segunda-feira, setembro 12

Se um dia tivemos tudo, coxilhas infinitas, a moldura do céu profundo, hoje, restam de horizontes um quase nada de mundo, e o mundo 'é o nosso mundo'.

A frase acima é do manifesto de criação do Instituto Cultural José Gervasio Artigas. Os autores do manifesto seguem o texto: O Instituto "adota este nome inspirado no grande líder oriental, talvez o maior que a América conheceu, ainda que o tenha sido por pouco tempo – suas idéias, seus índios, seus gauchos, sua legenda, sua obra, sobretudo, espicaçada, minimizada por artifícios colonialistas, por interesses bastante claros de Portugal, Espanha e Inglaterra, por supuesto, com respeito (sem nenhum respeito!) a esta região."
E seguem, falando agora sobre uma das iniciativas do Instituto, uma revista, a Tudinha:
"Chamar-se-á Tudinha. Existe nome mais lindo? Digam-no no escuro, um sussurro que seja, audível somente pela nossa inteligência, sem a intermediação de Deus ou dos ouvidos. Não é lindo?... Pois é. Tudinha é uma das ricas personagens de Simões Lopes Neto, um dos maiores escritores da língua portuguesa, não por acaso, da Metade Sul do Rio Grande do Sul, de Pelotas, terra do charque e de Vítor Ramil.
Sim, mas por que Tudinha e não Jango Jorge ou Reduzo?
Primeiro, por ser feminina. Em terra de machismo exacerbado, nada mais oportuno do que engravidar de uma revista e passar a gestação inteira torcendo para que vingasse fêmea, tricotando múltiplas cores. Depois, pelo que o vocábulo significa, diminutivo feminino de “tudo”, um paradoxo em si mesmo, e auto-ironia que nós, que temos “o resto do mundo em volta”, nos permitimos, magnânimos. E, claro, pela ação da personagem no conto O negro Bonifácio. Leram?... Viram o que ela faz?!..."
O manifesto é coisa mais linda. Leiam o resto no www.lapandorga.com.br!

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