Os cancros de Ghiraldelli
Andrei, no post sobre Eutanásia, chama a atenção para o blogue do Ghiraldelli. Fui lá ver. Há um texto sobre o que ele chama de "cancros da filosofia" no Brasil de hoje. São três, ensino de filosofia, filosofia para crianças e filosofia clínica.
Transcrevo um trecho sobre o ensino de filosofia:
"Disse e digo mais uma vez: filosofia é, já, no momento em que está sendo feita, diálogo pedagógico, portanto, em certo sentido, ensino. Separar ensino e filosofia para, agora, tentar agrupá-los através da criação de uma área institucional chamada “ensino de filosofia”, que iria fazer uma reflexão sobre o assunto, é não entender nada de filosofia. Quem quer ver como se ensina filosofia ou como se aprende filosofia, uma vez que é filósofo, já viu. Pois se é filósofo, leu filosofia e viu que filosofia é assim: o estudante lê acompanhado do filósofo, que aponta para ele relevâncias no texto. Quanto mais leituras ricas, mais relevâncias distintas e boas, melhor sua formação. E assim, em determinado momento, ele, aluno, se verá filosofando. Não há mágica. Nem ao menos, em certo sentido, há didática. Não há “ensino de filosofia” como algo que mereça uma reflexão. Quem fala em “ensino de filosofia”, em geral, é quem não conseguiu lugar na filosofia propriamente dita. “Ensino de filosofia” é lugar de fracassado da filosofia."
Eu não imagino quem é o alvo dele nesse caso. O que fica evidente é que parece haver, no entender dele, quem separa e depois tenta juntar, etc. O texto tem dois "em certo sentido" que precisariam ser especificado e uma caracterização do aprendizado de filosofia que conclui que não há didática para a mesma. No que me toca, acho que tudo isso merece nossa reflexão, mas vá lá saber quem ele quer cutucar.
A senhora da foto é Simone de Beauvoir, no alto dos seus quarenta e dois anos, clicada por Art Shay. Está no livro que saiu agora sobre ela, no Brasil.