quarta-feira, maio 31

Os cancros de Ghiraldelli


Andrei, no post sobre Eutanásia, chama a atenção para o blogue do Ghiraldelli. Fui lá ver. Há um texto sobre o que ele chama de "cancros da filosofia" no Brasil de hoje. São três, ensino de filosofia, filosofia para crianças e filosofia clínica.
Transcrevo um trecho sobre o ensino de filosofia:
"Disse e digo mais uma vez: filosofia é, já, no momento em que está sendo feita, diálogo pedagógico, portanto, em certo sentido, ensino. Separar ensino e filosofia para, agora, tentar agrupá-los através da criação de uma área institucional chamada “ensino de filosofia”, que iria fazer uma reflexão sobre o assunto, é não entender nada de filosofia. Quem quer ver como se ensina filosofia ou como se aprende filosofia, uma vez que é filósofo, já viu. Pois se é filósofo, leu filosofia e viu que filosofia é assim: o estudante lê acompanhado do filósofo, que aponta para ele relevâncias no texto. Quanto mais leituras ricas, mais relevâncias distintas e boas, melhor sua formação. E assim, em determinado momento, ele, aluno, se verá filosofando. Não há mágica. Nem ao menos, em certo sentido, há didática. Não há “ensino de filosofia” como algo que mereça uma reflexão. Quem fala em “ensino de filosofia”, em geral, é quem não conseguiu lugar na filosofia propriamente dita. “Ensino de filosofia” é lugar de fracassado da filosofia."
Eu não imagino quem é o alvo dele nesse caso. O que fica evidente é que parece haver, no entender dele, quem separa e depois tenta juntar, etc. O texto tem dois "em certo sentido" que precisariam ser especificado e uma caracterização do aprendizado de filosofia que conclui que não há didática para a mesma. No que me toca, acho que tudo isso merece nossa reflexão, mas vá lá saber quem ele quer cutucar.
A senhora da foto é Simone de Beauvoir, no alto dos seus quarenta e dois anos, clicada por Art Shay. Está no livro que saiu agora sobre ela, no Brasil.

terça-feira, maio 30

feel the vertigo

Para impressões de um estudante de jornalismo sobre o Maturana, clica no Vertigo. Maturana esteve em POA por esses dias, fazendo sucesso entre os muitos leitores que tem no Brasil. Mas essa nova geração não perdoa! Eu mesmo não vou dizer nada, como diria o Mestre, mesmo porque já falei demais em outros tempos sobre essas autopoiesis.

segunda-feira, maio 29

"Todos somos mais ou menos irracionais"

Confirmação aos navegantes: a Biblioteca Central da Ufesm tem o exemplar da VERITAS, vol. 44, março de 1999, com o texto intitulado Ética e Justificação, indicado por Ernst Tugendhat. O texto tem três partes: O Conceito de Moral em Kant, O Conceito de Liberdade em Kant e O Conceito de Liberdade como Imputabilidade. Para quem fez o curso, o texto vai soar familiar em muitos trechos. Ali ele desenvolve muitos dos conceitos apresentados no curso.
A.T e D.T, penso eu, se aplica aos estudos de Ética no Curso de Filosofia da Ufesm. Quem não participou vai ter que correr atrás. Como disse T antes da primeira aula sobre Kant, "hoje ele vai sofrer ...".
A frase acima está na palestra sobre eutanásia. Se alguém estiver interessado nos textos das palestras, é possível conseguir uma cópia.

quinta-feira, maio 25

Ô deputado, garfearam o elevador do 74!


