quarta-feira, abril 26

Santiago e os eucaliptos


A charge é de autoria de Santiago, que mandou para Bressan, que mandou para mim, obrigado e segue em frente.

23 comentários:

Anônimo disse...

(minha solidariedade às mulheres do MST e da Via Campesina)

Mudos


Muitos são os anéis que seus aniversários desenharam em seu tronco. Estas árvores, estes gigantes cheios de anos, levam séculos cravados no fundo da terra, e não podem fugir. Indefesos diante das serras elétricas, rangem e caem. Em cada derrubada o mundo vem abaixo; e a passarada fica sem casa.

Morrem assassinados os velhos estorvos. Em seu lugar, crescem os jovens rentáveis. Os bosques nativos abrem espaço para os bosques artificiais. A ordem, a ordem militar, ordem industrial, triunfa sobre o caos natural. Parecem soldados em fila os pinheiros e eucaliptos de exportação, que marcham rumo ao mercado internacional.

Fast food, fast wood: os bosques artificiais crescem num instante e vendem-se num piscar de olhos. Fontes de divisas, exemplos de desenvolvimento, símbolos de progresso, esses criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos.

Neles, os pássaros não cantam.

As pessoas os chamam de bosques do silêncio.

Eduardo Galeano

(Texto escrito em protesto contra as plantações de eucalipto)

Anônimo disse...

Todo o texto anterior, desde os parêntesis iniciais, é de Galeano.

Anônimo disse...

nananina não.
Eu acho que as mulheres e os homens do MST e da Vila Campesina devem responder judicialmente pelo crime que cometeram.
Nós vivemos no século XXI. O uso de papel não diminuiu com o uso maciço da informática dos últimos 20 anos, mas sim aumentou, e muito. Saber fazer papel e seus derivados é uma arte (sempre foi uma arte aliás) e se queremos escrever relatórios em papéis branquinhos, se queremos usar papel higiênico para asseio pessoal, se queremos enfim algum conforto compatível com o século XXI devemos sim pesquisar novas tecnologias para produção de papel.
Se nós ficarmos aplaudindo estes selvagens depredadores daqui a pouco eles vão entrar na universidade e tocar fogo nas árvores do campus e depois tocar fogo nos laboratórios do campus e depois tocar fogo nas bibliotecas do campus. Este povo pensa exatamente isto. O Woody Allen tem uma frase que eu acho apropriada a este respeito: "eu não vou ao central park me manifestar contra um grupo de nazistas que lá se reunem, eu vou lá com um taco de beisebol para rachar seus crânios". Quando a Vila Campesina entrar no campus para queimar livros eu serei um dos que vai tentar rachar uns crânios. É isto.

Anônimo disse...

Também penso que a resposta judicial de ve vir, professor.
Só coloquei mais papel na fogueira, que aliás o mesmo Galeano necessita na transmissão da sua literatura, pra ver até onde pode chamuscar a provocação inicial do profe Ronai...

Anônimo disse...

ok Gisele,
eu não vejo o menor problema em plantar eucaliptos na metade sul do rio grande do sul. esta região é uma das mais pobres do brasil e não tem a menor chance de criar renda fazendo o que faz atualmente (olhar para o céu pedindo chuva, reclamar do preço do arroz argentino, dizer que o preço do boi vivo não vale nada).
quanto ao mst e a vila campesina eu continuarei de olho, não tenho dúvida que no segundo mandato do lula eles terão carta branca para invadir cidades inteiras, inclusive as cidades universitárias. estarei lá com meu taco de beisebol defendendo meus livros e meus laboratórios.

Anônimo disse...

Caro Ronai,
e eu que pensei estar mandando apenas uma simples ilustração para o seu "E se vão as guanxumas...". Viva a boa polêmica!
Delmar Bressan

Anônimo disse...

alô, alô Bressan, como vais?
O Noal estava certo. Com a mudança da filosofia acabamos todos nos encontrando menos do que antigamente. Mas que prédio deles vale uma visita lá isto vale mesmo. Abraços para ti.

Anônimo disse...

Para quem ainda quer gostar de pensar verdadeiramente, e não de faz de conta (efeito da ração que nos servem diariamente no nosso "poleirinho" (entre a mídia e as restrições da Academia). Parecido com pelourinho, não? Acho que são as duas coisas: comida e surra). Então leiam atentamente a matéria documental em
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060501dc.html
Quem sabe dá para pensarmos em começar a fazer filosofia de um modo "um pouquinho" mais ao gosto século XXI, afinal Aristóteles, Tomás de Aquino, Spinoza, Leibniz, Weber, Zubiri e mais alguns poucos "grandes", se fossem vivos, não ficariam muito satisfeitos em nos ver ter andado tão pouco desde o dia em que foram embora. Talvez, eles dissessem, para não nos melindrar, "vocês são lerdos por parcimônia ou o quê?"

Anônimo disse...

ei anônimo

Olavo de carvalho é o teu 'personal guru' ?

só prá saber...

Anônimo disse...

