Fatec), Luiz Pelegrini. Informações oficiais a respeito ainda não foram divulgadas pela Polícia Federal, que realiza a operação que já prendeu 12 pessoas no Estado, inclusive o presidente do Detran-RS, Flávio Vaz Neto - como conta reportagem distribuída pela versão digital do jornal Zero Hora."

Pós-escrito: no dia 7, quarta-feira, a informação acima foi confirmada apenas em parte. Paulo Sarkis e Luiz Pelegrini não haviam sido detidos.

A ver

Achei a coisa meio mal descrita. O triângulo UFSM/FATEC/Detran sempre foi público. O próprio governador do Rio Grande esteve ali na sede hoje invadida pela Policia Federal, de manhã cedo, inaugurando o programa "Trabalhando pela vida". O problema é essa acusação: "Os responsáveis legais estariam burlando a legislação e efetuariam a subcontratação de empresas que prestavam serviços superfaturados ou inexistentes." A ver.

Zero Hora

Deu na Zero Hora Digital:
"A Polícia Federal realiza desde a madrugada desta terça operação para desarticular um grupo suspeito de realizar fraudes em contratos públicos realizados pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran- RS). Entre os presos estão o atual diretor-presidente do órgão, Flavio Vaz Netto, e o ex-diretor-presidente Carlos Ubiratan dos Santos. A prisão é temporária para efeitos de investigação.
Participam da operação 252 policiais federais e 46 servidores da Receita Federal, que já cumpriram 12 mandados de prisão temporária e 43 mandados de busca em apreensão em Porto Alegre, Canoas e Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Estimativas da Polícia Federal apontam prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos desde 2002. De acordo com as investigações, o órgão contrataria, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (FATEC) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). De acordo com a PF, esse tipo de contratação só é permitida para a promoção de ensino, pesquisa e extensão. Mas os responsáveis legais estariam burlando a legislação e efetuariam a subcontratação de empresas que prestavam serviços superfaturados ou inexistentes.
Também participaram das ações o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, o Ministério Público de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e a Receita Federal."

Explicações

É bom que venham e que sejam claras, de um lado e de outro. O que a cidade espera é que tudo seja muito bem esclarecido. O preço que a Ufesm vai pagar pela madrugada de 5 de novembro será muito alto.

Afundações

Afundou.

Um dia bom

"Porque assim é a natureza humana: as penas padecidas simultaneamente não se somam em nossa sensibilidade; ocultam-se, as menores atrás das maiores, conforme uma lei de prioridades bem definidas." (Primo Levi, É Isso um Homem? Editora Rocco, 1988, p. 83)

segunda-feira, novembro 5

A Vida de Johnson


Em meio a uma discussão sobre provas e refutações em Filosofia, na aula da semana passada, lembrei de recomendar a um aluno em apuros alguns procedimentos inspirados pelas narrativas de Boswell em "Life of Johnson". Aqui vai o original:
"After we came out of the church, we stood talking for some time together of Bishop Berkeley's ingenious sophistry to prove the non-existance of matter, and that every thing in the universe is merely ideal. I observed, that though we are satisfied his doctrine is not true, it is impossible to refute it. I nevel shall forget the alacrity with Jonhson answered, striking his foot with mighty force against a large stone, till he rebounded from it, "I refut it thus.! This was a stout exemplification of the first truths of Pere Bouffier, or the original principles of Reid and of Beattie; without admitting which, we can no more argue in metaphysicks, than we can argue in mathematics without axioms."
(Life of Samuel Johnson, LL.D, by James Boswell)

sexta-feira, novembro 2

Ensino noturno

Saí do prédio do CCSH ontem por volta de 22.25, depois de aplicar uma prova. Caía uma chuvinha fina. Meu carro era o único no estacionamento.

terça-feira, outubro 30

Os 18 da UFSM

Acabou o prazo para a UFSM aderir ao Reuni. Ficamos no grupo de universidades federais que passaram o recibo de não ter dezoito alunos por professor. Há quem diga que aderiu ao Reuni somente o povo do fundão do Brasil. Sei não, a UFRJ só é fundão por apelido do bairro. Enquanto isso, a afundação vai em frente, rumo ao interesse de cada um. Em tempo: parece que faltam quatro alunos para cada professor. Eu acho que tenho vários sobrando...

