terça-feira, março 28

Filosofia no Vestibular (II)

Serão ao redor de quinze perguntas de Filosofia, feitas no último dia do vestibular, junto com a prova de Redação. Essa parece ser a decisão da Coperves, a ser oficializada em breve. Para o próximo Janeiro.

segunda-feira, março 27

A democracia dos outros

O Prof. Paulo, ex da Ufesm, convoca as lideranças bocamontanas no Jornal "A Razão" de hoje para uma mobilização "para a defesa da manutenção da coordenação atual das atividades locais e da qualificação" e etecetera e tal, do Inpério, isto é, as atividades satelitais que ocupam aquela formosura de prédio que fica na direita de quem entra no campus. Expliquemos assim, no curto e grosso vernáculo: desde que o primeiro rabisco no papel foi feito o coordenador do Inpério é o mesmo. Registre-se que o dito cujo parece ser um gênio no assunto e nem a menor das minhas vírgulas questiona a competência do atual coordenador do Inpério. O porém é o seguinte: na democracia dos outros, vai tudo; na nossa, é diferente. O Prof. Paulo Jorge diz que a intenção da direção do INPE de substituir o coordenador da direção da subnidade local é uma regressão, é calar a voz da grande liderança das antenas, mesquinharia, etc. Eu, que nunca botei meus pés na tal da subunidade, mas que já tive que engulir as perguntas sobre afinal o que faz tanto vidro preto e tão pouco movimento (sem falar no panfleto recentemente publicado por uma casa editorial local, onde o que se lê são as loas de praxe a preço da praça) tenho uma perguntinha que é a de muitos: afinal, que instituição republicana é essa que tem o mesmo diretor faz uns bons - por baixo - dez anos?
Antes que me recriminem por falta de memória, eu me corrijo. Faz mais tempo, eu sei. Mas vamos dar um desconto. Dez anos de mandato equivalem a dois reitorados e meio. Que tal a gente ter um mandato dessa idade sem frescuras de eleição, nem direta, nem indireta? Já teve um caso importante na boca, eu sei, mas os tempos supostamente seriam outros.
Eta Prof. Paulo! Com todo respeito, uma no cravo e outra no bom senso da gente!
E o que dizer da coisa mesma, antenas e quetais? Com esses panfletos coloridos que começaram a circular por aí, quem somos nós para contestar, não é mesmo?

quinta-feira, março 23

Prof. Koff


O Prof. Koff assume a direção do CCSH na sexta-feira, dia 24 de março, às 10.30 horas. É o primeiro Diretor do CCSH que vem do Campus. A Professora Darcila não conta nessa lista, pois era do Campus mas já tinha se mudado para o Centro quando assumiu a Direção.
O campo, como se sabe, assusta algumas pessoas. Meio aberto demais, aquela coisa de alma que se sente confrangida diante dos horizontes. Armindo Trevisan, numa conversa pessoal, no dia em que fez sessenta anos, numa festa perto da praia, disse que gente como a gente, nascida nos entreveros de coxilhas e bocas do monte, costuma ficar com o peito meio assustado diante dos vazios da geografia da praia, aquelas lonjuras no olhar. A pobre alma do vivente se esvai diante das planura. Assim.
O CCSH, com um pouco de sorte, vai crescer no campo.
São meus votos.
Boa Sorte, Professor Koff.
A foto é de hoje de tarde, da minha janela, no terceiro andar do prédio 74.

Arthur Danto


Se nada há de Martha Nussbaum nas prateleiras, o mesmo não se pode dizer agora de Arthur Danto. Ele é um dos maiores filósofos, ponto. Escreveu um belo conjunto de livros sobre temas fundamentais da filosofia – ação, conhecimento, história, ética, mente e corpo; escreveu também um excelente livro de introdução à filosofia, Conexões com o Mundo, do qual traduzi alguns capítulos para uso em aulas. Seus últimos livros são todos na área de filosofia da arte, no entanto. Saiu agora, pela Cosacnaify, “A transfiguração do lugar comum”, traduzido por Vera Pereira. Não conferi se a Cesma já recebeu. Pode ser comprado na condição de um clássico contemporâneo, indispensável para a gente ter o panorama das discussões sobre o sentido da arte, em especial a partir das “instalações”. Em Santa Maria, um leitor fiel, quase um viciado, é o Prof. Casanova, do CAL.

