quarta-feira, junho 29

Mentir ou dizer a verdade?

O que é mais fácil, mentir ou dizer a verdade? Parece que mentir é mais fácil. Um amigo doente, no hospital, nos pergunta o resultado de um exame, e a gente resolve esconder dele a verdade. Sabemos que ele não vai durar muito, mas dizemos que ele está bem, logo vai estar de volta em casa. Com nossa mentirinha achamos que estamos fazendo um bem. Até pode ser. Mas também pode não ser. O amigo pode, no fundo de seu coração, estar querendo saber a verdade para poder tomar as decisões que vem adiando uma vida inteira. Mas tem mais do que honestidade nesse tópico. Acho que mentir dá mais trabalho. Estou pensando aqui nesses depoimentos das cpis – mensalão, correio, bingo, etc.. Dizer a verdade requer, basicamente, o trabalho da memória: contar o que aconteceu, o que vimos, o que ouvimos, o que fizemos. Dizer a mentira exige o trabalho da imaginação, da invenção, da criação, da ficção. Ora, se a gente inventa uma história, ela nos enreda e nos obriga a manter uma coerência: entre os personagens, entre os personagens e a realidade, entre os fatos contados, etc.. A gente tem que lembrar cada passo da mentira para que ele seja coerente e consistente com os demais fatos. Pense no tal do Marcos Valério que, ao que tudo indica, era o homem da mala de dinheiro: o desvalido imaginou que daria conta do recado dizendo que sacava moeda corrente nacional para pagar as vaquinhas que comprava, pois os pecuaristas assim o fazem. O idiota não se deu ao trabalho de investigar – ou achou que todos são idiotas como ele - como são feitos os negócios nessa área: nunca tem dinheiro vivo, tudo é com prazo e muito calote no meio. É mais fácil dizer a verdade (neste sentido, digamos, lógico) e existem bons argumentos filosóficos para isso. O carequinha, quem sabe, vai ser uma prova viva disso.

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