O Sócrates do Brecht

O texto abaixo intitula-se “Sócrates” e pode ser lido no livro de Bertold Brecht, "Histórias do Senhor Keuner", tradução de Luís Bruhein, Hiena Editora, Lisboa, 1993.

Ao acabar de ler um livro de história da filosofia, o senhor K. emitiu um juízo desfavorável sobre as tentativas dos filósofos para apresentar as coisas como fundamentalmente incognoscíveis. 'Quando os sofistas afirmavam que sabiam muito sem ter estudado nada', disse ele, 'surgiu o sofista Sócrates a garantir com arrogância que apenas sabia que não sabia. Esperava-se que acrescentasse à frase: porque eu também não estudei. (Para se saber alguma coisa há que estudar.) Parece, no entanto, que nada mais disse, embora os estrondosos aplausos a essa primeira frase, que duraram dois mil anos, chegassem para abafar qualquer outra frase que viesse a seguir.'

segunda-feira, outubro 29

Porto Alegre, lado B

 

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Centro de Porto Alegre, visto do décimo-sétimo andar do Hotel Continental, amanhecer de sábado, 27 de outubro.

Everson

 
Everson apresentou uma comunicação sobre cinema e filosofia.

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Patrícia

 
Patrícia Ketzer falou sobre problemas de interpretação de textos filosóficos.

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Mariano, Katiuska, Tatiana

 
Mariano, Katiuska e Tatiana apresentaram em Uberlândia os trabalhos que desenvolvem sob a orientação da professora Elizete Tomazetti.

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Gisele Secco

 
Gisele Secco apresentou um trabalho de análise das questões do vestibular da UFSM.

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Desidério

 
Desidério Murcho falou, no evento da UFU sobre ensino de filosofia, sobre a natureza da filosofia e seu ensino.

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domingo, outubro 28

Estação UFU


Estação da Universidade Federal de Uberlândia, MG.

Webbom

O nome é estranho: http://www.webbom.pt
O site é de uma livraria portuguêsa. Ali se pode comprar o Arte de Pensar e as outras produções do grupo. Fiz a compra da nova versão e do livro de textos de filosofia faz poucos minutos, vamos ver quanto tempo leva para chegar até a boca do monte. Fica muito mais em conta do que nas livrarias paulistas, nas quais estão pedindo mais de cem contos pelo Arte.
Quando chegar eu conto.

sábado, outubro 27

Uma impressão, by the way

Last but not least? A frase abaixo sobre "the last military dictatorship" dá a entender que a fila é grande e pode andar. Getúlio, nacionalista e populista, é um fenômeno de outra natureza. Não gostei.

