Vou passar a noite em Sintra
Depois de dizer que guia sozinho, "quase devagar", e que lhe parece que segue por outra estrada, que segue sem haver deixado Lisboa e sem ir a Sintra, o poema vai assim:
"Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida..."
Poesias de Álvaro de Campos - [463] 11-5-1928
Familiar, não?
2 comentários:
e qual inquietação ou "indigestão na alma" de pessoa não é a nossa?
belo trecho, não conhecia.
tu conheces o "livro do desassossego", ronái?
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