segunda-feira, setembro 4

Francis Wolff

No ciclo sobre "Esquecimento da Política", hoje foi a noite de Francis Wolff, brasileiro emigrado para a França que ocupa hoje o cargo de Chefe do Departamento de Filosofia da Sorbonne ou algo assim. Faltou cair neve no campus. Frio do cão, e quatro gatos gelados na 2323. Foi boa a palestra. Morri de nostalgia vendo ele lembrar os anos sessenta, quando era de corretíssimo tom se dizer que "tudo é política". Quem tem coração sofreu por causa dessa frase. Jogue a primeira pedra quem nunca se apaixonou por alguém de outra cor política e ficou de coração na mão ao ver que a amada rezava por outra cartilha. O Francis deu um show de nostalgia, lembrando até os atletas americanos de 100 metros rasos das Olimpiadas de 1968, no México, vencedores, subindo no pódio e baixando as cabeças, levantando os punhos cerrados, luvas pretas, protesto silencioso no meio do esporte, dá-lhe 'tudo é política'. Começou por aí e terminou, no gelar das 20.30h, com uma tentativa de síntese da antítese em que vivemos, na qual, em meio ao território do eu, da hegemonia da economia, da ultima palavra dos técnicos, do refúgio na religião, e da onda moralizadora, a palavra de ordem vai sendo transformada em ... "nada é política"! Hoje, diz o Wolff, queremos descobrir uma briga entre moral e política. Será que essa briga é de verdade? São duas áreas compatíveis, por certo, mas independentes. O argumento dele inclui lembrar que a moral não diz a ninguém o que deve ser feito em cada ocasião particular, mas ism o que não devemos fazer em geral e em princípio. A política, ao contrário, é, em um de seus mundos, a região do que devemos fazer sem adiamentos. O "tudo é moral" termina por ser uma ideologia que hoje substitui o "tudo é política"; o esportista é condenado pelo doping, o fumante é exortado moralmente a vencer o vício, etc.
Amanhã lembro mais. Ele terminou sugerindo alguns "exercícios práticos" contra o esquecimento da política; um deles me lembrou a estratégia de Mestre Guina, livro embaixo do braço, brandindo declarações de renda de políticos, no mais lídimo exercício do oficio de cidadão; informar-se, por exemplo, é cidadania.
Ele terminou citando o causo do anel de Giges.
Eta causo bom.
Amanhã eu conto, para quem não conhece o causo do anel do Giges.
Buenas.

Um comentário:

Ronai Rocha disse...

Aguinaldo, boas tardes!
Deprendo do que dizes que a Cesma já tem no estoque o Fernando. Vou passar por lá para pegar meu exemplar, em curto prazo...
Um grande abraço!