A morte, fora de moda?
Na terceira parte da palestra Dupuy apresentou um pequeno bando que defende a obsolescência da condição humana. Assim, não haveria apenas uma crise na nossa idéia de natureza, mas até mesmo a noção de morte natural não estaria menos amecada de obsolescência. Um dos caras citados por Dupuy é Nick Bostrom, sueco, professor em Oxford, líder do tal "trans-humanismo. Esse "trans-humanismo" sugere que devemos nos encarar como uma etapa, uma transição para uma época de pós-humanidade, uma próxima etapa da evolução biológica, caracterizada pela convergência entre nanotecnologia, biotecnologia e ciências cognitivas, uma "ciber-pos-humanity", que, por meio das novas tecnologias, asseguraria a condição de imortalidade para quem pudesse pagar, mediante a criação de interfaces que transfeririam o conteúdo informacional do cérbero para memórias artificiais e poraíafora. Essas e outras idéias sobre a morte ficar fora de moda são também expostas no livro de Ray Kurzweil, "Fantastic Voyage. Live long enough to live forever, 2004." (Parenteses meu, RR: Esse Kurzweil não é cachorro rengo, é um dos papas da inteligência artificial nos EUA; Searle fez uma crítica feroz a um livro dele, "The Age of Spiritual Machines: When Computers Exceed Human Intelligence", de 1999, se estou certo.) Uma das idéias do Ray é manter-se vivo, até chegar ao momento em que as técnicas de interface entre o ser vivo e a maquina extendam nossas capacidades físicas e mentais, para se viver imortalmente. A morte, pensa ele, deve ser pensada como se pensa a doença, como um problema a ser resolvido.
Nesse ponto da palestra a platéia deu umas risadinhas. Dupuy, sem discordar das risadinhas, lembrou que os tais de trans-humanistas ocupam posições de poder nos EUA, com alguns deles (William Beveridge) dirigindo generosas fatias de orçamento federal em biotecnologia.
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