quarta-feira, setembro 28

Escolhas


O discípulo pergunta ao mestre:
- Como podemos nos tornar sábios?
O Mestre responde:
- Fazendo boas escolhas.
- E como fazemos boas escolhas?
- Experiência - acrescentou o Mestre.
- E como adquirimos experiência?
- Más escolhas - disse o Mestre.

Gramática e Metafísica

Tem material novo no blogue de Linguagem, sobre Gramática e Metafísica. São notas que podem ajudar na leitura do texto de Stanley Cavell, Declinando do Declínio - Wittgenstein, filósofo da cultura.

Argumentos para o debate. Com a palavra, Denise Frossard

Os danos da proibição de armas

Denise Frossard*

O bom senso, sob o fogo cerrado da proposta de proibição do comércio legal de armas, pode ser mais uma das vítimas da ingenuidade ou violência branca da demagogia. O que se pretende com a proibição? Reduzir a criminalidade é a resposta, tão imediata quanto impensada, que nos vem à cabeça. Mas é uma resposta equivocada. A proibição do comércio legal de armas não fará recuar nem um milímetro a ousadia do crime (organizado), não baixará a taxa de delinqüência das ruas nem mesmo trará o conforto de diminuir a sensação de insegurança que, hoje, atinge em graus variados a sociedade brasileira. A proibição do comércio legal de armas, como o simples aumento de penas, a mudança do fardamento da polícia, tantas outras medidas (anunciadas ou já implementadas), tem sobre a criminalidade o mesmo efeito de um arco-íris no céu: uma ilusão bonita aos nossos olhos.
No caso da proibição do comércio de armas, a falsa sensação produzirá, no entanto, um efeito danoso: retirará do Estado a possibilidade de controle (ainda que frágil, como agora) e dificultará ainda mais a investigação de crimes praticados com esse recurso.
Proibida a comercialização, o Estado não terá mais instrumentos para o controle da circulação de armas. Como a sensação de insegurança persistirá, porque as verdadeiras causas da criminalidade (corrupção e impunidade) não são resolvidas em razão das deficiências do Estado, o mercado inteiro de armas de fogo irá para a clandestinidade.
As provas desse argumento são muitas. Uma delas está no documento "Fiscalização de Armas de Fogo e Produtos Correlatos", publicado pela imprensa, elaborado pelo coronel de infantaria Diógenes Dantas Filho, que, em conjunto com o Ministério Público Militar Federal, articulou uma ação policial militar para apreensão de armas clandestinas no Rio de Janeiro. O trabalho mapeia as rotas utilizadas pelo tráfico de armas e confirma a existência, em circulação, no Brasil, de 20 milhões de armamentos sem registro, em contraposição a 2 milhões de armas registradas.
É uma absurda ingenuidade de uns (e razões suspeitas de outros) imaginar que, diante da proibição do comércio legal, ninguém mais comprará ou deixará de portar armas. O mercado não vai estancar simplesmente porque o Estado proibiu a comercialização. Historicamente não tem sido assim.
Quem não se lembra da Lei Seca, nos EUA, ou da reserva de mercado de informática, no Brasil? Nos dois casos, e em muitos outros que a experiência de proibições comerciais mundo afora construiu, cresceu o mercado clandestino e o contrabando.Esse é o terreno fértil para aumentar a corrupção.
A medida certa está no controle da fabricação e do porte de armas de fogo, e não na proibição da comercialização. Nesse ponto, é bom retirar do debate a idéia equivocada de que os que são contra a mera proibição estão no pólo oposto da argumentação, propondo "às armas, cidadãos". Não é assim. Acredito na eficiência da regulamentação e no controle rigoroso da fabricação, do porte e da importação de armas. Acredito na responsabilização direta e penal de todo aquele que, mesmo não portando armas, estimule o porte ilegal. Venho defendendo publicamente esses pontos de vista desde o começo dos anos 90.
O caminho do controle foi tomado em fevereiro de 1997, com a edição da lei 9.437, que estabeleceu condições para o registro e o porte de armas de fogo e, mais relevante, configurou como crime possuir, deter, portar, fabricar,
adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder (mesmo que gratuitamente), emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Até 1997, o porte ilegal de armas era uma simples contravenção penal. A partir de então, com a lei 9.437, passou a sercrime, com pena de prisão. Recentemente, o Senado melhorou ainda mais a lei, aprovando um projeto que, entre outras medidas, torna o porte ilegal de armas um crime inafiançável. A proposta do Senado será submetida à Câmara, onde terá o meu apoio.
Apesar de não produzir resultados efetivos para o esforço de redução da criminalidade, que, comprovadamente, tem causas mais graves, a proposta para proibição do comércio legal de armas acabará sendo apresentada à população como um milagroso remédio. E nisto está o segundo, e talvez mais importante, equívoco. Sendo aprovada a proposta e em nada resultando no que concerne à necessidade de redução da criminalidade, veremos aumentar a incredulidade da
população com as medidas que venham do Estado. Com isso, continuaremos perdendo um importante aliado na luta contra o crime: a confiança do cidadão no Estado.