Não, meu caro. Não tenho nenhum personal guru.
Por mim podia se chamar João das Neves, Aguiar Onmites - que interessa o nome ou a pessoa? Interessa, caríssimo, que se possa saber algo, depreender algo plenamente do conteúdo que foi dito. Se você tiver importantes informações a nos fornecer e a contribuir para quebrar tanta inépcia reinante, passarei a mencioná-lo de forma assustadoramente constante. E nem por isso você será meu "personal guru". Aliás, você será mais um alvo vulnerável do que uma fortaleza de sapiência.
Você ainda pertence àquela sociedade de "em terra de olho quem tem um cego errei" (obrigado Millôr). Você pertence à sociedade da soberba da autoria, da ovação e das luzes ao personalismo. Todos querem brilhar. Espero que você brilhe, mas não se iluda.
POR FALAR NISSO, QUE BELA INTERVENÇÃO A SUA, HEIN?
Você não leu a matéria, não emitiu sua opinião, não contribuiu em absolutamente nada.
MEU DEUS DO CÉU! QUANTA INÉPCIA E PRECONCEITO.
FAÇA-NOS O FAVOR DE LER A MATÉRIA EM QUESTÃO - PORQUE TRATA-SE DE COISA MUITO SÉRIA; QUE, ALIÁS, VOCÊ PARECE NÃO ESTAR NEM UM POUCO INTERESSADO.

Anônimo disse...

ei anônimo, vc. desconhece a etiqueta da internet?
escrever em letras maiúsculas equivale a gritar...
ai...por que vc. gritou comigo?

Anônimo disse...

Nonsense. Em primeiro lugar, na sua rica imaginação você inventou uma regra e ainda afirma que eu estava a gritar. BOBAGEM! Minhas maiúsculas servem apenas para destacar uma observação. Desculpe-me se despertei em você tal verve.
Olha, quer saber, terminamos por aqui esse ensaio tolo.
SE VOCÊ QUISER LER OU COMENTAR OS ASSUNTOS SÉRIOS EXPOSTOS NAQUELA MATÉRIA, MUITO QUE BEM; SENÃO ESQUEÇA. TÁ OK? (minha regra: as maiúsculas significam um cochicho; melhor: um sussurro). Com um interlocutor como você não se pode chegar a lugar algum. NÃO RETORNAREI MAIS NENHUMA RESPOSTA A VOCÊ, PORTANTO, NÃO GASTE SEU TEMPO BOLANDO MAIS ALGUMA INTERVENÇÃO TÃO CONSTRUTIVAMENTE TOLA.
OU TOME CORAGEM E LANCE SUA OPINIÃO SOBRE A MATÉRIA EM QUESTÃO. NÓS TODOS FICAREMOS MUITO AGRADECIDOS E MENOS OCUPADOS COM NONADAS.
BOA SORTE PRA VOCÊ.
p.s.: em meu postage anterior considerei apenas como sendo "o" interlocutor (eu havia dito "meu caro"); consideremos que seja também "a" interlocutora. Ao que tenho mais propensão de crer.

Anônimo disse...

Estou contente com o fato de que a discussão tenha ido adiante, em quantidade de postagens, a partir da fala de Galeano. Posso estar equivocada, mas o papel na fogueira atiçou o chamarisco.
Só não entendi uma coisa (etiquetas internéticas à parte):
PORQUE O "ANÔNIMO I" TENDE MAIS A CRER QUE O COMENTÁRIO DIRIGIDO À SUA POSTAGEM, IGUALMENTE ANÔNIMO, É DE UMA LADY E NÃO DE UM SIR?
De certo o gênero importa?
Porca Pipa! Minha nona teria uma resposta boa a esta provocação, mas um tanto "descontrutora", como costumam ser as considerações das grandes mães de grandes famílas (os exemplos de "boas pessoas" que nos dá Íris). Então, espero uma consideração adicional do ANÔNIMO I, explicando sua tese sobre o gênero, para poder citar a falecida dona Judite.

Anônimo disse...

