Chico de Oliveira e a irrelevancia da politica
Depois que Foucault tornou popular a idéia de "desinventar" o humano, veio o Chico para, num tom parecido, falar sobre a "colonização" da política pela economia, e, como consequência, o fim da sociedade. A política era pensada como uma invenção humana para arbitrar os conflitos, para lidar com as assimetrias sociais de de poder. Essas capacidades da política estariam estrebuchando nas mãos da economia.
Veja como a Folha de São Paulo de hoje resume o enredo da palestra do Chico:
"Ao contrário do que quer a vulgata marxista, disse Oliveira, é na política, e não na fábrica ou no ambiente imediato de trabalho, que se dá o conflito de classes e a possibilidade de restringir o processo natural de acumulação do mercado.
Ocorre que, com o crescimento das empresas em poder e para além dos Estados nacionais, essa arena local, em cada país, de conflitos, se tornou enfraquecida bem como os sindicatos, que não conseguem mais fazer frente às transnacionais.
"Estamos nos encaminhando para uma sociedade sem controles; salvo o único que escapa de tudo, que é o mercado", afirmou o sociólogo.
Os partidos não representam mais classes sociais, o conflito e a possibilidade de propostas alternativas não se dão, e a política gira em falso.
"Na ausência de política, o que acontece? O que estamos vendo. Uma sociedade de mônadas. Não existe mais sociedade, mas indivíduos. Nem indivíduos, mas "mônadas" sem capacidade de intervenção."
O maior exemplo recente desse esvaziamento, afirmou o sociólogo, foi o fato, celebrado por muitos, de a crise política que já dura mais de um ano não ter afetado a economia. "Se uma crise política não pode afetar a economia, para que serve a política?", perguntou." A matéria é assinada por Rafael Cariello, enviado especial da Folha ao Rio, para acompanhar o ciclo "O Esquecimento da Política".
Marilena, hoje, foi clássica e durona. Seu tema era "O que é política?". Ela abriu a palestra falando do sentido da política e da democracia na Grécia; depois, fez uma exposição sobre Foucault e o biopoder, com uma crítica relativamente tradicional ("abstrato, já que não explicita as condições materiais da produção dos corpos dóceis"; foi comparado com Lefort, em especial, sobre o mesmo tema; finalmente, Spinoza, uma aula. Para encerrar, o clássico tema do sentido da eleição e dos partidos na democracia.
O público, talvez intimidado, não queria fazer perguntas. Saiu uma só, sobre as paixões básicas em Spinoza (alegria, tristeza, desejo).
Aqui na Boca do Monte, vinte e uma pessoas na platéia.
A hora e o local não ajudam muito, reconheço.
3 comentários:
ronái meu velho,
segue o link para o portal políticos do brasil do uol. é a melhor notícia das eleições deste ano.
que tal fazer um censo dos nossos gloriosos locais?
abraços
guina
http://noticias.uol.com.br/fernandorodrigues/politicosdobrasil/
há um livro na praça também, com o mesmo nome.
O link é só para assinantes do uol.
HUmpf!
É vero, Guina, de fato hoje eu consegui acessar sem problemas (deve ter sido um mini-pau no meu pc).
Obrigada pelo link!
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