DENISE FROSSARD é Juíza de direito aposentada, fundadora da Transparência Brasil e deputada federal pelo PSDB-RJ.
(Agradeço ao Luis Valério o envio do texto como contribuição para essas conversas sobre os argumentos e sobre o referendo)

A Segunda Emenda e "Pense"

Lembrei da Segunda Emenda por causa de um dos melhores livros de introdução à filosofia que já li. Trata-se de "Pense - Uma Introdução à Filosofia", de Simon Blackburn, o mesmo autor do Dicionário de Filosofia da Oxford. O livro saiu pela Editora Gradiva, de Lisboa, em 2001. Tem 8 capítulos, Conhecimento, Mente, Livre Arbítrio, O eu, Deus, Raciocínio, O mundo, O que fazer.
No capítulo "Raciocínio", ao falar sobre a importância dos dispositivos quantificacionais na lógica como auxiliares para a dissolução de certas ambiguidades da linguagem comum (O exemplo mais surrado é "Todas as moças bonitas gostam de um rapaz") ele toma uma posição sobre a posse de armas pelos cidadãos nos EUA. Veja:
"Uma ambiguidade relacionada com esta é responsável por cerca de trinta mil mortes por ano nos Estados Unidos. "Sendo necessária uma milícia bem regulamentada para a segurança de um estado livre, o direito do povo de ter e usar armas não será infringido." Quem não terá os direitos infringidos? Cada pessoa? Ou todas enquanto coletividade, como no caso de "O time terá um ônibus"? Se os fundadores dos Estados unidos tivessem sido capazes de pensar em termos de uma estrutura quantificacional, poderia não se ter derramado tanto sangue". (p.213)

terça-feira, setembro 27

Armas: a Segunda Emenda

Eis o texto da segunda emenda (EUA), que motiva muita gente a votar no não agora em outubro:
"Amendment II
A well regulated militia, being necessary to the security of a free state, the right of the people to keep and bear arms, shall not be infringed."

"Maior apoio!"

Como era de se esperar (veja post de um mês atrás) o MEC apóia a greve' das Universidades Federais. Tá na página da Universidade, que na verdade é uma transcrição da Folha de São Paulo de hoje. Veja:
"O Ministério da Educação afirmou que ainda negocia com o Ministério do Planejamento e com a Casa Civil uma proposta para apresentar aos grevistas. O texto final deve ser fechado até a próxima sexta-feira. "Consideramos legítimo o movimento, porque eles não tiveram aumento no ano anterior", afirmou o secretário-executivo-adjunto do MEC, Ronaldo Teixeira. A proposta que está sendo debatida entre os ministérios prevê um aumento de 50% no valor dado à titulação do professor (mestrado ou doutorado). Teixeira disse também que o governo pretende negociar tanto a incorporação das gratificações quanto as mudanças nas carreiras."
Bueno, mas essa era a proposta do governo no início da greve', que já foi rejeitada.

O referendo sobre armas

Então tá. Vamos começar com o objeto. No referendo, vamos votar sobre um artigo de lei que diz assim:
“É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei” (rol dos agentes que podem portar arma de fogo).
Esse artigo depende de ser referendado pela população para entrar em vigor. Esse é o tema do referendo popular a ser realizado em outubro deste ano.
Se vencer o "sim" o que acontecerá?
• O cidadão comum , que hoje só pode comprar uma arma para mantê-la dentro de casa, ou dentro do local de trabalho (se for o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa), não poderá mais comprar arma de fogo ou munição.
• Só estarão legalmente autorizados a possuir uma arma os agentes de defesa nacional, segurança pública, segurança privada e desportistas.
• Quem já tiver arma, não poderá comprar outra, e nem poderá mais comprar munição para a arma que já possui.

segunda-feira, setembro 26

Comércio de armas

Daqui a alguns dias teremos que votar sobre o comércio de armas. Pelo que tenho lido na imprensa, os argumentos que tem sido apresentados podem ser um excelente material para debate sobre ... argumentos e suas fraquezas! Quem sabe a gente faz uma rodada de conversa sobre esse tema?

Links

O blogue teve problemas de desconfiguração. Os links no lado direito desapareceram por algum momento. Espero que tenham voltado. Se o problema persistir, agradeço a informação.

quarta-feira, setembro 21

A falácia de Sócrates


Sócrates, o grande patrono, foi acusado de cometer falácias? Peter Geach faz isso. E diz mais: quando passamos adiante a falácia de Sócrates, podemos causar um prejuizo moral: "I am sure that imbuing a mind with the Socratic fallacy is quite likely to be morally harmful."
Leia mais sobre isso no blogue de Filosofia da Linguagem. O arquivo com as postagens de 36 até 47, daquele blogue, já está disponivel nos Arquivos.

terça-feira, setembro 20

"Vivieron su destino como en un sueño, sin saber quiénes eran o qué eran"