Relatório da Unesco sobre Filosofia: uma polêmica

O Relatório da Unesco sobre Filosofia despertou uma polêmica. Nele há um box de informações sobre a situação do ensino de Filosofia no Brasil, assinado pelo Prof. Walter Kohan. No Jornal da Ciência, o Prof. Paulo Ghiraldelli publicou uma resenha do relatório (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=51713) na qual, num trecho, atribui ao Prof. Walter Kohan diversos erros de fundo histórico. Kohan "traz informações distorcidas a respeito da história da educação brasileira e sua relação com a prática da filosofia nas escolas", diz Ghiraldelli. Entre esses erros estaria a forma como Kohan conta a história das relações da ditadura militar com a filosofia na escola média.
Li o artigo de Paulo e o de Kohan. Kohan de fato foi impreciso. Ele passou por cima do fato que o ensino de Filosofia seguiu em frente em muitas escolas apesar das leis que deixaram de lhe consagrar um lugar nobre no currículo. Essa falta de precisão ocorre em nove entre dez comentários sobre ensino de Filosofia no Brasil. A imprecisão de Kohan está contido na frase "with the establisment of the military dictatorship, philosophy was again officially deleted from the secondary curriculum by law 5692". Algumas linhas depois ele repete a mesma idéia, escrevendo que a disciplina foi "excluded by the last military dictatorship".
Segundo Ghiraldelli, Kohan, ao dizer isso, "endossou um erro fatal a respeito da história do ensino de filosofia no Brasil, que é a conversa sobre a repressão da Ditadura Militar à filosofia."
Transita com facilidade essa afirmação sobre a história de nossa disciplina, que atribui aos militares a "exclusão" da Filosofia dos currículos. Pouca gente qualifica o tópico ou vai aos detalhes. Vamos aos fatos. A ditatura militar, por meio de seus prepostos e fantoches, nunca publicou ou mandou publicar um documento "oficial", excluindo, deletando ou proibindo o ensino de filosofia. Alguns professores de Filosofia nas universidades foram cassados, (Ernildo Stein, por exemplo!), a disciplina tornou-se opcional nos currículos, mas não foi "officially deleted" por algum decreto ou norma com o brasão da coisa pública. A menos que Kohan estivesse aqui a pensar que a falta de menção à Filosofia na lista de disciplinas do núcleo comum do currículo significasse ser "officially deleted". Todos sabemos que na parte diversificada muitas escolas a mantiveram sem problemas.
Eu estudei no Maneco, em Santa Maria, RS, entre 1968 e 1970, e havia Filosofia. A partir de 71, ano da Lei 5692, algumas escolas fizeram a opção de mantê-la. O Maneco a manteve, fiz meu estágio ali em 1973, na terceira série noturna. E a disciplina continou existindo na escola até hoje. Ali a Filosofia não vai voltar ao currículo, pois dele nunca saiu, tendo sido, através de quase quarenta anos, local dos estágios curriculares do curso de filosofia da UFSM. Casos como o do Maneco não foram a maioria mas houve permanência, sim.
Kohan ofereceu a versão vaga e pouco acurada da nossa história, que, de resto, é repetida pela maioria dos estudos sobre o assunto. Essa versão da exclusão colide com os fatos. No Rio Grande do Sul, nos anos setenta, havia cursos de Licenciatura em Filosofia na UFRGS e na PUC de Porto Alegre, em Viamão, em Pelotas, em Caxias, em Santa Maria, em Ijuí, em São Leopoldo, etc, e em todas essas cidades houve ensino de Filosofia no nível médio ininterrupto desde o início dos anos sessenta.
Conversei com um professor que conhece bem a experiência de Portugal. Ele disse que o relatório sobre a situação portuguêsa não é bom. Bem, talvez tenhamos que ler o relatório da Unesco "com água no bico", como s diz no Algarve.
As frases que citei de Kohan estão na página 78 do relatório.

terça-feira, outubro 23

"A filosofia como escola de liberdade"

Está na web o relatório da Unesco, “Philosophy: A School of Freedom”. O relatório é dedicado ao ensino e aprendizado de Filosofia, e é um grande levantamento sobre a situação do ensino de filosofia em todo o mundo. Começa com filosofia e crianças, ensino médio, universitário e vai em frente, em trezentas páginas que podem ser lidas em inglês ou francês. O documento pode ser baixado no endereço de documentos da Unesco:
http://unesdoc.unesco.org
Vale a pena ler. Para além de um relatório, o documento inclui sugestões de metodologias e atividades. Chamou-me a atenção o capitulo sobre atividades interdisciplinares, a partir da página 95, da versão em inglês.

segunda-feira, outubro 8

Concurso

"O Estado do Paraná realizará no dia 25/11/2007 um novo concurso público para contratação de 186 professores de filosofia para atuarem no ensino médio. As vagas estão distribuidas por todas as regiões do Estado do Paraná.
Para maiores informações vocês podem acessar o site www.diaadiaeducacao.pr.gov.br ou o site do núcleo de concurso da UFPR www.nc.ufpr.br e consultar o edital do concurso."

quinta-feira, outubro 4

Jeff Malpas

 
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Mudança

O leitor atento do sítio "Crítica na Rede", dos melhores em nossa língua, não terá deixado passar desapercebido a mudança de endereço profissional de Desidério Murcho. A notícia ali é essa:
"Os leitores brasileiros podem agora subscrever a Crítica em reais, fazendo uma transferência bancária para o Banco do Brasil, Agência 0473-1 Ouro Preto, conta número 19.742-4 (nome: Desidério Murcho). A assinatura semestral custa 50 reais; a mensal custa 10 reais. Nesta modalidade, não há assinatura diária. Depois de efectuada a transferência, envie um e-mail com o seu nome; receberá os seus dados de acesso por e-mail."
Ganha a UFOP, ganha a filosofia no Brasil com a presença de Desidério entre nossos quadros. Seja benvindo, Professor!

segunda-feira, outubro 1

Ensino médio

Deu na Folha de hoje:
"Quase a metade dos estudantes do Estado de São Paulo acaba o ensino médio (antigo 2º grau ou colegial) com conhecimentos de escrita e leitura esperados para um aluno de oitava série. O resultado aparece em dados inéditos do último Saeb, exame de avaliação de aprendizagem. Nas escolas públicas, a situação é ainda mais dramática."