Apenas, minha cara, não quis considerar o erro ou acerto depositado em apenas "meu caro"; ou seja, uma deferência à probabilidade. Pura e simplesmente isto. Olha até onde você foi!!!( "viajou", como dizem os magrões /e os gordões também - e alguns estudantes de filosofia que sonambulamente transitam pelo, agora, longitudinal corredor da filosofia).
OBSERVEM BEM, (MINHAS MAIÚSCULAS SÃO EM SUSSURRO, QUASE INAUDÍVEL)
observem - os demais - que a cada nova intervenção que se contrapõe a uma fala minha, não é para falar da MATÉRIA tão importante - repito - do filósofo Olavo de Carvalho. São intervenções a esmo, sem interesse de lançar-nos a uma discussão inteligente.
Ora, o que interessa a minha justificação por que creio que o meu cansativo interlocutor seja uma mulher e não um homem, pa pa pa pa pa pa pa pa - (como dizem as "Belíssimas" Safira e Catila (gregas) - por favor, por favor, que ninguém venha fazer a apologia da alienação em ver novelas - por favor!! Não encham mais o saco!)
JÁ SEI, "Heúreka!"; já sei quem será minha preciosa interlocutora, que solidariamente lerá o texto do Olavo e trará DIGNAMENTE a sua opinião para o bom e tão esperado debate do que presta (e não esse papapapapapapa todo, anônimo(a)e, agora, nominal); SABEM QUEM É A MINHA SALVADORA INTERLOCUTORA?
A cabrita lá do Rincão. Bem que eu podia ouvir esse tempo todo aquela vozinha mééééé méééé - Era ela rogando que eu a convidasse à leitura do artigo "Os inventores do mundo futuro".
Cara Branquinha (carinhosamente denomino-a assim):
Por certo, Branquinha, que essa turma que perde um tempo imenso da vida só em função de nonadas, essa turma não está interessada em discutir coisas proveitosas. Ou eles estão muito ocupados lendo e relendo as duas seções da Metafísica dos Costumes, para chegar no baile amanhã ou semana que vem sabendo alguma coisa. Será?
Pobre pobreza!
A propósito!! Apenas para lhe dar uma satisfação, digo-lhe, cara colega: creio que é "a" interlocutora por pura intuição. E agora? O gênero da minha intuição é feminino; e quanto a mim? Qual o meu gênero? O que diz a sua intuição. SE VOCÊ QUISER, DÁ ATÉ PRA VOCÊ MONTAR UM TRATADO SOBRE INTUIÇÃO VERSUS GÊNERO. MAS GUARDE-O PRA VOCÊ. CORDIALMENTE, E SEM MAIS ESPERANÇA, DEFINITIVAMENTE, DE CONSEGUIR ANGARIAR UM ÚNICO E NOBRE INTERLOCUTOR HUMANO PRA DISCUTIR AS COISAS SÉRIAS QUE NOS AGUARDAM, DESPEÇO-ME MELANCÓLICO.
Branquinha, Branquinha, onde está você? Espera aí, quero falar contigo sobre...

Anônimo disse...

SE O CASO É DE PREGUIÇA OU DE NÃO TER ENCONTRADO O ENDEREÇO (O QUE É IMPROVÁVEL) ENTREGO-LHES EM MÃOS A SUPRADITA MATÉRIA QUE NOS CABE DISCUTIR - OU NÃO.
SE O CASO É DE ALGUMA ESPÉCIE DE PRECONCEITO AO FILÓSOFO OLAVO DE CARVALHO (EM FACE DE TANTAS ROTULAGENS QUE SEUS ARQUIINIMIGOS LHE COLARAM E ELE PRÓPRIO LASCOU OUTRAS TANTAS A ELES - MAS ESSA ROUPA SUJA TODA NÃO VEM AO CASO), ENTÃO NÃO LEIA NADA. É SIMPLES. AÍ VAI. PROMETO QUE NÃO CEDEREI A NENHUM CHAMADO MAIS QUE NÃO SEJA UNICAMENTE PARA FAZER PONDERAÇÕES SOBRE AS INFORMAÇÕES DA MATÉRIA. PONTO FINAL. CHEGA DE NONADAS, papapapapapapapa.

Os inventores do mundo futuro

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 1o de maio de 2006



Para aqueles que estão acostumados a desprezar como “teoria da conspiração” a hipótese de que o Council of Foreign Relations trama com o Grupo Bilderberg e outros círculos de milionários a implantação progressiva mas rápida de um governo mundial, o próprio CFR acaba de dar uma resposta definitiva, num documento oficial em que assume de vez o projeto e a parceria tão longamente descartados pelos onissapientes comentaristas da mídia. No relatório “Building a North American Community”, recentemente divulgado, o mais poderoso think tank globalista dos EUA propõe nada menos que a abolição das fronteiras entre Canadá, México e EUA e a transformação do continente numa “área onde o comércio, o capital e as pessoas circulem livremente”, a base para “o ingresso mais fácil no território americano”.

Num momento em que a população americana em peso clama por um controle mais rigoroso das fronteiras e os especialistas militares alertam para os perigos incalculáveis do fluxo contínuo de terroristas e narcotraficantes camuflados de imigrantes ilegais chicanos, a declaração mostra o total desprezo da elite globalista bilionária pela segurança nacional. Não resta a menor dúvida de que o CFR planeja sacrificar friamente a nação americana no altar da unificação administrativa do mundo, a ser atingida, segundo a idéia do velho Morgenthau, por meio de progressivas integrações regionais.

Porém o mais surpreendente no relatório é a admissão de que a fusão dos três países deve ser feita “segundo as linhas propostas pelas conferências de Bilderberg e Wehrkunde, organizadas para fomentar as relações transatlânticas”.

