segunda-feira, março 17

Antonio Augusto Brum Ferreira


Antonio Augusto Ferreira faleceu. Ele estava hospitalizado desde a noite de lançamento de "A Nona Assassina" e depois de diversas complicações veio a morrer na tarde de hoje. Paulo, que me deu a notícia, disse que o velório será nas capelas do Hospital de Caridade.
Para quem não o conheceu: Antonio Augusto não foi apenas o conhecido autor de letras vencedoras, como Veterano, Entardecer, Pago Perdido, Contrabando, e poemas poderosos como Sonho Criador, talvez os seus versos mais queridos e conhecidos. Ele sempre esteve associado com o nativismo, mas há uma vertente cosmopolita em seus escritos que eu admiro muito. Um exemplo notável são seus versos sobre a morte, merecedores de lugar em qualquer antologia universal de poesia sobre esse tema:

A PONTUAÇÃO DA MORTE

Leia-se bem a MORTE:
morte, vírgula ou morte, ponto.
Atente-se à pontuação:
depois da vírgula, segue
mas depois do ponto, não.

Para os da vírgula
é preciso crença.
O ponto, não,
o ponto dispensa.

Há quem pontue a morte
com uma interrogação,
estes, estão no escuro.
Há também os reticentes...
morte em cima do muro.

E eu, afinal?
depois da morte,
ponto final.

Antonio Augusto Ferreira
19.12.01

Dele disse um dia Barbosa Lessa: que era um homem que sabia dizer as coisas que sentimos, nós, que aos poucos não nos importamos mais "com a fúria desses ventos." Não é pouco. Eu não sei o que mais me impressionava nele, se eram essas pontes que ele construía entre o nativismo e os temas universais, se era a paixão que ele investia em horas e horas de conversa sobre literatura e poesia, nas quais tirava proveito da prodigiosa memória que tinha. Participamos juntos de uma sessão no 13 de maio, na qual eu declamei versos de Prado Veppo e ele trouxe o seu Sonho Criador. Naquela ocasião prometi a ele que em uma próxima oportunidade eu diria um poema dele. Ele, diligentemente, registrou o compromisso na dedicatória que fez para mim de Sol de Maio: "gostaria de ouvir um poema meu em sua boca". Felizmente pude cumprir a promessa, lendo para ele o meu favorito, que transcrevi acima.
Na "Pontuação da morte" ele fala em ponto final. Para quem conviveu com ele e com seus versos, essa ocasião é um ponto de partida para mais uma vez lembrar e homenagear sua paixão pelas letras e pela vida.
Hoje é um dia de repetir com ele,
meu mundo ficou pequeno
e eu sou menor do que penso
.

3 comentários:

msr4k disse...

Gosto muito de Antonio Augusto Brum Ferreira, principalmente da canção Veterano, mas não conhecia esta poesia da que fala morte, achei muito legal.
Parabéns pelo post

Mauro
Gaudérios

p@trici@ disse...

me gustava mucho conversar con don antonio.era una persona muy sabia
tube el agrado de tenerlo cómo patrón en una de sus estancias de uruguay.
don antonio siempre estára presente en mi corazón.
patricia.... tacuarembó (uruguay)

p@trici@ disse...

queremos mucho a don antonio.aunque ya no eté con nosotros siempre lo recordaremos.
haciendo sus cuentos y chistes para hacer reírnos.
don antonio te queremos mucho
Natalia y Nicol....
tacuarembo...(uruguay)