LOS GAUCHOS

Quién les hubiera dicho que sus mayores vinieron por un mar, quién les hubiera dicho lo que son un mar y sus aguas.
Mestizos de la sangre del hombre blanco, lo tuvieron en poco, mestizos de la sangre del hombre rojo, fueron sus enemigos.
Muchos no habrán oído jamás la palabra gaucho, o la habrán oído como una injuria.
Aprendieron los caminos de las estrellas, los hábitos del aire y del pájaro, las profecías de las nubes del Sur y de la luna con un cerco.
Fueron pastores de la hacienda brava, firmes en el caballo del desierto que habían domado esa mañana, enlazadores, marcadores, troperos, hombres de la partida policial, alguna vez matreros; alguno, el escuchado, fue el payador.
Cantaba sin premura, porque el alba tarda en clarear, y no alzaba la voz.
Había peones tigreros; amparado en el poncho el brazo izquierdo, el derecho sumía el cuchillo en el vientre del animal, abalanzado y alto.
El diálogo pausado, el mate y el naipe fueron las formas de su tiempo.
A diferencia de otros campesinos, eran capaces de ironía.
Eran sufridos, castos y pobres. La hospitalidad fue su fiesta.
Alguna noche los perdió el pendenciero alcohol de los sábados.
Morían y mataban con inocencia.
No eran devotos, fuera de alguna oscura superstición, pero la dura vida les enseñó el culto del coraje.
Hombres de la ciudad les fabricaran un dialecto y una poesía de metáforas rústicas.
Ciertamente no fueron aventureros, pero un arreo los llevaba muy lejos y más lejos las guerras.
No dieron a la historia un solo caudillo. Fueron hombres de López, de Ramírez, de Artigas, de Quiroga, de Bustos, de Pedro Campbell, de Rosas, de Urquiza, de aquel Ricardo López Jordán que hizo matar a Urquiza, de Peñaloza y de Saravia.
No murieron por esa cosa abstracta, la patria, sino por un patrón causal, una ira o por la invitación de un peligro.
Su ceniza está perdida en remotas regiones del continente, en repúblicas de cuya historia nada supieron, en campos de batalla, hoy famosos.
Hilario Ascasubi los vio cantando y combatiendo.
Vivieron su destino como en un sueño, sin saber quiénes eran o qué eran.
Tal vez lo mismo nos ocurre a nosotros.

Jorge Luis Borges (In: Elogio de la Sombra)

segunda-feira, setembro 19

Carencia

Uma das mais bonitas passagens do Diário do Dr. Saldanha é quando ele explica para o leitor o que é uma "Carencia":
"Carencia he aquelle sitio, ou lugar, a que estão costumados já por algum tempo, as Boyadas, e Cavalhadas, sendo tal o apego, que tomão os animaes a sua rezidencia que se por acaso podem escapar depois de qualquer numero de Legoas de viagem, cuidadozamente a tornão a procurar".
Não é lindo?

Vaqueanos

Continuando no ritmo, rumo ao vinte de setembro:
Segundo o mesmo Diário Resumido do Dr. José Saldanha, o que é um Vaqueano?
"São os guias, ou Praticos dos Caminhos, atalhos, veredas, conhecedores do terreno dos seus Arroyos, Rios, e nomes. Custa achar-se um bom e verdadeiro Vaqueano, taes são as extensoens desta vasta Campanha."

Gaucho, o vagabundo dos campos

Segundo Braz (Evaldo Munoz Braz, Retratos do Gaúcho Antigo, Martins Livreiro, POA, 2002) "a palavra 'gaúcho' só aparece em crônicas de viajantes na América do Sul por volta de 1770 (...) Quando o nome gaúcho aparece, surge quase simultaneamente nos documentos do Uruguai (1771), Rio Grande do Sul (1777/1787) e Argentina (1812), pois o substrato (changadores, gaudérios, etc, surgidos primariamente) está maduro para resultar no gaucho/gaúcho."
Evaldo Braz (que é santamariense) indica como o primeiro documento no qual consta a palavra gaucho, escrito aqui no Brasil, o Diário Resumido do Dr. José Saldanha, publicado pela primeira vez em 1787. O diário é um resumo do diário geral da equipe portuguesa de demarcação, a mando do tratado de Santo Ildefonso. Saldanha era bacharel em Filosofia, Matemático, especialista também em Geografia e Astronomia.
Dei de mão na minha cópia do Diário, e as menções que encontrei foram essas:
"De hum, e outro lado desse passo, ássaz bom, e digno da passagem de carros, ou carretas, se as vezinhas Coxilhas o permittissem encontramos destroçados ranchinhos e vestigios de Coureadores, e Gauches (*) do Campo."
O asterisco leva a uma nota de rodapé, que diz assim:
"Gauches, palavra Hespanhola uzada neste Paiz para expressar aos Vagabundos, ou ladroens do Campo, quaes Vaqueiros, costumados a matar os Touros chimarroens, a sacar-lhes os Couros, e a levalos occultam-te as Povoaçoens, para a sua venda ou troca por outros generos". (na página 181)
Em outro local:
"... acampamos na sua margem Septentrional, junto a hum passo que de novo se achava feito, e aberto pelos Gauches, ou vagabundos do campo."
Tá no Diário do Saldanha.