Até agora, esses nomes jamais tinham aparecido num documento oficial do CFR. Bilderberg e Wehrkunde são grupos altamente secretos de potentados da política e da economia que se reúnem periodicamente, sob precauções de segurança maiores que as de qualquer encontro de chefes de Estado, para planejar a implantação de um governo mundial e inaugurar uma nova civilização planetária, incluindo, segundo seus críticos, a fusão de todas as religiões num novo culto biônico inspirado no lixo teosófico de Madame Blavatsky e Alice Bailey. Na última reunião dos Bildergergers, em Sintra, Portugal, a cidade inteira foi bloqueada à entrada de repórteres, enquanto, fechados a sete chaves, longe de toda fiscalização crítica, tipos como os Rockefellers, Gorbachov, George Soros e, modéstia à parte, o nosso Fernando Henrique Cardoso, inventavam o mundo em que vão viver nossos netos.

Ao proclamar sua adesão aos objetivos das conferências Bilderberg e Wehrkunde, o CFR confirma ao menos uma parte do que foi denunciado em alguns clássicos da “teoria da conspiração”, como None Dare Call It Conspiracy, de Gary Allen e Larry Abraham (Sealbeach, California, Concord Press, 1972), e sobretudo o mais recente e informado The Brotherhood of Darkness, de Stanley Montieth (Oklahoma City, Hearthstone Publishing, 2000).

Essa confissão basta para explicar por que, arriscando atrair o ódio da base conservadora que o elegeu, o presidente George W. Bush, pertencente a uma família tradicionalmente ligada ao CFR, insiste em dar seu apoio ao projeto de anistia para doze milhões de imigrantes ilegais, elevando ao nível de uma ameaça apocalíptica os riscos de segurança que, por outro lado, ele anuncia querer controlar com mão de ferro. O projeto não só conta com a rejeição maciça do eleitorado americano, mas foi apresentado por dois políticos que Bush teria razões de sobra para considerar seus inimigos: Ted Kennedy, o mais devotado patrono de todas as causas esquerdistas, e John McCain, um republicano que mesmo examinado em microscópio não se distingue facilmente de um democrata.

Os interesses maiores do globalismo, evidentemente, transcendem as considerações eleitorais, o respeito pela vontade popular e a profunda inimizade política. Segundo o documento do CFR, George W. Bush, o presidente mexicano Vicente Fox e o primeiro-ministro canadense Paul Martin já se declararam “comprometidos” com a causa ali anunciada, quando do seu encontro no Texas em 23 de março de 2005.

No entanto, seria ingenuidade imaginar que o apoio da elite globalista ao estupro das fronteiras se limita a declarações de intenções. Ele inclui o planejamento e a sustentação financeira de ações políticas decisivas.

O relatório “Building a North American Community” foi publicado sob o patrocínio de um grupo de grandes empresas, entre as quais a Archer Daniels Midland Corp., ADM, o maior suporte financeiro do senador Sam Brownback. Logo após receber uma bolada de dinheiro da ADM, esse republicano do Kansas saiu alardeando apoio ao programa de anistia para os ilegais, anunciando que o fazia por piedade cristã.

A luta dos globalistas pela causa mais impopular que já se apresentou na arena política dos EUA também não se contenta com subsidiar manobras parlamentares. Inclui a arregimentação das massas e a ajuda a protestos violentamente antiamericanos. O Boletim G-2, publicado pelo assombroso repórter Joseph Farah como apêndice de seu jornal eletrônico WorldNetDaily, revela na sua última edição os principais suportes financeiros por trás dos movimentos que, para muito além da anistia aos ilegais, visam a entregar ao México os territórios do Texas e da Califórnia. Os mais poderosos entre esses movimentos são “La Raza”, “Lulac” (League of United Latin American Citizens) “Maldef” (Mexican American Legal Defense and Educational Fund) e “Mecha” (Movimiento Estudiantil Chicano de Aztlan). Os quatro são financiados por fundações e corporações milionárias associadas ao CFR, como Rockefeller e Ford, Bristol-Meyers Squibb, Chemical Bank, Chevron, Chrysler, General Motors, General Electric, Lockheed, Rockwell, Southwestern Bell, Quaker Oats, Verizon Foundation, AT&T Foundation e o Open Society Institute de George Soros. “ La Raza” foi praticamente criada pela Fundação Ford.

Esses quatro movimentos organizaram os recentes protestos que hastearam bandeiras mexicanas pelas ruas dos EUA e anunciaram, nas palavras de Mario Obeldo, líder histórico da Mecha, condecorado em 1998 por Bill Clinton, que “a Califórnia vai ser um Estado hispânico: quem não gostar vai ter de sair”.

A alta elite financeira e a militância vociferante, que os iluminados comentaristas da nossa mídia apresentam como os dois pólos de um conflito de vida e morte causado pela “desigualdade” e pela “injustiça social”, são exatamente uma só e mesma força. E o que move o conjunto não é nenhuma das “causas sociais” impessoais e anônimas que a pseudociência ensina serem os motores da história humana: é o planejamento vindo de cima, acompanhado dos meios financeiros, publicitários e políticos de realizá-lo.

Espero que o leitor mais desperto compreenda, à primeira vista, o quanto esses fatos tornam inviável e suicida o empenho de continuar pensando o mundo segundo as linhas usuais propostas pela tagarelice intelectual dominante. A identificação de globalismo e americanismo, por exemplo, que a totalidade das nossas classes falantes dá por pressuposta como elemento básico para a compreensão da política internacional, é uma besteira sem mais tamanho, e quem quer que insista nela depois do documento do CFR deve ser considerado um desinformante profissional ou um idiota incurável.

