segunda-feira, novembro 21

O direito de greve

A Comissão de Educação da Câmara, aproveitando a maré, diz que quer fazer uma proposta de regulamentação do direito de greve nas Universidades. Uma conversa fiada, para aproveitar o momento, pois ela fala em fazer uma lei específica para as universidades federais. É uma gracinha, pois o Deputado Paulo Delgado (PT) diz que "a idéia é estabelecer áreas essenciais que não possam ser paralisadas durante as greves, como as turmas dos últimos semestres nas áreas de saúde, tecnologia e pedagogia."
No Jornal o Globo, tem a repercussão dessas belas idéias.
"A presidente do Andes-Sindicato, Marina Barbosa, já se posicionou contra a proposta do deputado:
— O direito de greve está previsto na Constituição. Qualquer regulamentação irá restringir este direito. A greve causa transtornos. Infelizmente, é a única forma de sermos ouvidos.
O presidente da UNE, Gustavo Petta, concorda que os estudantes são as maiores vítimas das greves. Ele vê equívocos da parte do governo e do Andes nas negociações, mas pondera que o direito à greve é legítimo:
— Não se pode encarar com naturalidade essa situação de greve prolongada, mas não podemos também retirar um direito legítimo de professores e funcionários.
O ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF) não vê como viabilizar a regulamentação. Quando era ministro, ele propôs que as greves só pudessem ser declaradas quando os três segmentos —- estudantes, professores e técnicos — concordassem:
— Uma greve que ultrapassa cem dias mostra que a universidade não é mais necessária da forma como está estruturada. Imagine um banco parado por cem dias.
Para Maria Helena Guimarães, da Universidade Estadual de Campinas, a forma de evitar os prejuízos que as greves causam é discutir uma proposta de autonomia das universidades. Ex-secretária-executiva do MEC no governo Fernando Henrique Cardoso e hoje secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, ela diz que o governo Lula deveria dar mais importância à autonomia universitária.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, por meio de sua assessoria, informou que analisará a proposta de Delgado para depois se pronunciar."
Por aí afora. No domingo, no Diário de Santa Maria, no MIX, tem mais um round da discussão. Depois eu posto aqui o que escrevi, inspirado por uma dica do Prof. Robson Reis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alô, alô Ronái, como vais?
Ah!, a greve, o que fazer? Este projeto de lei é mesmo história da carochinha. Penso que o ideal seriam votações pela internet usando nosso SIAPE. Já falei várias vezes para os amigos: se toda a energia gasta nesta greve fosse desviada para tentar convencer a população que este governo não tem uma linha de projeto educativo para o Brasil que valha a tinta com que foi escrito seríamos mais eficientes. Eu gastarei meu tempo pós-greve repetindo como o corvo de Edgard Allan Poe: "quem mandou votar no PT"

Anônimo disse...

Concordo com o Aguinaldo quanto à falta de projeto educativo do atual governo. Vi, recentemente, uma entrevista do antigo ministro Cristóvam Burque na qual ele denuncia que seus projetos para educação no Brasil, básica e superior, foram engavetados. Se boas ou más, não sei, mas ao menos teríamos algo para debater e não estaríamos no deserto em que nos encontramos. Quanto ao atual ministro, poucos sabem quem ele é. Me parece um almofadinha com pouca experiência que não incomoda o Lula nem o Palocci por causa do seu insignificante peso político.
Enfim, o que poderíamos esperarar de um governo cujo presidente, em mais uma de suas metáforas desastrosas, compara livro à esteira, "é chato, mas tem que fazer". Estamos bem arranjados?