quarta-feira, março 22

Filosofia no Vestibular

Muita gente pergunta sobre a presença de Filosofia no Peies e no Vestibular da UFSM. Vamos recapitular. Nos dias 22 e 23 de outubro de 2003 houve uma reunião da comissão de programas do Peies, da qual participou um representante do Departamento de Filosofia da UFSM e professores que representavam as diversas regiões do Peies. Esse grupo de professores elaborou um conjunto de quinze itens, como sugestão de um programa para Filosofia. Essa sugestão foi revisada por um grupo interno da Coperves, que manteve o espírito da coisa; no dia 27 de fevereiro de 2004 foi homologado, pela Coperves, o novo curriculo básico do Peies, que incluiu esses tópicos para a terceira série. Assim, em 2004 começou a contagem, que chega agora ao terceiro ano. Conclusão: em 2006, nas provas finais do Peies, está prevista a presença de uma avaliação em Filosofia. E em 2007, no Vestibular, idem. É isso, não?
Tanto quanto eu sei, os cursinhos já estão em plena temporada de contratação de professores, e em plena elaboração de apostilas.
Quem entrar no sítio da Coperves vai ver até uma enquete sobre se é bom ou ruim a tal de filosofia no Peies. Até hoje tem uns 1300 votos, e o ruim está ganhando de relho. Esse mundo não é fácil!

terça-feira, março 21

A Sra. Martha Nussbaum


Uma aluna escreveu pedindo uma dica de leitura sobre as relações entre filosofia e literatura. Eu mesmo, como diria o Mestre, leria o livro da Sra. Martha Nussbaum, Justiça Poética (Poetic Justice, 1996). Ocorre que o bom do livro somente está disponivel em inglês e em uma quase inacessível tradução para o espanhol. Vale tentar. Em espanhol: Justicia Poetica. La Imaginacion Literaria y la Vida Publica. Barcelona, Ed. Andres Belo, 1997. Há um outro estudo dela sobre o tema publicado em Estudios de Filosofia 11, Medellin, de fevereiro de 1995.
Martha Nussbaum é um desses vazios inexplicáveis nas editoras brasileiras.

domingo, março 19

I'll be back


A discussão sobre a santeria me deixou meio pensativo. Uma das postagens falou na questão do fetiche das bugigangas de consumo, e aquilo me cutucou. Continuo mantendo meu ponto de vista, mas acho que ele pode ser mais bem caracterizado; fiquei a semana toda tentando achar um gancho para voltar àquele ponto em especial. I'll be back, com uma boa dose do velho Jack. Abro o saloom em breve. Obrigado pela provocação, e um abraço.

quarta-feira, março 8

Cursos pagos

Deu hoje no Diário de Santa Maria: "Justiça proíbe novos cursos pagos na UFSM." Mas Ufesm vai recorrer, diz a matéria. Uma autoridade da mesma diz que esses cursos não visam lucro e que até ajudam a manter os cursos de pós-graduação não-pagos. O negócio funciona assim: diz-me onde tem desses cursos pagos que a gente fica sabendo onde o espírito de Humboldt foi expurgado.
Por falar em noticias, o Morana deu a notícia na semana passada. O Diário, hoje. Mas até agora a página da Ufesm não tá nem aí.

segunda-feira, março 6

Um bom bastão

Quando eu crescer

Quando eu crescer quero fotografar como meu sobrinho Gabriel. Vejam no Vertigo (link ao lado) o que saiu do Inferno na maquininha dele, uma coisinha de nada. O que ele não contou é que o assado da fotogênica ovelha foi um clássico do gênero.

Equipe


Outros membros da equipe: Pedro e Laura filmando Alcíbio. Nem ele, que parece ter parentesco com cabrito, dispensa o bastão para andar nas pedras. Assim fica o aviso para os convidados; podem ir providenciando um bom bastão para as caminhadas. Em tempo: vendo um Focus Ghia, 2001, bom de tudo, malvadão. Nunca fez trilha!

Os cactos


Os cactos do Rincão são um espetáculo à parte. Aqui, a flor de um deles, visitada pelas lichiguanas.

Geologia do Inferno


Clarice comenta sobre as rochas conglomeradas do Rincão. Benvinda, Clarice. Não entendo do assunto, mas lembrei do livro do Padre Balduíno Rambo, S.J., "A Fisionomia do Rio Grande do Sul", que tenho numa edição da Livraria Selbach, de 1956. A região ali é a da Serra do Sudeste, e ele diz: "A natureza geológica da Serra do Sudeste é sintetizada numa unica palavra: GRANITO." E ali o viajado padre se estende por páginas e páginas sobre o granito, suas formas de solidificação, sobre as idades geológicas. Ele escreve na página 95: "No vale do Camaquão (sic), ao sul de Caçapava, as condições geológicas forneceram o material de construção para a paisagem mais grandiosa no interior do Sudeste." O padre da geografia gaúcha não economiza na descrição. Na foto dessa postagem, fica parecendo que uma das paredes como que se derramou, líquida, sobre o paredão de pedra.