O aspecto mais deplorável em tudo isso não é somente que a humanidade seja arrastada por elites ferozmente ambiciosas em direção a objetivos que não lhe são sequer informados. É que as próprias ciências sociais, intoxicadas de conceitos explicativos que não explicam nada, estejam tão desarmadas para dar conta dos fatos de magnitude incomparável que estão, neste momento, determinando os destinos do mundo. Quando os agentes maiores do processo histórico têm planos que vão além da compreensão da intelectualidade média – para não falar da opinião pública em geral --, é inevitável que esses planos sejam postos em prática sem qualquer possibilidade de discussão crítica. Da noite para o dia, a humanidade atônita despertará num mundo novo, sem saber como foi parar ali nem quais são precisamente as regras do jogo. A ignorância geral terá se tornado um dos pilares do poder constituído. E o grupo dominante estará separado do povo por uma distância similar à que existe entre os deuses do Olimpo e uma multidão de cupins no subsolo.

Meus alunos são testemunhas do esforço que tenho feito para substituir noções pré-históricas de sociologia e ciência política por ferramentas descritivas mais adequadas à presente situação do mundo. Esforços similares vêm-se desenvolvendo em vários centros, mas sempre à margem da corrente acadêmica principal, congelada num verbalismo obsoleto e presunçoso que, se serve de alguma coisa, é de instrumento publicitário para a implantação de políticas que os próprios porta-vozes desse discurso não enxergam nem compreendem.

Não é preciso dizer que, baixando do plano internacional ao nacional, nada dos acontecimentos políticos locais pode ser explicado sem referência ao novo esquema de poder que está se formando no planeta. O apoio descarado das fundações globais bilionárias a movimentos revolucionários como o MST é o fato fundamental que vai determinar o destino nacional nos próximos anos, e os poucos que costumam mencioná-lo, como o sr. Lyndon LaRouche, só o fazem pelo viés de seus próprios planos, que não têm nada a ver com um desejo sincero de compreensão do processo.

Se a esquerda continua obscurecendo suas próprias ações com o discurso padronizado que camufla as verdadeiras relações de poder, nos círculos liberais e conservadores a discussão atém-se obsessivamente a proclamações doutrinais gerais que não ajudam em nada a esclarecer o que está se passando.

Para mim já se tornou evidente, por exemplo, que o sucesso no plano do Foro de São Paulo, a implantação da URSAL, União das Repúblicas Socialistas da América Latina, não somente não se opõe em nada aos objetivos do globalismo, mas contribui decisivamente para eles, fomentando uma integração regional que provocaria orgasmos em Hans Morgenthau e que, a longo prazo, só tornaria a América Latina ainda mais dependente dos bancos internacionais.

E não me venham com a ilusão risível de que o petróleo venezuelano é uma temível arma antiimperialista. Ninguém no CFR ou nos círculos governamentais americanos ignora que o Estado do Colorado tem reservas de petróleo jamais exploradas, equivalentes a vinte vezes o total das reservas da Arábia Saudita. No Brasil ninguém sabe disso, porque não saiu naquela porcaria do New York Times. Mas o pessoal que em Washington lê revistas especializadas sabe que, se existe um país imune a chantagens petrolíficas (e, de quebra totalmente desnecessitado do petróleo do Iraque, para não falar da Venezuela), são os EUA.

Isso não quer dizer, é claro, que os planejadores globalistas sejam mentes geniais capazes de acertar em tudo. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade Agreement, Nafta), concebido pelo próprio CFR como um prefácio à integração total de EUA, Canadá e México, foi um fracasso sublime, e nem por isso os planejadores globalistas se deram por achados. Desde o Nafta, segundo dados da ONU, o número de lares mexicanos abaixo da linha de pobreza (menos de 60 dólares por mês) subiu de 60 para 76 por cento, enquanto o preço das tortillas, alimento básico da população, aumentou em 40 por cento. Os contribuintes americanos também não ganharam nada com isso, tendo hoje em dia de arcar com subsídios de 40 por cento para sua produção nacional de milho. E daí? Quando um sujeito acredita que tem na cabeça a solução para os males do mundo, nada detém sua volúpia de remexer os pilares do cosmos em nome de sua esplêndida utopia. Miséria e prejuízo são detalhes desprezíveis ante a grandiosidade épica dos planos globalistas.

***

Um artigo do sr. Arnaldo Jabor publicado no Caderno 2 do Estadão do dia 25 está, segundo me informam, obtendo grande repercussão em São Paulo. Nele o comentarista do Jornal Nacional queixa-se de que a superabundância de provas e documentos da criminalidade petista não é suficiente para tirar o judiciário da sua renitente indiferença. Todos “riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão na bunda”. Tão profundo é o contraste entre os fatos conhecidos e o cinismo da sua negação oficial, que isso, diz o cronista, está resultando até numa “desmoralização do pensamento”: “A existência desses tipos de mentirosos está dissolvendo a nossa mídia. Esse neo-cinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo ... as palavras estão sendo esvaziadas de sentido ... o Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade e a novilíngua estará consagrada.”

