A ética e os fantasmas de agosto
Vamos aos temas de ética. Parece, segundo o carequinha, que o bom ao futuro pertence.
Fala-se, como se sabe, em éticas profissionais: ética médica, ética dos meios de comunicação, ética dos professores, etc. Na CPMI, o Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) perguntou ao ‘empresário’ Marcos Valério, se ele considerava “eticamente correto” dar aval a um empréstimo para o PT, diante do fato que as empresas dele, avalista, prestam serviços ao governo e participam de concorrências públicas. O carequinha responde: “Não me beneficiei desse fato.”
Segundo a teoria ética do carequinha, de que depende a lisura, a correção ética de nossas ações? Das consequencias futuras de nossas ações, ao que parece. Mas isso faz sentido?
Vamos tentar generalizar a atitude do carequinha, vamos transformar a atitude dele em modelo de conduta.
O Deputado que fez a pergunta entende que há uma ética empresarial. Um empresário que presta serviços a um governo, através de suas empresas, e que participa de concorrências, talvez não devesse ser avalista de um empréstimo ao partido que esta majoritariamente no governo. Isso gera uma intimidade entre partes que desatende a boa ética empresarial e a boa ética governamental.
O empresário, por sua vez, entende que isso somente seria errado se ele tirasse benefícios dessa proximidade.
Mas onde isso é julgado ou decidido? E quem decide se houve ou não beneficio? É o próprio empresário? O carequinha tem uma teoria curiosa sobre a ética nos negócios públicos: o empresário pode ter essas amizades e intimidades com o poder (que incluem dar um avalzinho de um milhão de dólares) desde que as amizades e intimidades não gerem, por exemplo, concessões duvidosas de contratos depois do aval dado. O bem ao futuro pertence.
Marcos Valério está depondo já um dia inteiro e pouco se tirou dele; o mais que vai se tirar dele, penso eu, será uma questão de ética. Suficiente, no entanto, para fazer despertar os mais temidos fantasmas de agosto.
Para não desesperar: estamos todos muito bem representados no Congresso. Também tem gente boa lá.
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