quarta-feira, setembro 13

Jean-Jacques e Voltaire: que conversa essa de "catastrophe naturel"?

O terremoto de Lisboa ocorreu no dia 1 de novembro de 1755. No ano passado foi feito um evento em Lisboa, para "comemorar" os 250 anos do mesmo. Segundo Dupuy, pode-se dizer que o terremoto criou um tsunami na filosofia ocidental, dividindo-a em três campos, Leibniz (mais Wolf e Pope), Voltaire, como crítico desses (no Candide e no Poème sur le désastre de Lisbonne) e Rousseau, como crítico de Voltaire, em um texto de 1756, "Lette a Mr. De Voltaire", onde se pode ler:
"Je ne vois pas qu’on puisse chercher la source du mal moral ailleurs que dans l’homme libre, perfectionné, partant corrompu; et, quant aux maux physiques, ils sont inévitables dans tout système dont l’homme fait partie ; la plupart de nos maux physiques sont encore notre ouvrage. Sans quitter votre sujet de Lisbonne, convenez, par exemple, que la nature n’avait point rassemblé là vingt mille maisons de six à sept étages, et que si les habitants de cette grande ville eussent été dispersés plus également, et plus légèrement logés, le dégât eût été beaucoup moindre, et peut-être nul. Combien de malheureux ont péri dans ce désastre, pour vouloir prendre l’un ses habits, l’autre ses papiers, l’autre son argent ?"
Resumindo, e não traduzindo fielmente: o mal moral vem da gente mesmo, e os males físicos também. No trecho que importa nesse caso: a maior parte de nossos males fisicos é ainda obra nossa. (...) A natureza nunca teria reunido vinte mil casas, de seis a sete andares, e se os habitantes dessa grande cidade tivessem sido dispersados de forma menos concentrada, mais afastadas umas das outras, ..., etc, o desastre teria sido menor, talvez nulo. E quantos infelizes morreram porque quiseram apanhar seu cartão de crédito, seu notebook, etc.
Rousseau seria responsável pela eliminação da idéia tradicional de natureza como uma completa exterioridade? A natureza boa não é um edén para o qual gostaríamos de regressar, mas sim uma tarefa a realizar, voltada pra o futuro; a natureza roussenaina é fundamentalmente artificial, uma "man made nature".
Para o autor do Emile, o homem é o autor de todos os males; "homem, não busque o autor do mal, este autor é tu mesmo", ele escreve no Emílio.

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