Lembro-me claramente de ter escrito tudo isso, quase nos mesmos termos, numa época em que o sr. Jabor estava ocupadíssimo embelezando a imagem de São Lulinha e ajudando a preparar o advento do estado de coisas que agora ele mesmo deplora.

A dissolução do idioma, por exemplo, não é um efeito da ditadura petista, mas uma condição prévia, criada propositadamente por uma vasta ação cultural sem a qual ela jamais teria vindo poder a implantar-se. Uma coisa é diagnosticar o processo desde os indícios sociais que denotam o seu curso em formação, outra completamente diferente é constatar o fato consumado que, se discutido abertamente em tempo, teria podido ser evitado. Na época em que escrevi textos como “Língua petista” (Zero Hora, 20 de outubro de 2002), “Língua dupla e estratégia”, O Globo, 2 fev. 2002), “Reclamação inútil” (Zero Hora, 14 de dezembro de 2003) ou “A clareza do processo” (Zero Hora, 15 de junho de 2003), para não falar do meu livro de 1993 (sim, 1993), “A Nova Era e a Revolução Cultural” , a irresponsabilidade geral das classes falantes, incluindo o sr. Jabor, me respondeu com a mesma indiferença cínica que agora elas se queixam de encontrar no judiciário.

Se o sr. Jabor quisesse mesmo saber como chegamos ao descalabro que hoje o escandaliza, bastaria que prestasse atenção aos programas da mesma TV onde trabalha, que ao longo dos anos prepararam a Nação para cair na fraude da superioridade moral da esquerda e para embriagar-se no mito da pureza lulista. A Rede Globo de Televisão foi a grande responsável pela implantação da novilíngua no país. E, se hoje o sr. João Roberto Marinho dá um discreto apoio a organizações conservadoras, seu jornal e sua TV continuam a serviço do mais descarado esquerdismo. Compreendo que o sr. Jabor não possa denunciar seus próprios patrões. Eu mesmo não podia fazê-lo quando escrevia para O Globo, limitando-me então a diagnósticos gerais na esperança de que o leitor, com base nas descrições suficientemente claras que eu lhe fornecia, desse nome aos bois. Mas o sr. Jabor, ao denunciar com atraso aquilo que um seu colega sacrificou o emprego (aliás dois) para denunciar em tempo, poderia, sem citar o antecessor, o que seria mesmo demasiado doloroso para sua vaidade, ao menos reconhecer genericamente que está chegando tarde, que está falando na condição de cúmplice moral arrependido e não na de vítima inocente escandalizada. Lembro-me de que tanto falei das coisas que agora ele proclama, que, na época (quer dizer, no tempo e na revista “Época”), cheguei a ser acusado de obsessivo e redundante.

A capacidade do sr. Jabor como diagnosticador de males nacionais consiste apenas no seu timing oportunista de só dizer as coisas quando todo mundo já sabe delas e posar, então, de profeta do acontecido. O sr. Jabor não é solução: é parte do problema. A frouxidão cômoda da sua consciência moral, no entanto, não é característica individual dele (se fosse, eu nem tocaria no assunto nesta coluna, que não tem nada a ver com a vida pessoal de quem quer que seja): é um vício geral da classe jornalística, empenhada em exigir dos políticos uma correção ética superior à que ela própria é capaz de manter.

Detalhe esclarecedor

Eu mal tinha enviado este artigo ao Diário do Comércio, quando chegou um despacho da Associated Press com a informação de que o parlamento mexicano acabava de aprovar a liberação do porte e uso de cocaína, maconha, heroína, LSD, anfetaminas, ecstasy e até 2,2 libras (sim, quase um quilo!) de peiote, o cacto alucinógeno que a empulhação literária de Carlos Castañeda celebrizou nos anos 70 como uma fonte de conhecimentos espirituais, porca miséria. A lei precisa ainda do aval do presidente Fox, mas, acrescenta a agência, “isso não parece ser um obstáculo”. Um porta-voz de Fox já demonstrou a satisfação do presidente com a medida, anunciando, com cinismo exemplar, que ela facilitará o combate ao narcotráfico.

A nova lei aumentará incalculavelmente o afluxo de jovens americanos viciados ao território mexicano, e é vista com maus olhos pelas autoridades políciais dos EUA, mas não resta dúvida de que ela dá um passo enorme em direção à supressão das fronteiras nacionais, pretendida pelo CFR e pelos Bilderbergers. Nos círculos globalistas, o maior financiador das campanhas pela liberação das drogas no mundo é George Soros -- não por coincidência, também um dos mais generosos doadores de dinheiro para os movimentos de mexicanização da Califórnia e do Texas. Por enquanto, a multidão ainda não atinou com a unidade estratégica por trás de mutações catastróficas de escala global que aparecem na mídia idiota como frutos espontâneos da metafísica do progresso. Aos poucos, a identidade dos agentes por trás do processo vai aparecendo -- e, no fim, como anuncia a Bíblia, “sua loucura se tornará visível aos olhos de todos”.

