terça-feira, junho 26

Saber sem crer

Uma das indicações dada pelo McGinn para reforçar sua tese, que em algum sentido da palavra "conhecer" a crença não fica implicada é um livro de Jonathan Bennett, Linguistic Behaviour, publicado pela Cambridge em 1976. Alguém tem? O ponto de partida do McGinn, como se sabe, é a constatação das variedades do conhecimento: saber como, saber quem, qual, onde, saber de, e, certamente, saber que p. Sua intuição é que o "'saber-que' surge como uma espécie de algum tipo mais básico de conhecimento". A nave-mãe do conhecimento é o que ele chama de "discriminative capacity".
Voltando ao Bennett. Na teoria do significado apresentado no livro, de acordo com um apresentador de seu livro, Bennett oferece uma elucidação sobre como podemos explicar de forma razoável e teleológica alguns aspectos do comportamento de criaturas desprovidas de linguagem, em termos de seus objetivos e do que ela 'registra'. "Registrar, diz o resenhista - e aqui apenas estou traduzindo - é um conceito primitivo introduzido por Bennett; registrar, diz ele, torna-se crença quando certas condições de educabilidade e (talvez) e de questionamento (inquisitiveness) se dão. Bennett mostra de forma convincente de que modo o comportamento pode tornar razoavel atribuir-se progressivamente mais crenças complexas e intenções a criaturas desprovidas de linguagem; crenças gerais, crenças acerca do passado, crenças e desejos acerca das atitudes dos outros, e finalmente, as atitudes requeridas para um caso de significado de falantes." O Alexandre, no comentário do post abaixo, lembra a possibilidade de se pensar a crença como uma relação direta com o mundo e com isso se preservar a dependência entre conhecimento e crença. Não consegui pensar isso adiante.
Dias atrás fiquei pensando que no final das contas se trata de uma coisa completamente simples. Bertrand Russell pubicou um um livrinho chamado "Deixa o povo pensar" (Let the People Think), uma seleção de ensaios. Em um deles, chamado Free thought and official propaganda" ele sugere que as escolas primárias deveriam ensinar a arte de ler os jornais com incredulidade. Afinal, diz ele, tem gente que pensa que um fato aconteceu só porque está impresso em grandes letras pretas, confundem a verdade com o corpo doze.

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