sábado, setembro 29

quarta-feira, setembro 26

Loraine Oliveira e Plotino

A Professora Loraine Oliveira, pesquisadora do GT de Neoplatonismo da Anpof, estará em Santa Maria nos dias 2, 3 e 4 de outubro, minitrando um minicurso sobre Plotino. O título é "O mito na filosofia de Plotino". As aulas serão no prédio do CCSH no Campus, prédio 74, sala 2323, pela tarde. Informações pelo mail minicursoplotino@gmail.com. O curso é gratuito.

Jeff Malpas em Santa Maria

Na próxima segunda-feira, dia 1 de outubro, às 19h.30min, no Anfiteatro da Cesma, teremos uma palestra com o Prof. Jeff Malpas, com entrada franca. O título é "Geografia, Biologia e Política: Heidegger, sobre Lugar e Mundo". A palestra será em inglês, com disponibilização de tradução pelos organizadores. O Prof. Jeff é australiano, leciona na Universidade da Tasmânia e entre seus livros estão Donald Davidson and the Mirror of Meaning, de 1992 e Place and Experience: A Philosophical Topography, de 1999. É organizador de diversos volumes. Em português, ao que sei, é autor de um dos capítulos do livro Davidson e a Filosofia, organizado por Plinio Smith e Waldomiro Silva Filho.

sábado, agosto 18

Balthazar Barbosa Filho

O Prof. Balthazar Barbosa Filho faleceu hoje. Será cremado no domingo, dia 19, às 16.00 horas, no Crematório Municipal de Porto Alegre.
A morte do Prof. Balthazar fecha um ciclo no ensino de Filosofia no Rio Grande do Sul. Eu o conheci em julho de 1977, quando fiz um curso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, intitulado “Conhecimento e Fundamento: Esboço de uma teoria analítica do conhecimento”, em um curso de especialização em Filosofia. Naquela época isso era o máximo em termos de pós-graduação. Tive como colegas Valério Rohden, Rejane Carrion, Jaime Rabelo e outros. Tempos depois Balthazar, que era professor na Unicamp, veio trabalhar em tempo integral em Porto Alegre. Muitos anos depois, em 1992, voltei a fazer estudos com ele, no já então curso de Doutorado em Filosofia na UFRGS.
Em uma hora de luto como essa fico pensando que depois de trinta anos o que consegui fazer profissionalmente teve a influência de alguns nomes. Do povo da Filosofia da UFRGS, preciso escrever os nomes de Ernildo Stein, Valério Rohden, Rejane Carrion, Paulo Faria e Balthazar Barbosa Filho; sem essas companhias eu não pensaria a filosofia na forma como a vejo hoje, cada vez mais próximo do espírito desses versos que li, pela primeira vez, quando fui aluno de Carlos Scarinci em 1970:

We shall not cease from exploration
And the end of all our exploring
Will be to arrive where we started
And know the place for the first time

Eu me lembro deles nessa hora de despedida de Balthazar. Espero que tenha morrido em paz.

quinta-feira, agosto 2

Incentivo para docentes

Circula a seguinte notícia: O MEC, em 2008, vai lançar um programa para fortalecer a formação de professores.Os estudantes universitários que pretendem ser professores terão um incentivo, com um programa chamado "Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à Docência (Pibid). O ministério diz que com isso quer "corrigir as lacunas na formação de professores para os ensinos fundamental e médio, especialmente nas áreas ligadas à ciência, como Matemática, Física, Química e Biologia."
Mingau pela beirada, até certo ponto. Se o MEC quisesse mesmo melhorar a formação dos professores, fecharia os departamentos de metodologia de ensino, removendo os respectivos docentes para suas áreas originais de trabalho. É impressionante como se mantém essa esquizofrenia, que todo mundo vê mas ninguém tem coragem de meter a mão. Minto. O Departamento de Geografia da Ufesm teve essa coragem e desembarcou o cujo departamento.