Insulamento

No blogue da Filosofia da Linguagem há uma nova série de comentários, centrados no problema do insulamento. Esse tema ainda não é verbete de dicionário de filosofia. A forma como M. F. Burnyeat, em 1984, introduz o tema, no artigo "O cético em seu lugar e tempo" é muito bonita. Veja só:
“Hoje em dia, se um filósofo encontra dificuldade em responder a pergunta filosófica "O que é o tempo?" ou "O tempo é real?", ele pede uma bolsa de pesquisa para trabalhar no problema durante o próximo ano sabático. Ele não supõe que a chegada do próximo ano está de fato em dúvida. Alternativamente, ele pode concordar que qualquer perplexidade acerca da natureza do tempo, ou qualquer argumento para duvidar da realidade do tempo, é de fato uma perplexidade sobre, ou um argumento sobre, a verdade da proposição segundo a qual o próximo ano sabático vai chegar, mas mesmo assim alegar que isso é obviamente uma dificuldade estritamente teórica ou filosófica, não uma dificuldade que deva ser considerada na vida quotidiana. De um ou de outro modo ele insula seus juízos comuns de primeira ordem dos efeitos de seu filosofar.”
Mais, sobre isso, no outro blogue.

domingo, setembro 18

Do baú da didática

- Professora, como se escreve "guêi"?
- Ah, escreve boiola, veado.
- Mas eu quero escrever “fogueira”!

sexta-feira, setembro 16

20 de Setembro? (II)

Está chegando o 20 de Setembro.
O Diário de Santa Maria informa que umas pilchas, das em conta, não saem por menos de 600,00. O jornal esqueceu de fazer um levantamento dos apeiros. Quanto sai um conjunto completo, do xergão até aquele negócio que enlaça o rabo do cavalo? Uma pequena fortuna. Mas botar onde, esses apeiros todos? Quanto sai um tobiano que não nos faça passar vergonha? Mais uns 800,00 ou mil?
Por menos de dois mil contos, um otacilio não desfila.

quinta-feira, setembro 15

O paradoxo da greve

Alguns alunos da USM decidem deixar de ir nas aulas até que as aulas recomecem. Cheira a um paradoxo, que podia ser chamado de paradoxo da greve, um dos tantos. Os alunos estão em aulas, e decidem deixar de ir nas aulas, até que as aulas recomecem.
A proposta parece ser essa. Vamos voltar para a casa, ver as tias e avós, tomar mate na beira do fogão, em Tucunduva, até que os professores se entendam com o ministério da deseducação.
A matéria da Razão de hoje (Thais Miréia, se te copidescaram, me desculpa!) é uma graça. Diz assim: "alguns professores não aderiram à greve". A verdade é exatamente o contrário, na UFSM alguns professores pararam. No CCSH, um dos maiores centros da UFSM, apenas um Curso parou completamente, o de Economia. Não por acaso, é um Departamento que apenas faz graduação, não há Mestrado, Especialização, etc, q.e.d.
A matéria contém uma sutil e brutal inverdade. Nenhum professor que não paralisar é obrigado a recuperar dias letivos no final da greve. Thais, quem foi o bruto que te disse essa mentira? Eu entendo, em todas as greves essa bobagem é repetida pelos de plantão! O calendário letivo está mantido, e tudo o que for feito pelos professores em aula é válido, inclusive a reprovação por frequencia de quem "entrar em greve".
E se o CEPE cancelar o calendário? Aí, pela primeira vez em muitos anos, alguma coisa de diferente vai começar a acontecer nesta mesmice.

quarta-feira, setembro 14

A Filosofia na Feira

Se houvesse justiça no mundo - há alguma, menos do que gostaríamos! - o estande da Filosofia na Feira das Profissões deveria ganhar um prêmio (pois que este ano haverá um prêmio para o melhor estande, etc,). Deixa para lá. O que importa é que os meninos e meninas criaram um estande muito criativo, com duas situações interativas muito boas. Na primeira, eles projetam quadros de Escher, que aparentemente fazem sentido, mas que, considerados com atenção, se mostram absurdos. Ali pode começar uma conversa legal sobre coisas com os limites do sentido, perpectivas, etc. Na outra, eles escrevem perguntas num quadro-branco. Aí chega o curioso, lê as perguntas, escolhe uma e é convidado a escrever umas linhas, para concorrer a um prêmio, parece que é um adesivo bonito, mas poderia ser um livro, um beijo, um cafezinho. Bem, hoje, passei por lá por volta de quatro e meia da tarde, já haviam varios textos, cada um mais interessante do que o outro.
Aqui vai uma mostra das perguntas. Os alunos escolhem a cada dia umas três ou quatro.
• Podemos duvidar de tudo? Quem duvida de tudo, duvida que está duvidando?
• De onde vêm as idéias de bem e de mal? É possível que haja um acordo sobre o que é “bom”?
• Tudo o que é, era para ser? Existe o destino?
• Mentir é sempre errado? Podemos mentir para evitar o sofrimento de alguém?
• Devemos sempre obedecer as leis? Uma lei pode ser injusta?
• A existência de Deus é uma questão de fé pessoal ou pode ser provada?
• Será que temos, de fato, liberdade? Será que somos, de fato, donos de nossos atos?
• Tudo é relativo. A afirmação que “tudo é relativo”, é relativa?
• Quando podemos dizer que começa a vida de um ser humano? “Ser humano” é a mesma coisa que “pessoa”?
• A gente gosta de uma coisa porque é boa (ou bonita, ou agradável) ou a coisa é boa porque a gente gosta dela? Gosto se discute?
Tem mais. Depois eu conto. Um abraço para essa gurizada boa.

