As armas
Em um comentário pessoal, o Prof. Frank Sautter indicou uma possivel tipologia de argumentos pró e contra a comercialização de armas de fogo. Quem vota pela proibição usualmente invoca princípios de fundo pacifista; quem vota pela continuidade do comércio usualmente invoca o cenário da insegurança pública. Assim, os argumentos em certo sentido se movem em territórios conceituais distintos. Não estou seguro de fazer justiça à observação dele. Com o passar da campanha, no entanto, os argumentos estão se embolando, pois a turma das armas está usando muito o argumento de direitos individuais de escolha, e a turma da paz invoca estatísticas que mostram a relação entre armas e mortes no cotidiano e a pouca chance do "cidadão de bem" diante do "bandido" preparado para matar. O que é notável é que esse tipo de expressão tola acabou pegando nas duas campanhas: temos a cidadania do bem e a cidadania do mal.
O único Homem de Bem que eu conheço é o cantor.
Eu não li a Veja desta semana, mas, pela propaganda, tenho a impressão dela ter cometido um grave e consciente desserviço: ela dá a entender que o desarmamento é do "governo", e com isso as pessoas pensam em um dos poderes, o executivo. Ora, trata-se de legislação federal, fora do campo de ação estrito do poder executivo. Talvez a Veja queira dizer com "governo" os três poderes? Sei não, mas Aristóteles diria que se trata de um uso equívoco.
Um comentário:
olá professor, passo por aqui pra pretensiosamente me 'associar' ao seu post... li as tais 7 razões para dizer não (ou algo assim) da Veja... e me 'incomodam' muito as designações 'cidadão de bem' e 'bandido', não sei muito bem o que caberiam como significações desses signos... ou evocados por quem são, pode-se saber muito bem...
Também queria registrar minhas 'saudades' de suas aulas, passei para sentir o 'gosto'... e dizer que as reflexões instigadas anteriormente, na disciplina que diz, continuam latentes e funcionando, de algum modo...
um grande abraço, da ex-futura aluna
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