segunda-feira, julho 30

Odisséia

Reconciliado com Penélope e tendo devastado os pretendentes, Odisseu vai ao encontro de seu velho pai, Laertes, e junto com ele liquida mais alguns desafetos. Assim termina a Odisséia, da qual continuo dizendo: Donaldo Schüler fez um belo trabalho! Aproveitei as longas horas de espera entre Congonhas e Guarulhos e terminei o terceiro volume - Ítaca - que contém as histórias de Odisseu de volta à sua terra, como se infiltra em sua própria casa e ali promove a chacina dos pretendentes à mão de sua dileta. O texto, vertido do grego por Donaldo Schuler, traz até algum regionalismo, como esse na página 237 do segundo volume: "Guascaços de água arrombam paredes, quebram barrotes, arrancam a quilha, que monta no dorso da onda afoita." Guasca, para quem não sabe, é uma tira de couro ou uma forma de chamar o gaúcho, guasca de fora, como se diz. Mas está no Houaiss. Outras vezes Schuler concede-se a liberdade de recriar o texto de uma forma radical, usando e abusando de xingamentos que farão os homeristas corar: "Com essas ameaças Iros tremia de cu na mão", na passagem em que Odisseu, disfarçado de mendigo em sua própria casa, é desafiado por outro mendigo, Iros, que vai sentir a força do braço do herói. Como essa, há uma boa dúzia.
Quem sabe depois do Harry Potter, que afinal, morreu, a gurizada começa a encarar o Odisseu varão astucioso?

sábado, julho 28

Tendências

1. Haverá, penso eu, uma pequena explosão na área de manuais e bibliografias auxiliares; mas o MEC parece ter firmado posição, no sentido de apoiar a elaboração, a cargo da Anpof, de um livro de referência, escrito por professores renomados para professores; o MEC, no caso da Filosofia, não vai indicar livro didático; poderá haver um refinamento das sugestões de conteudos, mas sem imposições de nenhum tipo, pois a realidade não comporta isso; por outro lado, o grupo dos que entendem o ensino de filosofia como "adquirir o instrumental crítico para atuar numa perpectiva transformadora" parece ser ainda muito forte, em especial em São Paulo, e estes estão dispostos a lutar por programas mais definidos.
2. O sistema universitário está alheio ao ensino de filosofia. Nenhum professor da USP ou da PUC de SP foi ao encontro; os palestrantes, em grande parte, apenas davam a palestra e iam embora; não há um clima de produção teórica, não houve nenhuma boa vontade em criar-se uma fórmula que permitisse troca de experiências entre os participantes; é como se todos já soubessem o que fazer, bastando criar-se um momento de expressão e protesto contra problemas conjunturais, como o desinteresse do Estado de São Paulo em apoiar o ensino de Filosofia. Se isso persistir, o ensino de Filosofia no médio cada vez mais será algo que não terá nada a ver com o ensino de filosofia nas universidades; em suma, estamos à beira de um pequeno desastre.
3. Pouco se estuda, pouco se lê; apenas uma pessoa, em todo o evento, em uma das intervenções de dois minutos, fez sugestões de leituras não esperadas; foi um professor de Ribeirão Preto, leitor de Pierre Hadot. Foi comovente e dissonante, em meio aos apelos generalizados por "filosofias da libertação", ufa, ufa e mais bufa.
4. Os palestrantes, felizmente, apontaram para rumos importantes; Salles e Severino foram muito claros em falar em escola, currículo e pressionaram os participantes para sair da casinha filosófica e ler as Orientações Curriculares, as 500 páginas; Gallo, Apel e Favareto também foram objetivos em suas posições, não ficaram comendo mingau pela beirada, o que costuma ser a regra nesses debates. Mas fica-se com a certeza que o caminho vai ser comprido, há muito o que se fazer, em especial, há muito o que se estudar para sair-se da superficialidade.
5. Em especial, a escola continua sendo o alvo do dicionário das idéias feitas. Lucia Lodi teve toda a razão em chamar a atenção para o fato que a Filosofia não pode ir para a escola assim no mais, sem se dar conta dos problemas pelos quais passa o ensino no Brasil, em especial as dificuldades de ensino-aprendizagem.
6. No mais, há muitas diferenças importantes entre Sociologia e Filosofia. Enquanto os sociólogos falavam sem pudor em problemas trabalhistas e sindicais dos sociólogos, os filósofos apenas escutavam, pasmos. Para eles, que trabalham dentro de uma tradição de 2.500 anos, não faz sentido falar em sindicato de filósofos. Tampouco se pode falar em regulamentação da profissão...
7. Dos anões, como diria Mestre Guina, sou o menor; mas não me convidem para conversas gerais; nunca mais ponho meus pés em eventos que, em vez de ensino de filosofia, querem discutir apenas a filosofia do ensino.