Feira das Profissões


Começa hoje, com greve e tudo, a Feira das Profissões. O estande do Curso de Filosofia terá novidades. Uma delas será a projeção de figuras com essa aí, a Queda d'água, de Escher, para ajudar na caracterização do universo de debates da Filosofia. Um desafio e tanto que a meninada da casa, no caso, o Diretório da Filosofia, aceitou levar adiante. Parece que vai ter um café para aquecer as conversas mais demoradas. Boa sorte!

segunda-feira, setembro 12

Me tocou a feia

Não sei quem é o autor, nem sei se a história é mesmo assim, mais invento do que lembro. No baile, ali perto do Passo do Verde (ou seria no Fundo do Formigueiro?), o índio atravessa o salão e tira a moça, bonita, para dançar. Ela faz que não, ele insiste, ela também, que não, mas nem pensar, aceita o convite. A moça é manca. Que fazer, vamos até o fim da marca. O amigo do índio o consola, para mim tocou a feia.

“Fortes, firmes e coesos?”

O Sindicato pergunta se a greve é ainda um instrumento eficiente de pressão ao governo? Aceitei dançar com a feia. Uma saída fácil seria dizer que há uma diferença entre eficácia e eficiência: fazer bem a coisa certa e chegar ao resultado desejado é ser eficaz, fazer certo é ser eficiente. Nessa perspectiva, se poderia dizer que as nossas greves podem ter alguma eficiência mas são pouco eficazes; mas essa terminologia não é boa para um assunto tão complicado.
Entendo a palavra “greve” no sentido de “greve do segmento docente das universidades federais”. Digo isso porque, em abstrato, minha resposta seria simples: sim, greve é um instrumento legal de pressão, etc. Mas a pergunta do Sindicato é feita na conjuntura que estamos vivendo em agosto e setembro de 2005. Outra saída fácil seria dizer que a greve não é eficiente porque não há o que pressionar, porque no momento temos apenas um governo que tenta sobreviver a si mesmo. Esse governo sabe que seu ultimo ponto não é a classe média informada, de quem pouco espera e a quem pouco está disposto a conceder. O governo atual já perdeu o apoio no funcionalismo universitário faz tempo. Sumiram dos carros nos campi os adesivos de Lula e PT que eram milhares. Mas não quero enfatizar tanto essa conjuntura. Tampouco pretendo defender um não irrestrito. Fiz mais de 300 dias de greve. Muitas vezes participei do comando de greve e continuo pensando que a greve é um importante instrumento de pressão. Mais do que isso, as greves das Universidades obtiveram algumas conquistas importantes desde o final dos anos setenta (lá se vão quase trinta anos!) em pleno regime militar.
O que eu posso fazer aqui é oferecer um ponto de vista. A primeira greve nacional das universidades federais foi em 1980 e teve a duração de 26 dias. Ali havia um sentimento de que a nossa greve era parecida, em algum sentido, àquelas feitas pelos metalúrgicos, por exemplo. De 80 até 85 houve greve em todos os anos, exceto em 83. De 86 em diante tivemos um ritmo parecido, num ciclo de duas greves pequenas (30 dias) para uma greve grande (dois meses ou mais). A partir de 95 o padrão se alterou, com o fim das greves curtas (a maior, se lembro bem, foi a de 98, que durou 104 dias). Se eu chamo a atenção para isso é para se fazer um comparativo com o movimento grevista dos demais setores da sociedade civil brasileira, em especial de operários como os metalúrgicos do ABC. E a conclusão é que não há um padrão remotamente parecido de greves. Os antigos companheiros entraram em outro ritmo. E nós, de 1978 até hoje acumulamos mais de 1000 dias sem aulas. Greve, para eles, significa outra coisa, com outro peso e preço. Com o fim da parceria, terminou também um certo idílio com a opinião pública, que era benevolente conosco no inicio. Uma prova disso foi a passeata em 1984, com mais de dois mil professores, funcionários e estudantes desfilando nas ruas da cidade, desde o prédio de apoio do CCSH na Floriano até a Câmara de Vereadores. Hoje, uma passeata assim é impossível.
Havia pressão e conquistas nas greves? Sim, vezes mais e vezes menos. Mas haviam algumas regras e pressuposições. Uma regra de ouro era que uma greve precisava ser “forte, firme e coesa”; ninguém entrava sozinho, ninguém saía por conta; somente se entrava em greve com a maioria de universidades tendo votado a favor, em data unificada, e sempre com a participação de um bom número de “grandes”. Isso começou a ser questionado, com o tempo, quando predominou a voz de “greve no bojo”. “Greve no bojo” queria dizer greve conjunta de todo o funcionalismo publico. Levou um bom tempo para que a turma da “especificidade” voltasse a ter voz: a greve tinha que ser somente das universidades; a especificidade, por sua vez foi radicalizada e passamos a ter uma greve de cada segmento dentro das universidades, com agendas e calendários separados. Uma suposição era que nossas greves eram da mesma família da greve de operários; com o tempo, essa comparação não mais podia ser feita; nenhum operário faz greve durante três meses, recebendo o salário e parando seletivamente apenas os setores que quer parar. O complexo sistema de pós-graduação e pesquisa que foi sendo instalado progressivamente nas universidades não permitia – e cada vez permite menos- que as portas da mesma sejam fechadas como as de uma fábrica. Nossas greves eram de outra espécie, e progressivamente assumiram uma identidade muito peculiar, mais próxima à de movimentos de protesto, baseados na solidariedade um tanto forçada dos estudantes de graduação.
Há quem diga que “se não fossem as greves, não haveriam tais e tais conquistas”. Pode ser; mas pode não ser, pois esse raciocínio é um condicional contrafático; isto é, um outro curso de acontecimento não ocorreu e ficamos discutindo hipóteses contra os fatos. É bem possível que os governos tenham, de uns anos para cá, passado a fazer a política salarial das universidades contando com a eclosão desses protestos. Assim, a relação de causa e efeito ficaria invertida, pois o governo esperaria a greve para oferecer as migalhas do ano.
Este ano temos novamente uma greve com entrada a conta-gotas, pela beirada do pires: Acre, Amapá, Rondônia, etc. Novamente, mandamos a gurizada para casa, mais por conta do RU e tocamos a pesquisa. (A gente prova a dissociabilidade do ensino e da pesquisa na prática). Novamente, a estratégia é a do “arranque nacional”: a greve pega no tranco, nem forte, nem firme, nem coesa, pelas beiradas do Brasil, pelas beiradas de cada universidade.
Há quem dance com a feia. Há quem dance com a manca. Eu acho que a maioria dos professores apóia a greve como um instrumento de pressão ao governo. Mas acho também que essa mesma maioria sente um enorme desconforto quando faz o balanço dos ganhos e desgastes que elas tem gerado nos últimos anos; essa mesma maioria, eu acredito, gostaria que ao menos uma vez a greve voltasse a ser forte, firme e coesa, nem que para isso tivéssemos que esperar mais alguns anos, que nos curassem da tentação de pensar que quem é contra a greve (na forma como tem ocorrido) é individualista e a favor desses governos “que estão aí”: a lógica das greves não é assim tão ilógica.