A Pedra Amarela


A Pedra Amarela é um dos pontos de referência no Rincão do Inferno. Ela fica na margem leste do Rio Camaquâ, bem na beira do rio, e tem esse formato regular, lembrando uma taça de pedra. Ela marca um dos locais mais usados para acampamentos e banhos no rio. O nome vem do fato que ela tem as paredes de baixo amarelada, pois ali algumas partes caíram (100, 200 anos?) e contrastam com a parte alta, que é cinza, algo esbranquiçado. Como quase todas as grandes rochas do Rincão, é possível ir até lá na parte superior, onde se vê a arvorezinha. Descer, segundo o seu Alcídio, é que são elas.

domingo, março 5

O Rio Camaquã


Nesse trecho do Rincão do Inferno, o leito do Rio Camaquã é interrompido por enormes pedras que dificultam a passagem de canoas ou mesmo as caminhadas. Em alguns locais se formam pequenas praias. A água é extremamente limpa, pois ali quase não existem lavouras. Com um bom guia, como o Alcíbio, é possível caminhar por muitas horas por trilhas de todos os níveis de dificuldades, com pequenas escaladas. Acho que uns três dias não bastariam para explorar os principais caminhos. Faço aqui um compromisso público com alguns leitores do blogue que gostam de caminhadas, em especial Valter e Mestre Guina: levo vocês lá, é óbvio!

Trio


Dentro do rancho: Alcíbio, Onélia, a música.

O homem da pedra (Rincão do Inferno II)


Alcíbio mora num rancho de barro sobre uma gigantesca rocha do Rincão do Inferno. Ele, a mãe, a sogra e o irmão moram sobre quarenta hectares de pedra, por generosidade de uma patronagem centenária. Eles não tem a escritura das pedras. No antigamente haviam duas lavourinhas, milho, mandioca, coisas assim, do tamanho de terreninhos urbanos, localizadas em intervalos entre as pedras e repartidas com as pacas e capivaras. Os cincoenta e tantos anos de pedra e sol hoje lhe pedem atividades mais amenas, como pequenas changas para os vizinhos, criação de abelhas, algumas cabras ariscas e duas dúzias de ovelhas. Sobre o nome do local ele diz que só o nome é feio: "Isso aqui é um paraíso." A luz é uma promessa, a água brota num fio de pedra, numa cacimba a cincoenta metros do rancho de barro. Ele caminha seis quilômetros para pegar um ônibus no Cerro do Malcriado, quando tem que carregar a bateria do celular, que fica ligado duas horas por dia.
Na foto, o rancho de barro, com Nenê sesteando. Repare na vista que ele tem do Rincão. Este é um dos tantos ranchos de barro ainda ativos na região. Eu visitei outros dois, no Passo do Salso, nas proximidades das Minas de Camaquâ: o do seu João e o do seu Pedroso. Ambos tem mais de sessenta anos, moram em lugares com vistas maravilhosas. Os três são negros.

No pampa de nuvens


Nessa outra foto Gabriel filma o lado oeste, como se estivesse procurando as bandas de Santana do Livramento.

O lado sul, amanhecendo


Gabriel filma o nascer do sol na segunda-feira de Carnaval. Ele está no lado sul do Rincão, no ponto mais alto das rochas. Em alguns dos dias do carnaval o nascer do sol se fazia em meio à intensa cerração.

Rincão do Inferno


O Rincão do Inferno é uma formação rochosa localizada entre os municípios de Bagé e Lavras do Sul. No Google Earth, informe as coordenadas 30º 51' 56.84 S e 53º 42' 36.29 W, e verá a formação. O local é uma das divisas entre os dois municípios. A área total da formação deve ocupar uns oitenta hectares, imagino eu. No verão, o rio é muito calmo e baixo, e suas águas são muito limpas. Na época de chuvas, o nível do rio sobe muito, pois a caixa do mesmo é bastante estreita na maioria dos pontos. Há um local no Rincão do Inferno no qual se pode ter um pé em cada município e o Camaquâ passando embaixo. A pessoa na foto é o Sr. Alcíbio, morador do lado norte. Os cachorros são o Estrangeiro e o Nenê.

sexta-feira, março 3

Ministério Público versus a UFSM: se a moda pega...

Devo, não nego, pago quando puder: a) retomar a conversa sobre a santeria: b) falar sobre o Rincão do Inferno e seus habitantes, etc. Por ora quero agradecer as visitas do carnaval, os comentários, a visita de Ana, e dar divulgação para um ofício que li hoje, na Ufsm, assinado pelo pró de pós-graduação, no qual ele comunica que a dita nossa Universidade perdeu a ação civil movida pelo Ministério Publico Federal contra a UFSM, sobre os cursos de especialização. Como até agora a página da universidade não noticiou o assunto, transcrevo:
"foi dada decisão em desfavor da UFSM (...). A imediata proibição da abertura de novos cursos eventuais (pagos), inclusive aqueles que estão com edital aberto ou em vias de abrir. Permitindo (sic) apenas a continuidade daqueles cursos que já estão com alunos em aula. Destacam ainda que foi fixada uma multa diária por descumprimento da decisão, no valor de RS10.000,00 (dez mil reais)."
O processo, na raiz, teve a voz dos estudantes. Os mesmos que hoje questionam a Afundação e seus desvairios pedagógicos.