quarta-feira, agosto 31

A pontuação da morte

Reparto com os leitores do blogue um poema de Antonio Augusto Ferreira, dos melhores de sua obra. Acho que minha simpatia para com esse texto não se restringe à beleza literária do mesmo, é uma questão de turma. Leia e veja qual é a tua turma. Lembrei do texto até pela proximidade da palestra de segunda-feira, do Prof. Tugendhat.


A PONTUAÇÃO DA MORTE

Leia-se bem a MORTE:
morte, vírgula ou morte, ponto.
Atente-se à pontuação:
depois da vírgula, segue
mas depois do ponto, não.

Para os da vírgula
é preciso crença.
O ponto, não,
o ponto dispensa.

Há quem pontue a morte
com uma interrogação,
estes, estão no escuro.
Há também os reticentes...
morte em cima do muro.

E eu, afinal?
depois da morte,
ponto final.

Antonio Augusto Ferreira
19.12.01

2 comentários:

Anônimo disse...

já dizia o Fernando Pessoa
"a morte é uma curva na estrada, morrer é só não ser visto", discordando de vocês...

Anônimo disse...

Apesar de ser um poema belíssimo, é incompleto: faltou o ponto e vírgula. Onde está o ponto e vírgula? Muitos crêem (aqui não cabe falar em preferências) no ponto e vírgula. Também é possível, como tantas vezes acontece na vida real, morrer o autor, antes que ele conclua o texto.