Forte, firme, coesa.

O titulo do artigo é uma madeleine, um mantra que o Pistóia e eu recitávamos, para manter o bom humor diante de uma peça literária que existia nas greves dos anos oitenta, a "avaliação de conjuntura", que costumava terminar com esse mantra: "a greve continua, forte, firme, coesa". Podíamos estar caindo pelas beiradas, mas o mantra era esse!

Greve (4)

Acho que vou voltar aos poucos a esse assunto, que tem mais espinhos que cabo de rosa. Escrevi o artigo para o jornal do sindicato, fiquei parcialmente satisfeito com o resultado. Digo parcialmente porque me dei conta que, por mais que tenha tentando pensar sobre isso, sempre tem mais e mais coisas em jogo, e a conversa parece ser interminável. Me dei conta que alguns argumentos que costumo usar somente fazem sentido para gente mais usada, como eu. Fiz uma comparação com a greve dos metalurgicos para dizer que nos anos oitenta a gente se sentia um tanto próximos, nas greves, e depois me dei conta que isso talvez não faça nenhum sentido para os grevistas de hoje, que simplesmente vão dizer que cada um tem seu cada qual, cada macaco no seu galho, nada de comparar alhos e baralhos. Pois é, nada como brincar com joguinhos semióticos de significante e significado, mas o que fazer? Pensando nas coisas especulativas e antigas que escrevi, que mereceram a crítica atenta do Adriano, vou postar o artigo sobre a greve.

Se um dia tivemos tudo, coxilhas infinitas, a moldura do céu profundo, hoje, restam de horizontes um quase nada de mundo, e o mundo 'é o nosso mundo'.

A frase acima é do manifesto de criação do Instituto Cultural José Gervasio Artigas. Os autores do manifesto seguem o texto: O Instituto "adota este nome inspirado no grande líder oriental, talvez o maior que a América conheceu, ainda que o tenha sido por pouco tempo – suas idéias, seus índios, seus gauchos, sua legenda, sua obra, sobretudo, espicaçada, minimizada por artifícios colonialistas, por interesses bastante claros de Portugal, Espanha e Inglaterra, por supuesto, com respeito (sem nenhum respeito!) a esta região."
E seguem, falando agora sobre uma das iniciativas do Instituto, uma revista, a Tudinha:
"Chamar-se-á Tudinha. Existe nome mais lindo? Digam-no no escuro, um sussurro que seja, audível somente pela nossa inteligência, sem a intermediação de Deus ou dos ouvidos. Não é lindo?... Pois é. Tudinha é uma das ricas personagens de Simões Lopes Neto, um dos maiores escritores da língua portuguesa, não por acaso, da Metade Sul do Rio Grande do Sul, de Pelotas, terra do charque e de Vítor Ramil.
Sim, mas por que Tudinha e não Jango Jorge ou Reduzo?
Primeiro, por ser feminina. Em terra de machismo exacerbado, nada mais oportuno do que engravidar de uma revista e passar a gestação inteira torcendo para que vingasse fêmea, tricotando múltiplas cores. Depois, pelo que o vocábulo significa, diminutivo feminino de “tudo”, um paradoxo em si mesmo, e auto-ironia que nós, que temos “o resto do mundo em volta”, nos permitimos, magnânimos. E, claro, pela ação da personagem no conto O negro Bonifácio. Leram?... Viram o que ela faz?!..."
O manifesto é coisa mais linda. Leiam o resto no www.lapandorga.com.br!

Sobre a greve, etc.

