"Vendo um crioulinho"
Dias atrás passei no prédio antigo do Forum, atual Centro Cultural do Município, para dar uma olhada. Visitei o Arquivo Municipal e conversei um pouco com a estagiária que ali trabalha. Entre outras coisas perguntei para ela qual seria o documento mais antigo ali existente. Ela abriu a gaveta da escrivaninha e me mostrou uma folha A4, amarelada, que conteria, segundo ela, um contrato de compra e venda de um "crioulinho", datado de 1867. Hoje voltei lá e fiz uma foto do mesmo, da qual transcrevo aqui o que entendi.
"Pelo presente escripto de venda declaro, que sou senhora e ligitima possuidora, de um crioulinho por nome Fernando, de idade trêz annos pouco mais ou menos, livre de hypotheca, embargos ou outra qualquer obrigação; e com todos os achaques vizíveis ou invizíveis, dele faço venda como pelo presente vendido tenho ao (...) Joaquim da Silveira, pelo preço e quantia entre nós ajustado de seis-cento e cincoenta mil réis - que recebi do presente em moeda legal; ficando (...) Silveira obrigado a satisfação da respectiva (...) correspondente a esta importância. E para que o referido (...) possa gosar d'hoje em diante do dito crioulinho, lhe transmitto todo o direito, senhorio, domínio e posse que no mesmo tenho: podendo por esta forma considerá-lo como sua verdadeira propriedade d'hoje para sempre; obrigando-me a fazer boa e valiosa venda, dando aqui (...) bem expressadas quaisquer cláusula ou cláusulas das de esse direito permittidas que aqui deixem de ser especificadas como se de cada uma fizesse particular asserção. - Em firmeza do que, faço esta venda de (...) espontânea vontade e livre de constrangimento algum pelo que pedi a Firmino Carneiro da Rocha que, por eu não saber ler nem escrever este por mim fizesse; o qual depois de me ser lido o achei bem conforme (...) do que assigna o mesmo (...) a meu rogo, com as testemunhas que abaixo vão assignadas.
Vila (...), 13 de março de 1867
Maria Antunes Paz"
Isso é um pouco do passado de Santa Maria. Fiquei pensando se um neto do Fernando não mereceria uma cota dessas que o povo erudito anda discutindo.
Um comentário:
"nada do que é humano me é estranho, a não ser a alegria de viver"
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