Pau Fincado
Claudemir Pereira (obrigado!) informa que o Deputado Paulo Pimenta convida a todos para uma visita às obras da BR 158, no sábado. Não vou poder estar por lá, mas deixo uma sugestão de dois pontos turístico-políticos de visitação ligados a essa estrada. O primeiro liga a BR 158 a um possível e ainda não contado episódio da história da corrupção no Brasil e está localizado nas coordenadas - será conveniente levar um GPS - 29*55'38.20" S e 54*14'06.78"; elas colocam o turista sobre um viaduto que foi construído na BR 158 faz muitos anos, mais de trinta, com certeza. Basta parar no viaduto, descer do carro e olhar para os lados para ver que embaixo da ponte deveria haver uma estrada. Seria uma estrada de ferro. Seria. Milhões de cruzeiros foram gastos em terraplanagem, como se verá. Hoje, depois dessas décadas de abandono ainda existem as cercas que separam o inaproveitado leito dos campos da região. Esses enormes trechos foram desapropriados? Foram pagos? E a terraplanagem de dezenas de quilometros, hoje abandonados, alguém algum dia respondeu por isso?
Essa é uma das histórias que valeria a pena contar sobre a BR 158 e adjacências.
Para o leitor que não puder integrar a caravana, postei uma foto do Google Earth na qual ele poderá ver a tal estrada feita e abortada, as erosões, etc. A região é conhecida como Campo da Pedra, logo depois da propriedade de Dom Avelar.
Andando mais um pouco, vem o outro ponto turístico, a Coxilha do Pau Fincado. Ali ficava o bolicho do Sr. Rubilar. O bolicho era próspero, o maior da região. Com a progressiva melhoria da estrada, foi definhando. Faz poucos anos que o Sr. Rubilar morreu. Quando conversei com ele pela última vez, tomando fanta morna na sombra de um cinamomo, ele falava do sonho de ver o asfalto na frente do bolicho, nem que para isso ele tivesse que perder o bonito galpão que ficava bem no trecho onde deveria passar a estrada, medida e remedida tantas e tantas vezes.
Agora, a outra história. Ou estória.
A Coxilha do Pau Fincado, diz uma lenda da geografia da campanha, é um dos divisores de águas mais importantes do Rio Grande do Sul. Houve um sonho geo-hídrico-político, certa feita, de se construir um gigantesco canal que uniria as duas metades do Rio Grande. Na época, quem sabe, alguma empresa de consultoria foi contratada a peso de cruzeiros para fazer algum estudo de viabilidade.
Poderia haver hoje ali um bolicho, um canal de águas e uma fita de asfalto, oigalê.
O Seu Rubilar morreu sem ver o asfalto, que chegou na Coxilha faz poucos dias, perto do Carnaval. No canal de águas, ele nunca acreditou, que crendice tem limites.
O Pau Fincado é um tronco de madeira, que ainda está lá, cravado no barranco, uns cem metros antes do bolicho, no lado esquerdo da estrada. Com olho bom, dá para ver no Google Earth.
A BR 158 elegeu muita gente, como se sabe.
Agora, diz o deputado, vai. Depois de mais de trinta anos e de muita gastança sobre a qual pouco se sabe.
(PS: na segunda imagem acima há uma informação errada: o viaduto é "na" Br 158, e não "sobre a BR 158", como consta ali por culpa minha. E o bolicho do Rubilar ficou embaixo do alfinete.)
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