O blogue ficou parado no final de semana, mas eu não. Escrevi o artigo para o jornal da Sedufsm, sobre a greve, e mais um para a Tudinha. O artigo para a Tudinha eu vou deixar inédito aqui no blog. Se você não sabe o que é a Tudinha, paciência. Depois eu explico. Mas o artigo sobre a greve eu vou postar depois.
E se foi o terceiro Tratado Ontológico das Bolas do Boi que havia na Cesma! Já se pode encomendar mais um lote. As tratativas para um lançamento local na Cesma vão indo bem.

sábado, setembro 10

Bloch

O Texto a seguir é de Suzana Albornoz, de longe a maior conhecedora do pensamento de Ernst Bloch no Brasil.

"Humanista e socialista, pois, durante a primeira guerra mundial, Bloch se recusou a lutar, exilando-se na Suíça. Casou-se pela primeira vez com Else von Stritsky, russa de origem aristocrática,de profundas convicções religiosas. Else morreu precocementeem 1921. Em sua única obra até hoje traduzida para o português – Thomas Müntzer, teólogo da revolução -, o filósofo mostra seu entusiasmo com o misticismo cristão, tão forte na Rússia,e com os novos caminhos sociais e políticos de dimensão messiânica trilhados pelo povo russo naqueles anos da Revolução de 1917, sendo estes elementos aliados a um pathos doloroso,que expressa, de algum modo, o luto recente.
Após a República de Weimar e com o advento do nazismo na Alemanha,em 1933, começa longo período de exílio – em Zürich, Viena, Praga e, finalmente, em 1938, nos EEUU, onde Karola Bloch, de formação arquiteta, providenciaria o sustento da família.
Terminada a segunda guerra mundial, em 1949, Bloch pôde escolher entre a Universidade de Frankfurt, na Alemanha ocidental, e aUniversidade Karl Marx, em Leipzig, na zona oriental, tendo optado por esta, coerente com seus ideais socialistas.
Todavia, suas idéias eram demasiado livres e originais, idealistas para o gosto da ortodoxia do partido comunista da então DDR e, após a repressão da rebelião da Hungria, em 1956, quando se manifestou solidário com o povo húngaro e contra a intervenção autoritária, o filósofo e seus discípulos passaram a ser vigiados, impedidos de falar e perseguidos, por isto, em 1961, por ocasião de uma licença para visitar amigos na Alemanha ocidental, a família Bloch não retornou a Leipzig, iniciando-se o período de Tübingen, na Suávia, sul da Alemanha ocidental."
Leia mais em:
http://www.celpcyro.org.br/AFELICIDADEPROMETIDA.htm

Esperança


Uma novidade editorial importante está na rua. Saiu o primeiro volume da trilogia de Ernst Bloch, em primeira tradução para a língua portuguesa, "O Princípio Esperança". A hora não podia ser melhor. Os dois outros volumes serão publicados nos próximos meses. A Editora chama-se Contraponto.
Outro livrão que ganha as livrarias é "O Mundo Como Vontade e Representação", de Schopenhauer. Ainda não havia uma tradução para a língua portuguesa da edição completa. Saiu pela UNESP. Vamos encomendar para ter ali na CESMA, para o dia da inauguração, que está cada vez mais perto. Dizem os bem informados que a casa está preparando muitas surpresas. O Gilmar chegou a dizer que é para reservar uns trocos, pois vai ter novidade de montão.

quinta-feira, setembro 8

A filosofia e seu ensino

A Editora da Unijuí deve publicar em breve um texto, organizado pelo Prof. João Crisóstomo, com algumas idéias do Prof. Tugendhat sobre ensino de filosofia. Conversei sobre esse tema com ele, no final de semana. Os alunos mais antigos talvez lembrem que fizemos uma discussão com ele, na sala 1217, faz uns quatro anos.
A idade traz junto consigo, às vezes, sabedoria.
Ele contou sobre alegrias e decepcões no ensino de filosofia. Uma tentativa que fez foi a adoção do modelo oxfordiano de ensino de filosofia: poucas aulas, um ensaio por semana, avaliação rigorosa da capacidade do aluno em expor suas idéias.

quarta-feira, setembro 7

Gatos (II)

Érebos, informa o tradutor de Baudelaire, é uma entidade preexistente à criação do universo. O dito é filho de Caos e irmão de Nyx (a Noite), símbolo literário da morte.

Gatos

OS GATOS

Os amantes febris e os sábios solitários
Amam de modo igual, na idade da razão,
Os doces e orgulhosos gatos da mansão,
Que como eles têm frio e cismam sedentários.

Amigos da volúpia e devotos da ciência,
Buscam eles o horror da treva e dos mistérios;
Tomara-os Érebro por seus corcéis funéreos,
Se a submissão pudera opor-lhes à insolência.

Sonhando eles assumem a nobre atitude
Da esfinge que no além se funde à infinitude,
Como ao sabor de um sonho que jamais termina;

Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
E partículas de ouro, como areia fina,
Suas graves pupilas vagamente acendem.

