quinta-feira, julho 20

Carlos Gerbase e a jornada de Lula

Para quem curte a elaboração de roteiros e tem uma idéia do tema da jornada do herói, o texto de Carlos Gerbase que está no endereço abaixo é imperdível. O que Carlos Gerbase fez foi colocar Lula no lugar do personagem da jornada do herói, em especial para dar seu pitaco sobre os motivos e causas do prestígio que ele desfruta no imaginário popular. Vale a visita. Obrigado ao Pedro pela dica.
http://www.nao-til.com.br/nao-82/jornada.htm

7 comentários:

Ronai Rocha disse...

Caro Guina,
o ponto do Gerbase - se eu entendi bem - é tentar entender as causas que sustentam o ainda existente prestígio de Lula junto a muitos brasileiros, que, por enquanto, ainda não cabem na descrição "fração minoritária"; o caso do Lula é lido pelo Gerbase como um exemplo de "assim o vemos"; se ainda tem gente que vota nele, depois de tudo o que vimos, acho que vale a pena explorar os mecanismos do imaginário popular para além da "bolsa-família". O artigo dele termina exatamente especulando sobre o que pode ferir de morte o aspecto mitológico que ele conseguiu apresentar para muitos brasileiros. Acho que nesse sentido pouco importa o que o
Sr. Silva fala ou propõe, importa é se há ou não alguma variante ou resquício de sebastianismo na cena política.
Um grande abraço,
Ronai

Anônimo disse...

Discordo do Prof. Aguinaldo: "ficará nos livros de história do Brasil como um arrivista que ocupou sua cota nos corações e mentes de uma fração minoritária dos brasileiros", principalmente noque diz respeito à 'fração minoritária'. Já sobre o texto de Gerbase, bem, é interessante, faz sentido, mas ainda assim me parece um pouco estranho que esse tipo de análise que recorra ao "inconsciente coletivo" apareça agora. Teria alguém feito alguma análise parecida para explicar a reeleição de FFHH? Qual teria sido a justificativa?
Ainda penso que embora o papel da figura pessoal do presidente seja levado em conta pela grande maioria - o que extrairia o cunho 'político' disso tudo e restaria então a abordagem 'mitológica' - não é possível deixar de lado o fato de que o discurso político, na próxima campanha, trará com força argumentos sobre a redução da desigualdade social, se esquivará das questões da corrupção com a idéia de que isso não é nada novo sob o sol dos trópicos, e reforçará certas idéias, como por exemplo, a de que o próximo governo terá como objetivo principal a educação (ver: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11517&editoria_id=4 )
Saudações!

Anônimo disse...

É ingênua a maneira como Gerbase coloca o assunto. Neste mesmo estilo “juvenil”surgirão vários ataques até outubro. Todos se prestando apenas a reforçar, realimentar o mito Lula no inconsciente coletivo, do qual vocês falaram.
Tragédia, sofrimento e esperança, além de controvérsia polarizada pelo amor e o ódio, isto era o combustível que aquecia o povo português e o trono de D. Sebastião naqueles dias do XVI.
Tal quadro, nem de longe encontra correlação com o Brasil destes dias.
Quem está de fato sofrendo, aqui, hoje, ao modo de quem foi abandonado (tirante os mesmos miseráveis de sempre) ?
Os credores e grandes financiadores do Brasil estão satisfeitos. A patuléia está recebendo mais afago, comida e emprego do que nos governos anteriores. O Rei Lula e sua corte de depostos também estão contentes porque, afinal, nada de grave ocorreu ou ocorrerá que possa tirar-lhes o sono. Todos os bombardeios erram, comicamente, os alvos.
A oposição – que oposição? – também anda feliz porque tem artefatos de brinquedo para se fazer personalidade de oposição ao longo dos próximos insuportáveis 60 dias de campanha, e, ao final, garantir muiiiitaassss cadeiras nas assembléias e no congresso.
Digam-me, por favor, como seria possível atingir um tal estado mítico se todas os envolvidos congraçam, neste instante, no mesmo santuário? Eis um negócio muito parecido com univocidade.
Vejam o que Foucault diz em seu breve estudo sobre o Estado “Omnes et singulatim...”
Querermos, a estas alturas, imaginar que existe algum imaginário indecifrável, oculto, e que por força de só dúvidas que nele subsistem, pensarmos que Lulinha Paz e Amor e toda a sua camarilha irão cair, mas não sem antes serem definitivamente desmascarados, é acreditarmos, e permanecermos ingenuamente acreditando, como faz Gerbase, que tudo que está aí é obviamente irracional e temporário e que a racionalidade será recuperada. Reelegendo-se ou não, Lula continuará, incólume como todos nós, a gozar dessa racionalidade que nos pacifica.

Anônimo disse...

Off-post:
O outro Mora na Filosofia!
Que coisa linda!
E eu nem sabia que existia...

Anônimo disse...

Será que o mito resistiria a alguns meses de más notícias veiculadas pela principal rede de TV do país ?

Ronai Rocha disse...

Caro Bressan,
segundo o Gerbase, não. A diferença entre os mitos de hoje e os de antigamente é a internet e a rede bobo. Hoje o mito pode ser ferido de morte. O ultimo Ibope fez acender a luz amarela no arraial do planalto, ao que parece.
To be or not, what?
Um abraço!

Anônimo disse...

Caro Ronai
Da rede de TV não virão as más notícias (isso já foi resolvido no início do governo pelos companheiros já defenestrados). O trabalho de edição é cirúrgico, quase perfeito. A realidade, no entanto, é implacável. Mesmo para mitos bem inflados e edições cuidadosas. Talvez as pesquisas indiquem algo nessa linha.
Um grande abraço.