O semestre começou, por fim.
Amanhã termina o curso do Prof. Tugendhat. Cláudio e José fizeram das tripas coração e devem inclusive entregar os certificado amanhã de tarde mesmo. Quem quiser o texto das palestras que ele deu aqui, sobre Antropologia e Eutanásia, também pode conseguir com os organizadores.
Nos links ao lado acrescentei os endereços dos blogues das disciplinas desse semestre, Filosofia e Ensino de Filosofia e Filosofia da Linguagem.
Segunda-feira, se tudo correr bem, o Mora volta ao normal.
Cheguei hoje no 74 por volta das três da tarde. Um grupo de estudantes ia descendo as escadas, saindo do corredor do terceiro piso. Uma aula que terminava cedo, pensei. Um deles, uma moça de óculos, descia dos degraus com duas muletas. Caminhava com segurança, ao ponto de poder notar que eu fiquei olhando para ela, olhando para as muletas, olhando para a perna encolhida da moça de óculos, e olhei de novo para ela, como se eu fosse dizer alguma coisa. Ela pareceu ter percebido, mas eu fiquei quieto, me distraí com um colega dela que dizia, "prédio bom esse, olhem só para a largura dessa escada", e ela descia, hábil com as muletas, e eu fiquei com a frase atravessada, e se ela precisasse não de muletas, mas de uma cadeira de rodas, como ficaria? e a frase era, está ali, moça, o poço do elevador do prédio novo, o velho Tuga também bufou nessas três semanas, mas que fazer, cadê o elevador, cheio de placas de inauguração, o 74, são três ao todo, agradecimento para deputado, placa para reitor, banheiro para deficientes em todos os andares, mas de que jeito os cadeirantes sobem? A moça desceu os degraus do terceiro piso, o rapaz continuou deslumbrado com a largura do corredor e eu fiquei lembrando da campanha para a reitoria da ufesm. No ano que vem, se o velho Ernesto não melhorar de forma, não vai poder subir no terceiro piso do 74. E se a moça estivesse de cadeira de rodas, de que vai adiantaria a largura dos nossos corredores? O dinheiro para o elevador, onde foi parar?

terça-feira, maio 16

Como devemos entender a moral, coño!

Conforme combinado, o texto "Como devemos entender a Moral?" já está disponível no xerox do DCE, no Campus, perto da parada final/inicial dos bus. Também está disponível na Digicopy, aqui na Floriano Peixoto, descendo pela calçada do bar do pingo.
Agora, filosofia.
No texto que ele pediu que lessem, o tema da etnologia é assim introduzido:
“Eu parto da maneira como a palavra é entendida na etnologia. Quando os etnólogos investigam os hábitos de uma sociedade (ou grupo étnico), designam como moral a totalidade daquelas regularidades no agir que dependem da pressão social. Respectivamente, entenderei como moral o sistema de normas sociais sob as quais os indivíduos se vêem ao longo de toda a vida. Digo 'ao longo de toda a vida' para diferenciar uma tal estrutura de normas daqueles sistemas de normas que são regulados por jogos sociais. Sobre tomar parte em um jogo, pode-se decidir livremente. Sob uma moral está-se, quer se queira ou não. A moral restringe o espaço de liberdade daqueles que se consideram submetidos a ela. Por isso, uma moral é, em contraste com um jogo, carente de legitimação."
Hoje pela manhã, ao conversar com ele sobre os erros de editoração ou tradução desse artigo - poucos, mas ele fez questão de os corrigir -, uma das preocupações que ele manifestou foi com essa comparação entre normas morais e as normas de um jogo. A palavra "carente" pode fazer alguém dançar no pedaço. Acho que o tradutor - Adriano - deixou o texto um pouco duro demais. Por exemplo, tome a frase:
"Sob uma moral está-se, quer se queira ou não".
Esse "está-se" pode ser gramaticalmente correto, mas é muito duro.
Eu diria: "Estamos sob uma moral, queiramos ou não."

segunda-feira, maio 15

Palestras: retificando

A palestra de quinta-feira, dia 18, será as 19.00 horas, no Auditório da Fapas. O tema será "A Antropologia como Filosofia Primeira". No dia 25, às 10.00 horas, no Campus, ocorrerá a segunda palestra, sobre "Aspectos Filosóficos da Eutanásia".
A Fapas não funciona mais junto ao Seminário dos Palotinos, e sim junto às instalações do Patronato Antonio Alves Ramos, no final da Avenida Presidente Vargas, em frente ao posto de gasolina. Há estacionamento amplo e seguro no local.

domingo, maio 14

Palestras

A primeira das palestras do Prof. Tugendhat deverá ocorrer no auditório da Fapas, na quinta-feira à noite. O auditório fica nas novas instalações da Fapas, no Bairro Patronato. Para ir até lá pode-se tomar qualquer dos ônibus que vão para o lado leste: Prado, Tancredo Neves, etc. O auditório tem 400 lugares, e o tema deverá ser "Eutanásia", com entrada livre. A segunda palestra deverá ocorrer no dia 25, no Campus, pela manhã, na sala 218 do prédio da Reitoria. O tema será "Antropologia Filosófica".

