Giges (1)
Faz alguns dias que prometi contar a história do anel de Giges. Deixo para o autor dela a tarefa. Transcrevo, pois, o texto de Platão, no livro "A República".
A edição que uso é a publicada pela Editora da Universidade do Pará, uma preciosidade. Está na terceira edição, revisada, e foi traduzida diretamente do grego por Carlos Alberto Nunes, publicada em 2000).
"Giges era um pastor a serviço do rei da Lídia. Por ocasião de um grande temporal acompanhado de tremor de terra, o solo se abriu, formando-se uma fenda no lugar em que ele levara a pastar o seu rebanho. Ao ver isso, tomado de admiração, penetrou na abertura, tendo percebido, segundo contam, entre outras maravilhas, um cavalo de bronze, oco e provido de pequenas janelas, através das quais, enfiando a cabeça, notou um cadáver que se afigurou de proporções mais do que humanas; inteiramente despido, deixava apenas ver um anel de ouro numa das mãos. Retirando-o, voltou Giges com o anel no dedo."
Acho que valeria a pena a gente se perguntar, antes de ir adiante, pelas razões de Platão em montar todo esse cenário: temporal, tremor de terra, uma fenda na terra; depois, entrar no buraco, encontrar um cavalo, de bronze, dentro dele um cadáver muito humano, nu, com um anel de ouro na mão.
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