Diante da catástrofe (1)
A primeira parte da palestra de Jean-Pierre Dupuy (eram cinco partes) começou com uma pequena coleção de lugares-comuns do catastrofismo ecológico. Apresentou o retrato inevitável de uma civilização diante da catástrofe, pois a universalização do modo dominante de desenvolvimento enfrenta obstaculos insuperáveis, pelo consumo de recursos naturais. Vivemos um modo de vida condenado, diz ele, que poderá durar, nesse padrão, 50 anos.
As razões do diagnóstico são três:
a) as fontes fósseis disponíveis a custos baixos estão no limite. Por outro lado, as necessidades energéticas crescem muito, Índia, China, e Brasil estão no mesmo caminho da voracidade dos ricos.
2. As regiões onde os recursos energéticos estão concentrados são as regiões mais quentes, geopoliticamente falando: oriente, arábia, etc.
3. A mais grave causa, o aquecimento climático deve-se à atividade dos homens. Faz 30 anos que as geleiras andinas aumentam brutalmente o ritmo de desaparecimento; o mediterrâneo se desertifica, a água é um bem raro.
Os expertos, no entanto, nos convidam a ter paciência, há um otimismo científico sendo vendido, que assegura que novas tecnologias limpas e novas fontes de energia ainda mais limpas estão no horizonte. Confiar nisso? Nada é menos seguro, pensa ele, apesar das promessas de uma nova revolução científica e técnica, da nanotecnologia, da estocagem de energia solar; isso traz riscos extraordinários, quem garante? A humanidade está contra a parede. O centro desenvolvido deve dizer o que conta mais: uma ética de igualdade ou seu modo de desenvolvimento sobre todas as coisas? Segundo Dupuy, "a catástrofe a evitar tende a substituir a revolução a realizar." O problema político maior, nessa escala de 50 anos, passa a ser a sobrevivência da humanidade, e mais uma vez a esperança se volta para a técnica. Aqui ele faz um excurso filosófico, "a liberdade consiste em dar-se regras, e não em poder fazer qualquer coisa", "precisa-se de uma política de limites, pois a técnica moderna repousa sobre um princípio de ausencia de limites."
A seguir, um tsunami na filosofia.
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