"O retorno da religião"

A Folha de S. Paulo de hoje tem um artigo de Clifford Geertz que vale a pena ler. O título é "O futuro das religiões", e começa assim:
"Enquanto se desenrola a história política explosiva do século nascente, o desdobramento mais notável -e o mais surpreendente- que as ciências sociais se vêem obrigadas a enfrentar na cena mundial é com certeza aquilo que se usa denominar, muitas vezes erroneamente, como "o retorno da religião".
Erroneamente porque na verdade a religião nunca desapareceu -foi a atenção das ciências sociais que se desviou a outros campos, enquanto estiveram dominadas por uma série de pressupostos evolutivos que consideravam o compromisso com a religião uma força em declínio na sociedade, um resíduo de tradições passadas inexoravelmente erodido pelos quatro cavaleiros da modernidade: secularismo, nacionalismo, racionalização e globalização."
Enquanto ia lendo foi inevitável lembrar: o melhor livro de filosofia da religião escrito nos ultimos anos (e bota anos nisso), de longe, foi escrito por um filósofo que, no momento, está se recuperando de um resfriado ali no Hotel Morotin. Para sorte nossa, o livro, "Egocentricidade e Mistica", vai ser publicado em breve no Brasil, numa tradução do Valério Rohden e do Adriano.

Melhor

Ele está melhorando.
Anote na agenda: no feriado da quarta haverá aula normal. A menos, é claro, etc, resfriado, gripe, mais etc.

sexta-feira, maio 12

O caranguejo

O caranguejo me levou livre hoje.

quarta-feira, maio 10

A natureza da Filosofia


O tópico, como se sabe, é imenso, arquipelágico, eu diria, se existisse a palavra. No caso do autor em pauta (ET), vale pensar sobre o que ele escreve na primeira das Lições que escreveu, ainda em 1976: "O que estamos buscando aqui não é a explicação de algo ainda não compreendido, mas o esclarecimento do que já se compreendeu". E esse esclarecimento, ele continua, "só pode ser atingido pela reflexão sobre nossa própria compreensão, e não pela experiência".
Disso se segue que devemos distinguir entre a esfera da "compreensão" e da "experiência".
Os apelos para que a Filosofia se atenha ao "momento" devem levar em conta essa partição; eu me inclino a pensar que a linha divisória entre essas esferas não é das mais claras, é movediça mesmo, mas faz sentido.
Um exemplo seria o que podemos pensar sobre coisas como "família", como alguém - anonimamente - reclamou dias atrás. Que "família" é um tema filosófico, quem negaria, desde o bom Platão? Outro problema é como pensar o tema sem fazer confusões com a dimensão sociológica do conceito. A meu juízo, grande parte das reflexões sobre o tema "família" que tem tom de queixa se beneficiariam com a leitura de sociólogos que abordam o tema e fazem distinções importantes. Um exemplo são os escritos de Anthony Giddens. Um começo seria o livro "Para além da esquerda e da direita". São Paulo. Editora da Unesp, 1996.
Ali a gente vê que dá para falar da "crise da família" sem chorumela e sem Filosofia no meio. Ganha a Filosofia, no final das contas.
Na foto, Alcíbio, Onélia e o gato. Uma família moderna.

Curso do Prof. Tugendhat

Está cancelada a aula de hoje, dia 10 de maio, do Prof. Tugendhat.
Desde ontem ele estava um pouco resfriado, e hoje não está se sentindo com forças suficientes para dar aula. Assim, fica suspensa a aula de hoje. Na sexta, esperamos, ele estará melhor. Oxalá.

terça-feira, maio 9

Sobre Stedile, as postagens, etc.

