sexta-feira, novembro 25

Ali Babá viu alguma coisa!

Sai no Mix de amanhã. Aqui vai uma versão mais leve, mas essencialmente a mesma.
O Deputado Babá (PSol) estava presente numa recente reunião com o MEC e o comando de greve dos professores das universidades federais e saiu-se com essa: ele acha que deve ser feita uma lei que exclui do reajuste quem não faz greve. Ele disse que “é fácil ficar na academia, dando aula e opinando sobre uma greve. Se vocês estivessem certos, já tinham convencido o Brasil inteiro”.
Babá tomou muito sol na cabeça. É uma bobagem isso que ele disse. E se a moda pega do outro lado e alguém propõe que os sindicatos de professores paguem retroativamente os prejuízos à formação do povo brasileiro com as paralisações intermináveis em todos os níveis de ensino, ano sim, ano não? Ou que os sindicatos sejam responsabilizados pelas trapalhadas nas negociações dos últimos anos, que, ao contrário de ganhos, podem ter provocado perdas salariais?
Mas Babá viu um negocio importante na segunda parte da frase, onde ele diz que “se vocês estivessem certos, já tinham convencido o Brasil inteiro”. O “vocês” do Babá, são mais ou menos 12.000 professores de universidades federais que desde o ano passado romperam com a Andes e constituíram outra entidade de defesa da categoria, que reúne universidades como a Federal do Rio Grande do Sul, de Minas, de Goiás, etc. Nessa atual campanha salarial, a tal entidade, denominada de Proifes, foi recebida no Ministério junto com a Andes e a discussão sobre a representatividade sindical ferveu.
Seria bom lembrar ao Babá o fato que se alguém está certo em uma opinião, isso nada tem a ver com êxito no convencimento dos outros. Mas isso seria uma sutileza. O que vale é que Babá prestou esse serviço de trazer a dissidência (logo ele!) para a cena.
Não sou filiado ao Proifes nem faço muita idéia do mesmo. Mas o tal Proifes é o sintoma de um sentimento um tanto vago e difícil de colocar em palavras. É um sentimento de que as coisas do nosso sindicalismo não vão muito bem, na medida em que as greves se banalizaram; os estudantes falam claramente em “greves de pijama”, greves de “ano sim, ano não”, greves do “fora todos”; e quem é que gosta do tom amarelo que acompanha os comentários sobre a qualidade da recuperação das aulas?
Babá tem razão. Há hoje um “vocês” que não pode mais ser ignorado. Alguns desses professores que tem falado contra as greves “ano sim, ano não” estão invertendo o conselho de Babá e responsabilizam a Andes por trapalhadas, como é o caso de colegas de Goiás. É só entrar no site deles e ver.
A greve desse ano foi deflagrada sem a participação das das grandes universidades federais brasileiras. Em particular, a maior delas, a UFRJ não entrou em greve. Ninguém deu muita bola para a UFRJ quando ela se posicionou contra, em setembro, dizendo que não havia condições de se colocar na rua um movimento forte. Ao contrário, foo deflagrada uma greve pelas beiradas, fraca, desunida; apostou-se no crescimento inercial da mesma, expondo à opinião pública um movimento fraco, fragmentado, de cintura e cabeça duras.

Um comentário:

Anônimo disse...

Alô, alô Ronái, como vais? Acho que o Babá não tem idéia do que seja uma universidade federal. Minha proposta revolucionária é simples. Cada servidor da união, via SIAPE, se manifesta em relação a qualquer tópico e/ou agenda (greve, novos estatutos, sindicatos, afiliações, apoios, votações, etc e tal). O fato das grandes universidades terem se filiado a uma outra entidade de classe e saido da andes dá uma idéia do quanto a andes é uma entidade a procura de um sindicalista para manobrar. Para mim o Babá podia pegar os dirigentes da andes e da proifes (?!) e ir passear na floresta em quanto seu lobo lula não vem. Bom final de semana.
Aguinaldo