Departamentos de Metodologia de Ensino

Uma das moções a ser votada no final do evento assim rezava:
"As disciplinas de Sociologia da Educação e Metodologia e Prática de Ensino em Sociologia devem ser ministradas por sociólogos e devem ser alocadas nos cursos de Ciências Sociais e respectivos departamentos de sociologia, bem como os cursos de Filosofia da Educação e Prática de Ensino em Filosofia devam ser lecionados especificamente por professores de Filosofia e devem ser alocadas respectivamente nos Cursos de Filosofia e não nas Faculdades de Educação das Universidades".
A redação não é boa, mas se entende o espírito. Em todo o caso, a votação da moções finais foi um dos momentos mais tristes do evento, pois era um arremedo de luta sindical com troca de acusações e disputas fúteis por detalhes.
O povo em geral ficou muito triste, pois muita gente foi para São Paulo, em pleno caos aéreo e na maioria dos casos em longas viagens de onibus, para discutir ensino, e o que se via era uma disputa tola por detalhes, sintoma de disputas entre tendências e posições políticas.

Metodologia severina

Antonio Joaquim Severino referendou as posições de Silvio Gallo. É preciso superar as posições idealizadas sobre o papel da filosofia, da educação e da escola; não podemos esperar delas mais do que podem dar, como se ouve por aí nos diversos salvacionismos invocados para solucionar os problemas da humanidade; a filosofia não pode ser confundida com messianismo ou chave universal. Ela deve estabelecer uma parceria com as demais disciplinas escolares, em espírito inter e multidisciplinar; o professor de filosofia deve conviver com a prática efetiva das demais disciplinas, conhecer seus conteúdos, acompanhá-los. A Filosofia, mais do que um acervo de habilidades ou de erudição, deve representar, no currículo, uma possibilidade de amadurecimento da experiência conceitual do educando. Nesse sentido Severino acompanhou as posições de João Carlos Salles Pires.
Os debates foram razoáveis; faltou tempo, pois a sessão começou muito tarde. Houve de tudo um pouco; as críticas a Deleuze e a essa idéia de "criação" de conceitos (que de resto havia sido amenizada por Gallo que falou, em certo momento, em "recriação" de conceitos; os projetos pedagógicos das escolas são documentos apenas formais, que nada refletem de um planejamento conjunto, coisa que se deve buscar; esse tema foi objeto da fala da presidente da Anfope, profa. Helena, que não deixou de lembrar as dificuldades e impasses na formação de professores.

A mesa da metodologia

O cardápio da mesa de metodologia foi servido por Silvo Gallo e Antonio Joaquim Severino. Foi de bom tamanho, não ficaram atrás da outra mesa. Silvio Gallo começou dizendo que é impossível dissociar o quê e como ensinar, no caso da Filosofia. Que a Filosofia não é uma só, e que precisamos tomar partido para não cair no ecletismo. Devemos declinar de qual perspectiva filosófica falamos, é preciso tomar uma posicão sobre o que é Filosofia. Entende que há três eixos para o currículo: temático, histórico e problemático. Quanto a ele, entende a Filosofia na perpectiva de Deleuze e Guatari, como atividade de criação de conceitos. Ele considera boa essa posição pois ela entende a filosofia como uma atividade de pensamento, define o objeto e o produto da mesma - o conceito - e tem a pretensão de validade universal, delimitando o campo de ação da Filosofia, criacão de conceitos. Considera que essa posição supera a armadilha contida na definição da filosofia como atitude, pois ficar nisso implica uma perda de conteúdo filosófico; evita-se, também, o conteudismo absoluto, que faz do ensino de Filosofia uma transposição de conteudos prontos. Não basta ensinar conceitos prontos, há uma pedagogia do conceito, um exercicio da paciência do conceito, contida na posição de Deleuze, entende Gallo. Depois disso ele expos os quatro passos metodológicos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a finalização. Em primeiro lugar a aula consiste na mobilização do estudante para um problema filosófico, com os mais variados recursos, de modo que ele crie empatia com um problema; vale até usar um rap, diz ele. No segundo momento o tema vira um problema; no terceiro o estudante pesquisa na história da filosofia os conceitos criados sobre o tema; no final ocorreria a recriação do conceito do filósofo, no qual o estudante pode, em algum sentido, inventar ou reinventar um conceito que faça sentido para ele. Com isso se pode ver o professor de Filosofia como um intercessor ou mediador, que sai de cena no minuto final.