Anônimo disse...

Lembrei-me AGORA. Hoje pela manhã a Gáúcha, programa Polêmica/Lauro Quadros, foi dedicado ao assunto A LIBERAÇÃO DAS DROGAS. Neste programa estava presente um dos organizadores da "Marcha" (não estou certo se é pela "liberação", "descriminaliza-
ção", podemos checar em ZH mesmo) realizada em Porto Alegre esta semana.
NÃO PARECE UMA BRUTAL COINCIDÊNCIA?
TERÁ ALGUMA COISA A VER ESTA "MARCHA" COM AS INFORMAÇÕES APRESENTADAS POR O. CARVALHO? EM ESPECIAL COM O QUE ESTÁ SE CONSUMANDO NO MÉXICO?
SERÁ QUE ESTOU VENDO FANTASMAS AO MEIO DIA?
SÉRIO! ME AJUDEM. A COISA É SÉRIA. REPITO PELA VIGÉSIMA VEZ.
QUE EM NENHUM INSTANTE NOS ESQUEÇAMOS DE QUE ESSE MUNDO NÃO É NOSSO. ELE É NOSSO ENQUANTO O PENSARMOS PROFUNDAMENTE EM TERMOS DE HERANÇA AOS NOSSOS NETOS.(esta última frase, sim, suas letras garrafais são de uma voz estridente e desconcertada).
Há muito mais coisas sérias sob o sol que a nossa vã filosofia desconhece.

Anônimo disse...

não consigo acreditar!!!
pois não é que o Olavo veio parar aqui !!!
E caso eu seja masculino, feminino, masculino e feminino, nem masculino nem feminino? Algum preconceito?

Anônimo disse...

Está muito bem. Li o artigo de Olavo, antes mesmo de fazer a consideração "desnecessária" sobre o gênero. Não quis e nem quero prolongar "viajadas" que não se adequem ao tema que você propôs. Não me sinto uma interlocutora não humana (veja até onde VOCÊ vai) por não querer discutir o artigo. São informações preciosas as que traz Olavo de Carvalho, que bom se mais pessoas pudessem ter acesso a elas, não?
Apenas não quero falar com tanta certeza sobre coisas das quais eu não tenha tanto domínio quanto as duas primeiras seções da FMC. Repito o que disse com relação ao texto de Galeano: só tento colocar mais lenha (ou papel, como queira) nas fogueiras, pra ver se com o tempo aprendo certas coisas.
Uma delas, que eu já aprendi - e por isso li o artigo, sem preconceito de gênero, cor religião, seja lá que papapa - é a que intolerência não é legal, e você, se vê que aqui ninguém é humano o suficiente para discutir as palavras do Olavo, bem... o que eu posso fazer?
Ver a fogueira queimar e procurar não queimar os outros assim a esmo.
Talvez eu aprenda um pouco com toda essa polêmica. Vou pensar mais um pouquinho (e me preparar para o baile).

Anônimo disse...

Cara Gisele, sua leitura apressada e desatenta fez você errar novamente.
Onde é que está dito na minha maliciosa e, confesso, perigosa brincadeira com a cabrita, que "ninguém é humano" ou você se sentir uma interlocutora "não humana", como está transcrito das suas falas aí abaixo.
Leiam o que escrevi (ao final). Ao brincar de chamar a Branquinha para discutir comigo a matéria do Olavo, APENAS salientei que os meus possíveis interlocutores humanos não estavam dispostos a ler a matéria e SIMPLESMENTE comentá-la. Era só o que eu desejei desde o início: que lessem e emitissem alguma coisa útil.
Mas aí surge um Anônimo II que não tem a menor intenção de contribuir em nada. Só estorvar. Foi o que ele ou ELA conseguiu.
Por isso, E SÓ POR ISSO, falei que precisava da Branquinha para dividir uma tarefa tão simples, que era a de discutir um assunto sério.
Veja, abaixo, Gisele, na minha fala e nas suas (já ardendo em chamas de ira ou rancor - só para usar termos ligados a "fogo" que você tanto usa). Desde a sua primeira postagem o "fogo" está presente. Nada de mais. Mas você tinha reparado?
Me desculpe Gisele por sua má interpretação (obrigado Chico Buarque, quando dizia em uma de suas letras geniais "Te perdôo por te trair).

Eis as falas citadas:

Anônimo: "SEM MAIS ESPERANÇA, DEFINITIVAMENTE, DE CONSEGUIR ANGARIAR UM ÚNICO E NOBRE INTERLOCUTOR HUMANO PRA DISCUTIR AS COISAS SÉRIAS QUE NOS AGUARDAM, DESPEÇO-ME MELANCÓLICO."