Charles Baudelaire – As Flores do Mal

terça-feira, setembro 6

Rorty, Levi-Strauss e um terceiro


Em 2001, a "Düsseldorf Identity Foundation" instituiu um prêmio, chamado "Meister Eckhart", destinado a reconhecer os pensadores que tem produzido trabalhos de alta qualidade sobre o tema da identidade. Em 2001, o ganhador foi Richard Rorty, professor de filosofia e literatura comparativa em Princepton, Virginia e Stanford, e figura de proa na filosofia contemporânea. O segundo ganhador foi ninguém menos do que Claude Lévi-Strauss, em 2003. O prêmio, concedido a cada dois anos, vem acompanhado de um cheque de 50.000 euros, e o ganhador é escolhido por um juri de nomes internacionais, nos seguintes campos de investigação: filosofia, teologia, história, sociologia, ciência política, antropologia, etnologia, linguística e psicologia. Um dos critérios para o prêmio é a inclusão de uma abordagem interdisciplinar e a apresentação de idéias acessíveis ao publico leitor em geral.
Em 2005, o prêmio Meister Eckhart já tem o terceiro ganhador, que esteve, dias atrás, em nossa cidade.
Tugendhat nos contou que antes de vir para o Brasil, recebeu um telefonema no qual alguém dizia ter uma "feliz notícia" para ele. Ele achou que era uma dessas pegadinhas de telemarketing e quase desligou o telefone na hora. A pessoa insistiu e perguntou se ele aceitaria receber, em Dezembro, o Prêmio Meister Eckhart.
Ele contou isso, na noitinha do sábado, aquecendo as mãos numa chícara de chá de laranja, e fazendo uma expressão típica de quem lembra de uma pequena alegria que gostaria de repartir com amigos.

segunda-feira, setembro 5

Greve: MEC se move?

O MEC enviou na tarde de hoje o seguinte documento aos integrantes do GT-MEC:

Dando prosseguimento ao processo negocial em curso entre o Ministério da Educação e as
entidades representativas dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior, e conforme o
acordado na última reunião do Grupo de Trabalho, realizada no dia 31/8/2005, vimos ratificar propostas
anteriormente discutidas:
1. Aumento de 50% dos atuais percentuais de titulação, a partir de janeiro de 2006;
2. Estabelecimento de um cronograma de incorporação da Gratificação de Atividade Executiva - GAE;
3. Transformação do atual GT em GT-Carreira que irá elaborar proposta de reestruturação da carreira
do magistério superior que contemple, dentre outros, a criação da classe de professor associado.
Compreendendo que estas propostas alcançam parte representativa das reivindicações da
categoria, reiteramos a importância do diálogo, etc..."

Texto da palestra do Prof. Tugendhat

Algumas pessoas que estavam hoje pela manhã na palestra do Prof. Tugendhat perguntaram por uma cópia do texto. Infelizmente, ele viajava logo depois do almoço para Ijuí e não foi possível ficar com uma cópia. A boa notícia é que a PUC de Porto Alegre deve publicar - a informação foi dada pelo próprio conferencista - na semana que vem um pequeno volume com o texto das três conferências, sob o título de "O problema da liberdade da vontade e outros ensaios". Assim que souber mais sobre isso, informo.

quinta-feira, setembro 1

Greve (3)

Fiz uma primeira tentativa de escrever sobre a greve, revisando um escrito antigo sobre greves, de 2000, mas está muito especulativo, e publiquei no blogue de Prática em Filosofia.

Greve' (2). Lá se vai meu xale outra vez!

- Não posso acreditar nisso! disse Alice.
- Não pode? - disse a Rainha com tom de voz penalizado.
- Tente outra vez: respire profundamente e feche os olhos.
Alice riu.
- Não adianta fazer isso - disse ela - ninguém pode acreditar em coisas impossíveis.
- Eu diria que você nunca praticou bastante - disse a Rainha. Quando eu tinha a sua idade, praticava sempre meia hora por dia. Às vezes me acontecia acreditar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã. Lá se vai meu xale outra vez!

O trecho acima, de Lewis Carroll, como se vê, me veio ao espírito, quando lembrei que aceitei (eu me odeio?) o seguinte convite do sindicato dos professores:

"Prof. R.
Estou contando com a sua colaboração para escrever um artigo ao Jornal da SEDUFSM (seção Ponto & Contraponto) respondendo a seguinte pergunta:
"A greve ainda é um instrumento eficiente de pressão ao governo?"
O seu artigo seria abordando o "Não", ou seja, argumentando contra a eficiência da greve.
Acho que o debate é bastante interessante. Teria que ser abordado num tamanho entre 60 e 70 linhas.
Prazo para entrega: quinta, 8 de setembro ou, no máximo, segunda, 12 de setembro."

Help!

Greve'

Greve' por tempo determinado na Universidade, a partir da segunda-feira, dia 5, até o dia 7 de novembro.

Tugendhat: uma correção

O tema da palestra do Prof. Tugendhat será "O problema da liberdade da vontade", e não mais "O nosso temor da morte". Os demais dados não se alteram: segunda, dia 5, às 10,00 horas, no Anfiteatro Pércio Reis, no prédio da Engenharia.

Severino e Descartes

Está na Folha de São Paulo de hoje:
"No dia seguinte a troca de ofensas na Câmara dos Deputados, o presidente Severino Cavalcanti (PP-PE) tratou do assunto com ironia, classificando o bate-boca de "excelente". Apesar disso, Severino admitiu, em conversas reservadas, que se excedeu e que foi "inoportuna" sua entrevista à Folha publicada na terça-feira, quando defendeu penas mais brandas para deputados que usaram caixa dois.
"[Foi] Excelente. Eu tenho que ser questionado, porque, sendo questionado, é uma prova de que eu estou vivo", afirmou."
Como diria Gabeira, "o que é isso, Severino? Um desastre..."