terça-feira, maio 16

Como devemos entender a moral, coño!

Conforme combinado, o texto "Como devemos entender a Moral?" já está disponível no xerox do DCE, no Campus, perto da parada final/inicial dos bus. Também está disponível na Digicopy, aqui na Floriano Peixoto, descendo pela calçada do bar do pingo.
Agora, filosofia.
No texto que ele pediu que lessem, o tema da etnologia é assim introduzido:
“Eu parto da maneira como a palavra é entendida na etnologia. Quando os etnólogos investigam os hábitos de uma sociedade (ou grupo étnico), designam como moral a totalidade daquelas regularidades no agir que dependem da pressão social. Respectivamente, entenderei como moral o sistema de normas sociais sob as quais os indivíduos se vêem ao longo de toda a vida. Digo 'ao longo de toda a vida' para diferenciar uma tal estrutura de normas daqueles sistemas de normas que são regulados por jogos sociais. Sobre tomar parte em um jogo, pode-se decidir livremente. Sob uma moral está-se, quer se queira ou não. A moral restringe o espaço de liberdade daqueles que se consideram submetidos a ela. Por isso, uma moral é, em contraste com um jogo, carente de legitimação."
Hoje pela manhã, ao conversar com ele sobre os erros de editoração ou tradução desse artigo - poucos, mas ele fez questão de os corrigir -, uma das preocupações que ele manifestou foi com essa comparação entre normas morais e as normas de um jogo. A palavra "carente" pode fazer alguém dançar no pedaço. Acho que o tradutor - Adriano - deixou o texto um pouco duro demais. Por exemplo, tome a frase:
"Sob uma moral está-se, quer se queira ou não".
Esse "está-se" pode ser gramaticalmente correto, mas é muito duro.
Eu diria: "Estamos sob uma moral, queiramos ou não."

2 comentários:

Anônimo disse...

“Sob uma moral está-se, quer se queira ou não” e “"Estamos sob uma moral, queiramos ou não."
Reescrevo, gramaticalmente, para ver se proposicionalmente aparecem diferenças:
1) “Quer se queira ou não, sob uma moral se está.” Comparemos agora com 2)“Estamos sob uma moral, queiramos ou não.”
A similitude das gramáticas em 1) e 2) não permite [exatamente] uma diferença proposicional.

“Estamos sob uma moral” contém o mesmo sentido de “Sob uma moral se está”. Porém, parece que “estamos sob” demonstra um caráter temporal apontando a momentaneidade de um período, de um intervalo de tempo, de um segmento, o advento de uma transformação da moral de uma comunidade; ao passo que “sob uma moral se está”, denota uma permanência, a imprevisibilidade de movimentos modificadores a uma moral.

A outra coordenada: 3) “quer se queira ou não” aponta para um agente superior e externo à proposição, que subjuga qualquer decisão das pessoas internas contidas na proposição. Comparativamente, 4) “queiramos ou não”, não deixa entrever aquela pessoa externa, superior, que submete. Em “queiramos ou não” o “nós” inicia e finda em si mesmo. Portanto, há total autonomia das pessoas internas, ou da pessoa interna “nós”.


OUTRO PONTO:
“A moral restringe o espaço de liberdade daqueles que se consideram submetidos a ela.”(E.T.)
O termo “restringe”/restrição é consentâneo de “considero-me submetido”.
Ou seja, aquele que “se considera submetido”, logicamente que pode afirmar que a moral é restrictora.
Por outro lado, pode ocorrer de alguém não se declarar submetido a uma moral da qual, não obstante considere restrictora, ele reconhece que ela acalenta e organiza os meios ideais para o exercício do dever e do direito. A eficácia da submissão é diretamente proporcional à eficiência da restrição.

PONTO 3:
Também vacilei diante de “normas sociais” e “normas reguladas por jogos sociais”; “jogos sociais” que é absolutamente distinto de “jogo” – momento ou lugar livre para agir livremente, que vem na frase seguinte de Tugendhat.
Isto tem a ver com as denotações temporais e as perenes ou infinitas, de que falávamos acima.
Além do mais, o que seriam exatamente “jogos sociais”? A mim não quer dizer outra coisa que não seja a “parte”, a “fração” agindo conforme espelho do “todo” (as normas sociais).
Numa palavra: tudo que está contido nas “normas sociais” é praticado, executado, orientado, motivado dentro das pequenas porções dos “jogos” – jogos sociais.

Último ponto e dúvida: não entendi o "coño". Não encontrei nos meus alfarrábios de espanhol, nem italiano
qu'est-ce qui veut dire?

Anônimo disse...

Antes do PONTO 3, melhor é ler "a eficiência da submissão é diretamente proporcional à eficácia da restrição"