A mesa dos conteúdos


No dia 23 à tarde tivemos a mesa sobre conteúdos de ensino, na qual falaram João Carlos Salles Pires e Celso Favaretto. Salles perguntou aos participantes - eram umas trezentas pessoas - quem ali havia lido todas as Orientações Curriculares do MEC. Apenas uma moça levantou a mão. Salles convidou todos a conhecer a totalidade dos documentos, e não apenas o documento da Filosofia, em defesa de uma forma de trabalhar com Filosofia que valoriza a contextualização da escolarização do estudante. Explicou que os conteúdos listados no documento da Filosofia são sugestões que originalmente destinavam-se a avaliar os currículos de graduação, e que não devem ser pensados como conteúdos mínimos de ensino; reforçou os argumentos contrários à política de livro didático privilegiado e em favor de antologias ou livros de referência; as respostas que podemos dar sobre o que ensinar, para um país do tamanho do Brasil, são "precisamente vagas". Salles defendeu uma maior aproximação entre o sistema de pesquisa, composto pela rede de Departamentos e dos cursos de pós-graduacão em Filosofia, e o ensino de Filosofia no médio; contou que ele mesmo está empenhado em trabalhos de formação na Bahia; sem esse tipo de política haverá um progressivo distanciamento com consequencias ruins para ambos.
Celso Favaretto falou a seguir, abordando o tema das condições concretas para a legitimação da disciplina de Filosofia nas escolas. Como podemos e devemos pensar a filosofia disciplinarmente, em termos de aprendizagens filosóficas desejáveis e possíveis para alunos de ensino médio? Reconhecendo as dificuldades de se pensar em conteúdos de filosofia, já que ela, acima de tudo oferece uma certa experiência de pensamento, uma certa orientação de pensamento, ele teve a coragem de se perguntar de seria possível a gente chegar a um acordo sobre algumas funções e conceitos gerais, "coisas muito gerais, muito de base", certos conjuntos mínimos de regras, processos, procedimentos fundamentais, presentes nas argumentações humanas, para, a partir daí, se chegar inclusive aos textos e à história da filosofia. Conceituar, argumentar e problematizar seriam uma tríade de procedimentos a ser focados, valorizando-se uma certa inseparabilidade entre conteúdos e procedimentos filosóficos. Celso não defendeu um consenso sobre conteúdos mínimos, mas sim um acordo sobre uma formação básica que envolve o domínio de "regras de funcionamento que ligam os conceitos"; reconheceu o longo caminho que isso supõe que percorramos. Foi das melhores, a mesa sobre conteúdos.

Ensino Médio


Na mesa sobre ensino médio quem falou primeiro foi o Prof. Emmanuel Appel, que defendeu o ensino de filosofia no nível médio baseado nos textos dos filósofos: "A filosofia some sem os clássicos, cujos textos devem ser a primeira e a última referência do ensino de filosofia no nível médio". Essa posição, diz ele, deve representar um enfrentamento à indústria cultural e ao barateamento dos conceitos. Lúcia Lodi, do MEC, organizadora dos PCN e das Orientações Curriculares, fez uma bela apresentação sobre o estado de coisas no ensino médio, defendendo o alargamento do debate sobre o ensino de Filosofia e Sociologia. Ela explicou que a posição do MEC é pela constituição de bibliotecas escolares com obras de referência em Filosofia, sem a indicacão de manuais ou livros didáticos. O MEC vai apoiar a elaboração de um livro de referência para professores, sob responsabilidade da Anpof, mas sem a característica de livro didático. O terceiro palestrante sobre ensino médio, Edeum Sauer, da Bahia, falou sobre a falta de identidade do ensino médio - tema que havia sido abordado por Lucia -.
A posição de Apel foi recebida com receios, em nome do perfil do aluno de nível médio, eventualmente pouco afeito às leituras. Teve gente que foi direto ao ponto, dizendo que era contra essa coisa de ler os clássicos enquanto a barbárie campeava solta...
A soma das vontades individuais resultaria num impossível: uns querem que a Filosofia seja uma disciplina curricular com muitas horas de aula, enquanto outros gastam o verbo para falar contra o conhecimento fragmentado, disciplinar...