domingo, agosto 21

Os trilhos do pensamento

Novamente cheguei no meio do quadro da Viviane Mosé. Ela estava segurando uma manga, em uma feira de frutas e verduras, e perguntava se a manga podia ser a manga e podia não ser a manga, ao mesmo tempo. Mencionou Aristóteles. Era uma deixa para falar no principio da não-contradição, uma espécie de condição do pensamento com sentido. Logo depois ela começou a falar da lógica como sendo uma espécie de trilho do pensamento, num tom relativamente neutro, apontando para os antigos trilhos de bonde do Rio de Janeiro, como a dizer que o pensamento humano precisa como que de certas regras ou condições.
Ela se deu ao trabalho de dizer que a lógica não dizia respeito ao conteúdo do pensamento, mas sim à sua forma, mas uma frase de tal porte ficou sem maiores explicações, apenas que há uma diferença entre "o quê" se diz e "como" se diz. E logo deu um pulo no roteiro para se perguntar se o "discurso lógico" pode ser mantido no mundo dos afetos. A resposta foi convencional e simplificadora: "pensar é criar, pensar é mais do que seguir o correto". É simplificadora e convencional porque sugeriu, se acompanhei bem, uma relação excludente entre as condições de pensamento "correto", de um lado, e "criador", de outro. Mas isso é um um pseudo-conflito. Os personagens dos maios criativos dramas somente fazem sentido para nós porque estão construídos de acordo com os "trilhos" . Se um ser humano se contradiz, isso nada tem a ver com as "condições da linguagem". Como diria Walt Wittmann, a gente se contradiz porque dentro de nós habitam multidões. O tópico não ficou bem caracterizado.
No próximo final de semana, tchamm, "penso, logo existo!"
Mas foi legal no final, uma ceninha com Aristóteles, em "Alexandre" e a dica do site da Globo, com dicas de livros sobre o tema.
Quem viu o início para contar?
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