quinta-feira, maio 25

Ô deputado, garfearam o elevador do 74!


O semestre começou, por fim.
Amanhã termina o curso do Prof. Tugendhat. Cláudio e José fizeram das tripas coração e devem inclusive entregar os certificado amanhã de tarde mesmo. Quem quiser o texto das palestras que ele deu aqui, sobre Antropologia e Eutanásia, também pode conseguir com os organizadores.
Nos links ao lado acrescentei os endereços dos blogues das disciplinas desse semestre, Filosofia e Ensino de Filosofia e Filosofia da Linguagem.
Segunda-feira, se tudo correr bem, o Mora volta ao normal.
Cheguei hoje no 74 por volta das três da tarde. Um grupo de estudantes ia descendo as escadas, saindo do corredor do terceiro piso. Uma aula que terminava cedo, pensei. Um deles, uma moça de óculos, descia dos degraus com duas muletas. Caminhava com segurança, ao ponto de poder notar que eu fiquei olhando para ela, olhando para as muletas, olhando para a perna encolhida da moça de óculos, e olhei de novo para ela, como se eu fosse dizer alguma coisa. Ela pareceu ter percebido, mas eu fiquei quieto, me distraí com um colega dela que dizia, "prédio bom esse, olhem só para a largura dessa escada", e ela descia, hábil com as muletas, e eu fiquei com a frase atravessada, e se ela precisasse não de muletas, mas de uma cadeira de rodas, como ficaria? e a frase era, está ali, moça, o poço do elevador do prédio novo, o velho Tuga também bufou nessas três semanas, mas que fazer, cadê o elevador, cheio de placas de inauguração, o 74, são três ao todo, agradecimento para deputado, placa para reitor, banheiro para deficientes em todos os andares, mas de que jeito os cadeirantes sobem? A moça desceu os degraus do terceiro piso, o rapaz continuou deslumbrado com a largura do corredor e eu fiquei lembrando da campanha para a reitoria da ufesm. No ano que vem, se o velho Ernesto não melhorar de forma, não vai poder subir no terceiro piso do 74. E se a moça estivesse de cadeira de rodas, de que vai adiantaria a largura dos nossos corredores? O dinheiro para o elevador, onde foi parar?

3 comentários:

Anônimo disse...

É isso mesmo Prof. Ronai. Eu já havia percebido esse detalhe. É interessante como pode haver sinalizações e até mesmo espaço diferenciado para essas pessoas que necessitam de acomodações diferenciadas, não sendo oferecidos as condições necessárias. Mas espera-se quem sabe, futuramente nosso prédio com as atuais condições completas.

Anônimo disse...

e eu tenho uma pergunta, mas é sobre a administração: porque os banheiros (alguns) ficam trancados?

Anônimo disse...

O Estado não tem "pessoa". O Estado é uma pessoa oculta. Um oculto que recolhe tudo que todos produzem e procura administrar a fábula de bens auferidos e transformar "quase" tudo em bens e serviços que dêem conforto dobrado a todos.
Mas o Estado só é pessoa neutra, pessoa oculta, fantasma, porque o "quase" do tudo Ele açambarca e redireciona para "banquetes" bancários particulares.

Mas cada vez que encontramos uma obra de pé (como o 74), aparece na placa da obra um nome. É! Curiosamente o Estado deixa de ser anônimo ou sombra. Essa obra tem um nome "Emenda parlamentar do dep. fed. César Schirmer".
Quando é que ESSA COISA muda, quando é que fazer política deixará de ser concupiscência pura.
Olha, haja saco pra ser cidadão neste Brasil sem vergonha.

E é porque as coisas são feitas da forma indecente como são feitas, com a cretina propaganda escandalosamente se justapondo a toda sensatez e coerência da técnica, da obra e suas necessidades, que falta um elevador.

Ninguém, meu deus, ninguém dentre os responsáveis (imaginem quanta gente envolvida numa obra dessas) ninguém, pelo menos em nome da pessoa nominada na placa da obra, ninguém é capaz de EVITAR tamanha aberração que é ignorar que os cadeirantes (e outras necessidades físicas), por exemplo, precisam chegar ao 3º piso do prédio.

É duro! É duro viver neste país. É duro ser cidadão e suportar a baixeza, a desqualificação da grande maioria dos nossos representantes.