quinta-feira, junho 29

quarta-feira, junho 28

O BRAÇO CURTO DO PODER PÚBLICO

Delmar Bressan*

Está em curso no sul da América uma rumorosa polêmica tendo como epicentro uma essência florestal de origem australiana, o eucalipto.
Introduzida no Brasil em maior escala no alvorecer do século XIX e destinada à produção de lenha para as locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a espécie transformou-se no ícone do atual modelo de plantios extensivos para produção de celulose e papel.
Na situação mais próxima em exame – os plantios na metade sul do Rio Grande – as contradições e insuficiências são visíveis. Entre elas, observa-se, desde o princípio, uma inversão da ordem lógica das coisas, determinada pela dificuldade crônica dos agentes estatais de planejar o desenvolvimento regional e, a partir daí, de antecipar-se às demandas mediante a fixação de regras claras e duradouras.
Ao poder público, independente do governo em exercício, cabe planejar a ocupação do espaço territorial sob seu domínio e, por conseqüência, definir previamente as posições geográficas que apresentam potencial para receber as diferentes alternativas econômicas. Para o caso em foco, é possível adotar, por exemplo, as divisões hidrográficas como referência espacial, definindo áreas preferenciais para (re)florestamento, grau aceitável de transformação da paisagem, zonas de proteção previstas na legislação etc.
Além do ordenamento territorial, será sempre conveniente, à parte os já repetitivos estudos de impacto ambiental, exigir o desenvolvimento paralelo de pesquisas científicas – feitas por grupos independentes e financiadas por instâncias públicas – capazes de esclarecer o efeito das florestas de eucaliptos sobre a água, o solo e a biodiversidade regional, além de suas repercussões na estrutura fundiária e nas relações de trabalho. Se não existirem tais investigações, ficaremos todos à mercê de informações desencontradas, que ora prevêem um caos hídrico na região por conta dos eucaliptos beberrões, ora vaticinam a redenção econômica do sul decadente. Um pouco de ciência e de bom senso não fará mal a ninguém.
No entanto, o braço estatal, nesses tempos bicudos, anda curto. E tende a ficar cada vez mais curto, diante da “fuga iminente” de investimentos. Sendo assim, a definição destes regramentos, até onde se pode vislumbrar, passa a ser feita ou influenciada pelos interesses empresariais. Basta ver o modelo de aquisição de glebas de terras adotado por parte de empresa multinacional e o choque previsível com a Constituição brasileira que dificulta a concentração fundiária nas zonas fronteiriças em mãos estrangeiras. Ou ainda as sutis tentativas de cooptar setores do meio acadêmico e do parlamento estadual para obtenção de algum tipo de salvo conduto.
As críticas pertinentes à origem da espécie representam segregação duvidosa. Sem desconsiderá-las, há outras questões decisivas: o modelo de ocupação dos amplos espaços regionais, as pesquisas com o selo e o zelo públicos e o monitoramento das transformações socioeconômicas advindas das florestas implantadas em meio aos outrora gloriosos campos sulinos.

* Professor da Universidade Federal de Santa Maria

segunda-feira, junho 26

Fauna do Campus (I)


No entardecer da sexta-feira, nas proximidades do Prédio 74.

Postagens


Saiu uma fornada nova de postagens para a disciplina "Filosofia e Ensino de Filosofia". Elas estão numeradas, e tratam do tema da primeira unidade, que diz respeito ao problema da caracterização da Filosofia. De todas elas, a que mais me comove é um trecho de Sêneca, de uma carta que ele escreve para consolar uma nobre senhora da sociedade romana (Calígula era o imperador daqueles dias...) que havia perdido o filho, na flor dos anos. A passagem está numa das raras traduções de Sêneca para o português, nas "Cartas Consolatórias", publicada por uma obscura editora chamada Pontes, em 1992. A "carta consolatória" foi um gênero literário típico desse período, mas que perdurou por um bom tempo. Acho que ainda hoje faz sentido. Afinal, tem mãe que perde o filho, e tem filho que perde o rumo.
Na foto, Sêneca, que foi preceptor de Nero, posteriormente seu algoz.

terça-feira, junho 20

"O braço curto do poder público"

Delmar Bressan, na Zero Hora de hoje, retoma o tema dos eucaliptos, "ícone do atual modelo de plantios extensivos para produção de celulose e papel", com um artigo, na página 17 que tem o título que transcrevi acima. Bressan toca em feridas das quais pouco se fala, entre as quais a falta de pesquisas independentes sobre certas aludidas conseqüências do plantio da segregada australiana. Para quem não sabe, Delmar Bressan é professor do Departamento de Engenharia Florestal e editor da revista Ciência & Ambiente, aquela que, segundo algumas línguas, ia durar dois ou três numeros e se converteu, depois de trinta e duas edições numa referência conhecida em todo o Brasil.

sábado, junho 10

Carta de Londrina em favor da Filosofia

O encontro sobre Ensino de Filosofia, realizado recentemente em Londrina, decidiu por um manifesto em favor do ensino de Filosofia, como parte dos movimentos de pressão para a institucionalização do mesmo. Luis Valério postou a carta de Londrina no comentário do post abaixo.

quinta-feira, junho 8

Bloomsday

Tomo a liberdade de reproduzir o convite que recebi de Mestre Guina:

A CESMA, Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, e o Ponto de
Cinema, convidam você para comemorar Bloomsday Santa Maria 2006.

Bloomsday 2006 Santa Maria – RS (BRASIL)

"Bloomsday: the day on which James Joyce's masterpiece Ulysses is set"

16 de junho de 2006
Leituras, Filmes, Música, Arte, Poesia e Prosa
(tudo com um leve tempero Joyceano)

Sexta-feira, 16.06.2006 as 16:00 horas
Centro Cultural Cesma
Rua Professor Braga, 55
97015-530 Santa Maria - RS (Brasil)
fone: +55 55 3221.9165

Sexta-feira, 16.06.2006 as 18:30 horas
Ponto de Cinema Bar
Rua Ângelo Uglione, 1567
97010-570 Santa Maria - RS (Brasil)
fone: +55 55 3221.8800
http://amseverino.sites.uol.com.br/bloomsday.html
bloomsday.santamaria@gmail.com

terça-feira, junho 6

Praxis


Ontem foi inaugurada a nova sede do Praxis. O que eu sabia do Praxis era muito pouco. Alguns alunos do Curso de Filosofia participavam dele, e comentavam sobre as aulas de Filosofia, que faziam parte do mesmo. O Praxis era apresentado como um "cursinho pré-vestibular" popular, e funciona faz já vários anos. Andei pelo quarto andar, visitando as salas, para fazer umas fotos. O que vi me deixou impressionado. Segundo contam, ao redor de quinhentos alunos da UFSM, das diversas licenciaturas, já participaram. Vi gente de todas as áreas, de Matemática a Artes. O que mais me chamou a atenção foi o entusiasmo dos "professores". Não, os alunos também me pareceram muito contentes. A foto ali é do grupo de estudantes=professores da área de Letras. Não coloco uma dos alunos porque deu pane no meu hagadê e estou sem espaço para as fotos. Segundo me contou a Gisele, os alunos da Filosofia andam meio encolhidos na participação.