O Senhor Keuner
"Ao acabar de ler um livro de história da filosofia, o senhor K. emitiu um juízo desfavorável sobre as tentativas dos filósofos para apresentar as coisas como fundamentalmente incognoscíveis. “Quando os sofistas afirmavam que sabiam muito sem ter estudado nada”, disse ele, “surgiu o sofista Sócrates a garantir com arrogância que apenas sabia que não sabia. Esperava-se que acrescentasse à frase: porque eu também não estudei. (Para se saber alguma coisa há que estudar.) Parece, no entanto, que nada mais disse, embora os estrondosos aplausos a essa primeira frase, que duraram dois mil anos, chegassem para abafar qualquer outra frase que viesse a seguir.”.
O texto acima é do Bertoldo, o Brecht, aquele chato que, entre outras coisas, não tinha medo de meter a mão nessas coisas.
(O texto está no livro "Histórias do Senhor Keuner". Tradução de Luís Bruhein, Hiena Editora, Lisboa, 1993).
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