Tem gente que prefere perder o amigo a perder a piada. Eu, que gosto muito da Wrana, mulher de muita força e coragem, que defende com muita garra a universidade, fiquei pê da cara com essa piada, em especial porque foi contada na frente dela, que não merece ouvir isso. Na frente dela e na frente de centenas de professores, pois se tratava de um encontro de professores. Eu acho que o emessetê pode e deve ser visto como, em parte, eu disse, em parte, uma expressao compreensível dessa horrorosa estrutura social do Brasil. Quero dizer com isso que seria meio maluco e triste se não houvesse nenhum berreiro nesse lado de nossa sociedade, com esse indice de Gini que temos e que só piora. O que entristece é a apropriação disso por pretensos intelectuais de engenharia social, como o Stedile, na medida em que empulham com um discurso ambíguo - de um lado falam mal da academia, de outro, sem reconhecer isso, dão a entender que essa conversa sobre socialismo é bem fundada, com bases "científicas", rumos da sociedade futura, etc. O Stedile, por vezes me inclino a pensar assim, visto como sintoma, é compreensível, mas pouco mais, na medida em que faz uso descarado de estratégias de "manobrar" o discurso sobre socialismo e outras esperanças científicamente administradas. Esse negócio sobre a invasão da universidade me foi contado por um progrado da atual administração: a ufesm somente não teria sido invadida na época , isso quer dizer, poucas semanas atrás, porque o plano teria vazado e a segurança foi reforçada.
Sobre as postagens anônimas eu não permito nem despermito nada: o santo google é quem decide como funciona o template do blogue. Eu mesmo acho que o espírito da coisa não tem nada ver com anonimato. Se pode escolher uma máscara, brincar de personagem? Um pseudônimo? Isso eu entendo. Mas pseudo-anônimo? Isso é mais difícil de entender. Em todo caso, desde domingo, estou em fase de intensa aprendizagem de tanta coisa que por ora apenas digo isso, acho que anonimato é um lugar onde a gente se perde. Se isso é bom ou ruim? Depende só da gente, no mais das vezes.

Ernst Tugendhat: as palestras

Estão definidos os dias e os temas das duas palestras de Ernst Tugendhat em Santa Maria. Ele falará sobre Antropologia Filosófica e sobre Eutanásia. Uma delas será na quinta, 18, e a outra, na quinta, 25. Uma, no Campus, outra na Cidade. Uma, na sala 218, outra, se der certo, na Cesma. Estou meio atrapalhado sobre qual onde quando, amanhã vejo na agenda que esqueci no Campus. Tirando um resfriado de conseqüências incertas, ele vai indo bem. Pela segunda vez foi ao Ponto de Cinema.

domingo, maio 7

Ernst Tugendhat

Começa amanhã, às 16.00 horas, na sala 2323 do Prédio 74, no Campus Universitário, o curso de ET sobre Ética. Ele já está na cidade. Veio direto de Tubingen, pela Air France, mas teve que enfrentar o busão da Planalto na tarde do domingo. Sobreviveu. Até lá.

sábado, maio 6

Jornalismo local

Acrescentei nos links ao lado a ponte para a página de jornalismo da Unifra. O sítio é bem bom, coordenado pela Rosana Zucollo. Vale a visita. Coloquei também um laço com a página de Monica Herrera, do país hermano ao sul, aluna do mestrado em filosofia do prédio 74 e dona de um belo texto.

sexta-feira, maio 5

Finocchiaro & Betiol & Quintana

Depois de pegar o autógrafo de Gilda May Cardoso, Newton Marchiori, Theresinha Santos e Valter Noal, no belíssimo livro "A Arte Fotográfica e o Teatro em Santa Maria", de Getulio Schilling, uma bela iniciativa da Câmara de Vereadores, executada de forma magnífica pelos editores, começou o Sarau Literário feito pela Deborah Finocchiaro e Zoravia Betiol. Deborah declamou versos de Mario Quintana e Zoravia mostrava, no telão, obras que executou, inspirada em Quintana. Foi de dar sufoco no peito, de tão bonito. Não resisti e taquei a maquininha nelas.






A piada

A piada do Estedile, se me lembro bem, era assim:
Um professor universitário andava pela Cordilheira dos Andes, na Bolívia (já comecei a inventar...) quando encontra um velho quechua, pastoreando ovelhas. O sujeito desliga o motor da xeroki, furunga no painel, desce do jipão. "Tem duzentos e cinco ovelhas ali no rebanho, não?", diz o teacher para o pastor. O velho olha para o sujeito, meio maravilhado, e confirma, sim, mas como é que você sabe isso, nem parou para contar?"
"Well, liguei meu GPS, conectei com as antenas da boca do monte, peguei imagem do satélite e as ovelhinhas pularam aqui na minha tela."
- "E você é um professor universitário, não?",
- "Sim, sou. Mas como é que você sabe disso?"
- "Bueno ("bueno" é de gaúcho, mas dá o clima), tu chega no meu campinho sem ser convidado, me ensina coisa que eu não te perguntei e que eu estou cansado de saber, só podia ser professor de universidade..."
A Wrana Panizzi estava no auditório, e, respeitosa como é, havia feito aquela cara de ouvinte atenta para o Estédile. Aí ela foi desmanchando, ficou puta da cara, é fácil imaginar. Como Reitora, falou depois, tentou remendar, não é bem assim, etc. Mas o clima estava criado.
Caricatura tem hora. Que tem vagal e maluco nas ufesm da vida, quem vai negar isso? Mas isso tem nome, diria o Prof. Sautter, "parte pelo todo", etc.
Deixa prá lá...

quinta-feira, maio 4

Carvalho, Olavo de.

