Nas mangueiras para o trato de gado, no Rio Grande do Sul, ainda se usam as mangueiras; algumas servidas pelas gigantes banheiras. A coisa funciona assim; o gado entra em enormes cercados, as mangueiras; depois de colocada a tropa ali dentro, um grupo menor de reses é colocado em um cercado menor, e ali elas entram, uma por uma, em um corredor, que, se não me falha a memória, se chama brete; ali cada rês pode ficar presa, imobilizada, para o trato; dosagem, vacina, uma serrada na ponta da aspa; bicheira não se trata ali, no mais das vezes, porque depois tem o banho; aberta a seringa o bicho se vê empurrado para uma rampa que se projeta numa enorme banheira, com água e uns preparados fedorentos, à base de criolina, é o que lembra meu nariz. Sem escolha, o bicho nada uns cinco metros e sai pelo outro lado, se sacudindo todo; está banhado, pronto para ir ao campo de novo, livre dos carrapatos.
Pois tá cheio de carrapato, aqui pelos campos do tal de São Paulo. Conto que andando aqui nos campos de Moema dei com uns muitos edifícios que copiaram a moda da gauchada. Funciona assim. O índio chega no portão do edifício e uns tipos que ficam em umas casinhas escuras parece que adivinham a intenção do vivente e já vão perguntando, por meio de uns microfones escondidos lá quem sabe donde quem é e a que vem. Se gostam da resposta a porta abre e o índio pode entrar, mas somente para descobrir que entrou em um brete, desses bem estreitinhos; ali o índio fica preso no mais, mais perto da casinha de janela preta, e ali espera para que telefonem para dentro do edificio e especulem bem especulado se é pizza ou se é pão ou se é o quê afinal que a casa espera; e o índio ali, depezito no mais, lhe aguardo, espero! Aí vem as licenças e o brete abre; o índio passa pela casinha preta e ainda lhe olham bem, assim meio no desconfiado.
Lhe reparo que visita, aqui nessas Moemas, só bem anunciada, e uns dias antes.
Se os carrapatos diminuíram, eu esqueci de perguntar.