Gisele: "Não me sinto uma interlocutora não humana (veja até onde VOCÊ vai)"

Gisele novamente: "e você, se vê que aqui ninguém é humano o suficiente para discutir as palavras do Olavo,"

Um abraço sem "fogo" nem "brasa" a todos. E que possamos refletir e investigar mais sobre informações tão sérias como as levantadas pelo Prof. Olavo de Carvalho.

Anônimo disse...

É claro que entendi sua ironia cabrital. E que o fogo está presente em minhas falas. Vai ver que ando ouvindo muito Vitor Ramil

("Não é céu sobre nós
Dele essa noite não veio
E muito menos vai o dia chegar

Se chegar, não é sol
Quem sabe a luz de um cigarro
Que desaba do vigésimo andar

É fogo, mora
Deixa essa brasa descer lá fora
Deixa o mundo todo queimar

(...)

Não é céu sobre nós
Se fosse o céu que se conta
Não seria a ponta acesa a brilhar

Se brilhou, não é sol
Se fosse o sol desabando
Nem meu quarto ia poder te salvar

É fogo, mora
Gente na brasa a gritar lá fora
Só nos falta Nero cantar

(...)

Não é céu sobre nós
Não vimos noite passando
E essa luz não fez o galo cantar

Se cantou, não é sol
Dia nascendo normal
A gente acorda e não costuma gritar

É fogo, mora
Deixa essa brasa sumir lá fora
Deixa o galo nos acordar")

Estou pensando ainda (a precipitação é um defeito de temperamento - que preciso corrigir - e certamente atrapalha o raciocínio, obrigada por lembrar. É o que eu disse, falando e aprendendo...).

Mas ainda queria perguntar algo: no final do texto o Olavo diz: "Por enquanto, a multidão ainda não atinou com a unidade estratégica por trás de mutações catastróficas de escala global que aparecem na mídia idiota como frutos espontâneos da metafísica do progresso."
Lembro de ter falado também de como seria interessante que mais pessoas pudessem ter acesso às informações trazidas. Como será que Olavo pensa numa possível "tomada de consciência" da multidão?

Anônimo disse...

Gisele, continuamos no espaço livre de "Jornalismo local" - última postagem do Prof. Ronai. Aqui se tornou incômodo transitar. Este "cômodo" do blog acaba de sofrer uma intervenção.
Vamos ver a questão que você levantou sobre "consciência" no texto de OC.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Em primeiro lugar, desculpem por meu português que tem sérios defeitos formais e ortográficos. Obrigada Ronai por me incorporar em teus links, e por ter visitado meu blog.
Esteve lendo, rápido e mal, a discussão sobre “Santiago e os eucaliptos”. E vou opinar muito brevemente. Neste momento, como alguns saberão, o Uruguai enfrenta-se com a Argentina porque há um projeto de construir fábricas de papel para exportar. A Argentina está contra o projeto porque as fábricas contaminam. O Uruguai defende o direito ao emprego e ao investimento. Parece não haver termo meio: papel que não contamine e emprego. Porque o papel tem que ser branquinho... não pode ser um pouco menos branco. E para fazer o papel branco, no século XXI, temos que contaminar. As pessoas que defendem suas terras enfrentam um problema semelhante, elas não podem preservar seus espaços e tradições porque, no século XXI, no podemos fazer uma mediação razoável para que os direitos de todos sejam cumpridos (e penso, é claro, nos direitos sociais, econômicos e culturais). Eu não defendo as medidas de força. Acho que deve se responder a elas primeiro mediando (dialogo) e se não for possível por meio da força devidamente controlada. E se Woody Allen e o Prof. Aguinaldo vão com seus “tacos de beisbol para rachar (...) crânios” acho que temos que enviar eles na cadeia. Não aplaudo a “selvagens depredadores”, mas também não aplaudo “rachadores de crânios”. E para as duas coisas há legislação: podemos punir aos depredadores e aos rachadores. A razão pela qual muitos como eu, liberal, defensora dos direitos individuais e do patrimônio da cultura, etc., temos que ser razoáveis e ser muito cautos com a analise das reações dos mais prejudicados pelo capitalismo (que tem conseqüências ruins, e isso ninguém pode negar-lo) e porque não temos justiça que aplique-se a eles. Qual é a justiça que defenderá as mulheres do MST e da Via Campesina? Quem vá a garantir o devido direito deles de escolher a forma de vida que considerem boa? Ainda não temos uma justiça para eles. Sim, temos garantias para que o Woody Allen não seja perseguido por nazistas e para que o Prof. Aguinaldo não tenha que ir ele a defender o campus (o campus tem policia). Eles podem desenvolver o tipo de vida que consideram boa. E temos mecanismos para evitar que o MST devaste a Universidade e para que os nazistas não matem judeus. (Tudo pode falhar, mas esse não é ponto). Não temos mecanismos para que a justiça chegue às mulheres do MST e da Via Campesina. Eu não são fã do Galeano, mas o discurso dele faz sentido, porque denuncia algo que qualquer ser humano engajado com a justiça tem que levar a serio: o fato de que a justiça ainda não é para todos.
Não foi tão breve... deformação professional.
Abraço!