O tema me lembrou Drummond. "Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina."
Esses versos, que até hoje me incomodam, me ocorrem diante dessa conversa sobre eucaliptos e carvalhos. Eu não desconheço que tem quem queira desfazer Drummond, meio moda nos setenta, hoje deslembrado, quem sabe. Baita provocação, um guri criado no fundo do campo do Saicã, perto do Rosário, depois removido para o norte do Paraná, quer cantar a cidade, as coisas do dia, e lhe metem Drummond nas vistas, "não faças versos sobre acontecimentos, e etc.".
Olavo pega a Simone, operária da Renault, tuberculosa, combatente da Guerra Civil Espanhola, que pega os acontecimentos pela goela e pega seus sentimentos - dela - e tormentos pela goela e tenta dar-lhes voz - sai o que sai, danem-se, a responsabilidade é de quem a lê! - aí, seu Olavo pega ela pela goela e tenta tirar dali o quadrado das oposições, terceiro excluído, não-contradição, vamos, venhamos e me faça o favor!
Conceda-se: Olavo tem um bom livro, ao menos, sobre Aristóteles, comprei, li, tem outros, etc. Mas depois de escrever um belo livro sobre o velho Ari, empeza a filosofar sobre acontecimentos. "Pão ou pães, é questão de opiniães", como dizia o velho Rosa, Guima, Grande Sertão, logo ali na primeira página, para facilitar nossa vida.

Eu não lembro quem me colocou Drummondo nas mãos:
"Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?"

Bueno, segue a trova, no mais, que tá bom!


As guanxumas, como se vê, escasseiam no Rincão. Lá embaixo, no entanto, na charge de Santiago, estão animadas.
Eucalipto, para mim, é como cinamono, árvore da infância, cheiro bom e mato limpo embaixo. Muito tempo depois descobri que as duas eram de longe, das austrálias uma, de onde não sei, a outra. Hoje, tem essa conversa que a primeira é beberrona, seca campo. O que me incomoda no assunto da mudança da paisagem? Talvez a legitimação apressada que a ufesm conferiu à empresa, ao contrário da ufrgs, talvez o pesadelo de ir até Santana do Livramento vendo apenas os tais.
Mestre Guina se preocupa com a possível invasão da ufesm por quetais mulheres e semelhantes finalidades. Que eu saiba, estava previsto, sim, e foi por pouco. Stedile odeia as universidades, não perde uma chance de desancar "professores universitários". Vocês não lembram da piada que ele contou em Porto Alegre faz poucos anos? Se quiserem, eu conto.
A cabrita, que não é alçada, está lá no Rincão.

quarta-feira, maio 3

A liberdade de opinião

"A liberdade de opinião e a liberdade de associação são geralmente mencionadas juntas. É um erro. Salvo no caso dos agrupamentos naturais, a associação não é uma necessidade, e sim um expediente da vida prática.
Ao contrário, a liberdade de expressão total, ilimitada, para toda opinião qualquer que seja, sem nenhuma restrição nem reserva, é uma necessidade absoluta para a inteligência. Por conseqüência, é uma necessidade da alma, pois quando a inteligência não está à vontade, toda a alma está doente".
Simone Weil, "O Enraizamento".
O livro está na caixa de saldos da Ana Terra, na feira do livro, pela bagatela de 15.
Fica como homenagem dupla ou tripla ou quádrupla: à Ana Terra, à Simone, ao dia da Liberdade de Imprensa, que parece ter sido hoje, à Feira do Livro de Santa Maria. Comprei ali faz pouquinho um pequeno pacote, incluindo essa Simone, para reserva técnica, para emprestar para os amigos.

O Rincão, de novo


Pago no fim de maio a dívida. Fui de novo no Rincão. A desculpa era preparar melhor o acesso das gentes, ver a luz de maio, sentir o primeiro vento frio, comer a fruta do cactus, fotografar as cabritas. E achar um canto para as barracas, Valter, Guina, Luís.