quarta-feira, maio 10

A natureza da Filosofia


O tópico, como se sabe, é imenso, arquipelágico, eu diria, se existisse a palavra. No caso do autor em pauta (ET), vale pensar sobre o que ele escreve na primeira das Lições que escreveu, ainda em 1976: "O que estamos buscando aqui não é a explicação de algo ainda não compreendido, mas o esclarecimento do que já se compreendeu". E esse esclarecimento, ele continua, "só pode ser atingido pela reflexão sobre nossa própria compreensão, e não pela experiência".
Disso se segue que devemos distinguir entre a esfera da "compreensão" e da "experiência".
Os apelos para que a Filosofia se atenha ao "momento" devem levar em conta essa partição; eu me inclino a pensar que a linha divisória entre essas esferas não é das mais claras, é movediça mesmo, mas faz sentido.
Um exemplo seria o que podemos pensar sobre coisas como "família", como alguém - anonimamente - reclamou dias atrás. Que "família" é um tema filosófico, quem negaria, desde o bom Platão? Outro problema é como pensar o tema sem fazer confusões com a dimensão sociológica do conceito. A meu juízo, grande parte das reflexões sobre o tema "família" que tem tom de queixa se beneficiariam com a leitura de sociólogos que abordam o tema e fazem distinções importantes. Um exemplo são os escritos de Anthony Giddens. Um começo seria o livro "Para além da esquerda e da direita". São Paulo. Editora da Unesp, 1996.
Ali a gente vê que dá para falar da "crise da família" sem chorumela e sem Filosofia no meio. Ganha a Filosofia, no final das contas.
Na foto, Alcíbio, Onélia e o gato. Uma família moderna.

4 comentários:

Anônimo disse...

A parte que interessa pensar dentro do tema família, e que deve ser objeto da filosofia, e que não está ao alcance da sociologia, é uma fenomenologia das expressões do ser-família. Ou seja, como disse Tugendhat, "o esclarecimento do que já se compreendeu". Não há nada, neste caso, a repassar à sociologia e, menos ainda, isentar a filosofia. Nem a história, nem a sociologia juntas ou separadamente podem dar conta de uma fenomenologia das expressões, que pedem um esclarecimento a tudo que já foi compreendido (leia-se, tudo que a história, a sociologia e a psicologia já tornaram compreendido). Por que deixar a filosofia de fora? Chamemo-la ao doloroso compromisso de outras inspeções.

Ronai Rocha disse...

Não estou seguro de ter compreendido, mas acho que concordo com o rumo da idéia. Mas no caso do outro postal, sobre anonimado, não entendi a coisa do não-sujeito e a distância da polis.
Em todo o caso, na aula de hoje, o Prof. Tugendhat repartiu a febre dele, no bom sentido, no tópico da natureza da filosofia, como "ciência empírica". Eu acho que vi gente desmaiando, vi sim, se vi, como diria o passarinho amarelo, aquele um dos desenhos.

Ronai Rocha disse...

Fica anonimado mesmo!

Ronai Rocha disse...

Depois que eu vi que a foto já havia saído aqui no blogue. Desculpem.